Cinco trabalhadores rurais são assassinados em Pernambuco

07/07/2009

Os trabalhadores rurais João Pereira da Silva, Juarez Cesário da Silva, Natalício Gomes da Silva, Olimpio Cosme Gonçalves e Dedé foram executados no Assentamento Chico Mendes, Agreste de Pernambuco, na manhã desta segunda-feira (06/07). Erionaldo José da Silva está hospitalizado no Hospital Regional do Agreste, em Caruaru, com um tiro no braço.


Eles estavam trabalhando na construção de casas no assentamento, quando dois homens em uma moto pararam e perguntaram pelo tesoureiro. João Pereira da Silva, presidente da Associação do Assentamento, pediu que se identificassem e os homens anunciaram o assalto. Depois, mandaram que os trabalhadores se deitassem no chão e dispararam.

O assentamento Chico Mendes, na antiga fazenda Garrote, possui 660 hectares e está localizado no distrito de São Domingos, município de Brejo da Madre de Deus, no Agreste Pernambuco. Uma conquista de 11 anos de luta, o assentamento tem três anos e está consolidado com 30 famílias assentadas. Parte das famílias já recebeu crédito para produção e construção das casas.

Dos seis trabalhadores atacados, apenas João Pereira e Eriovaldo moravam no assentamento Chico Mendes. Juarez, do Assentamento Macambira; Natalício, Olimpio e Dedé, do Assentamento Lago Azul, estavam em Chico Mendes contribuindo na construção das casas.

Os corpos dos cinco companheiros mortos estão no Instituto Médico Legal (IML) de Caruaru. Até o momento, as razões das mortes não são conhecidas.

www.mst.org.br


O Estado de S. Paulo

Estadão, 08.07.2009

 

Em PE, cinco assentados do MST são mortos

Um sexto militante, ferido com bala perdida, tem nome mantido em sigilo enquanto polícia faz buscas

 

Angela Lacerda, RECIFE

 

Cinco assentados ligados ao Movimento dos Sem-Terra (MST) foram assassinados, no final da tarde de segunda-feira, quando trabalhavam na construção de uma casa no assentamento Chico Mendes, no município de Brejo da Madre de Deus, no agreste, a 164 quilômetros do Recife. Dois homens em uma moto chegaram ao local e, de acordo com o delegado que investiga o caso, Sérgio Moura, "executaram" os sem-terra. "Foram tiros letais, na cabeça", disse.

 

Os corpos serão enterrados hoje, mesmo dia em que o ouvidor agrário nacional adjunto, João Pinheiro de Souza, visita o assentamento Chico Mendes, acompanhado do procurador agrário estadual, Édson Guerra, e do delegado Sérgio Moura. As vítimas integravam os assentamentos Chico Mendes, Macambira e Lago Azul, localizados nos municípios de Brejo da Madre de Deus, Toritama e Caruaru, todos na região agreste.

 

João Pereira da Silva, 39 anos, era presidente da Associação de Moradores do Chico Mendes. Os outros quatro haviam sido contratados como pedreiros na obra que integra um projeto habitacional da Caixa Econômica Federal, com recursos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que prevê, inicialmente, a construção de dez casas. Eram eles: José Juarez Cesário da Silva, de 21 anos, Natalício Gomes da Silva, de 36 anos, José Angelino Morais da Silva, de 43 anos, e Olímpio Cosmo Gonçalves, de 65 anos.

 

Um sexto assentado – do Chico Mendes – foi atingido por uma bala perdida. Atendido no Hospital Regional de Caruaru, ele recebeu alta ontem e prestou depoimento à polícia. Seu nome está sendo mantido em sigilo, para sua segurança. Até o final da tarde, os dois assassinos eram procurados pela polícia, com o apoio de um helicóptero da Polícia Militar.

 

Embora reconheça que o assentamento Chico Mendes "está consolidado e não apresentou conflito nos últimos três anos", o MST considerou, em nota, que a chacina pode ter sido motivada por uma eventual vinculação com a questão agrária. O movimento lembra que o assentamento está localizado em uma área de muitos conflitos agrários e também não descarta a possibilidade de represália pelo assassinato de quatro seguranças da Fazenda Jabuticaba, em São Joaquim do Monte, também no agreste, por trabalhadores sem-terra em fevereiro deste ano. Seis sem-terra foram indiciados e três deles estão presos.

 

As outras hipóteses levantadas pelo Movimento dos Sem-Terra seriam assalto e vingança pessoal. O delegado, no entanto, preferiu não fazer conjecturas. "Estamos começando os trabalhos", disse ele.

 

O Globo

O Globo, 08.07.2009

 

Cinco militantes do MST são executados em PE

Movimento crê em vingança por assassinato de seguranças de fazenda, em fevereiro

 

Letícia Lins

 

RECIFE. Cinco meses após trabalhadores sem-terra terem assassinado quatro seguranças de uma fazenda no Agreste de Pernambuco, cinco militantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) foram executados no assentamento Chico Mendes, em Brejo da Madre Deus, a 204 quilômetros de Recife. A chacina, na noite de segunda-feira, deixou um outro militante ferido.

 

Segundo a polícia e o MST, as vítimas foram mortas por dois homens que chegaram ao assentamento numa moto prateada, por volta das 19h. Ao chegar, os dois anunciaram um assalto, mas dispararam as armas e fugiram sem levar nada.

 

Os homens perguntaram pelo tesoureiro do assentamento, João Pereira da Silva, de 39 anos, e atiraram. Também foram executados José Juarez Cesário da Silva, de 21 anos, Natalício Gomes da Silva de 36, José Angelino Morais da Silva, de 43, e Olimpio Cosmo Gonçalves, de 65. Erionaldo José da Silva foi atingido no braço.

 

De manhã, o coordenador-regional do MST, Jaime Amorim, disse não acreditar em conflito agrário, e atribuiu o crime a uma vingança pessoal. À tarde, porém, disse que as mortes podem ser uma vingança pela chacina de São Joaquim do Monte (PE), em fevereiro, quando os jagunços da fazenda Consulta foram mortos a tiros por sem-terra.

 

Ministério manda ouvidor do Incra ao assentamento

 

Os corpos serão sepultados hoje em Surubim, Caruaru e Brejo da Madre Deus, no Agreste, onde são comuns conflitos de terra. O secretário-executivo da Defesa Social, Cláudio Lima, informou que o policiamento na região foi reforçado. O delegado Sérgio Moura ouviu duas pessoas, inclusive o sobrevivente. Moura disse ter sido atingido por uma bala perdida e afirmou não ter dúvidas:

 

– Foram tiros de execução, disparados para matar.

 

O Ministério do Desenvolvimento Agrário informou que designou o ouvidor nacional adjunto do Incra, João Pinheiro de Souza, para acompanhar o caso. Ele chega hoje a Recife e de lá vai para Brejo da Madre Deus, em companhia do promotor agrário estadual Edson Guerra.

 

 

Folha de S. Paulo

Folha, 08.07.2009

 

Polícia descarta conflito agrário em chacina de PE

DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

 

A Polícia Civil suspeita que a chacina ocorrida anteontem num assentamento do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) em Pernambuco foi motivada por vingança, sem ligação com questões agrárias.

 

O crime ocorreu em Brejo da Madre de Deus (a 215 km de Recife), no assentamento Garrote. Cinco lavradores foram baleados por dois homens não identificados que estavam em uma moto.

 

O coordenador do MST-PE, Jaime Amorim, sugere que o crime pode estar ligado ao assassinato de quatro seguranças da fazenda Consulta, mortos em confronto com membros do MST em fevereiro.