LA VOZ DE LA IZQUIERDA DEL PT

São Paulo, junho de 2002
LA VOZ DE LA IZQUIERDA DEL PT
Manifesto aos militantes do Partido dos Trabalhadores

 

Lutar para mudar a vida: nas eleições e nas ruas!
Oito anos de FHC em Brasília destroçaram o país.

A tão falada "estabilidade" da economia simplesmente não existe. Desemprego recorde desde 1985, fuga de capitais, concentração de renda acentuada, falta de investimentos em áreas vitais como infra-estrutura, saúde e educação mostram que, mantido o atual rumo, o país caminha em marcha acelerada rumo à mais completa desagregação social, prenunciada pela verdadeira calamidade na área da segurança pública, com a violência inaudita que vitima em primeiro lugar a população pobre dos grandes centros urbanos.

O governo atual cortou fundo em áreas sociais, para obter um superávit primário de R$ 8,97 bilhões, destinado ao pagamento de juros aos credores da dívida pública. Aumentam as remessas de lucros, caem os investimentos produtivos e o fluxo de capitais. Os juros aumentam para atrair capitais, a dívida interna cresce e novos empréstimos são contraídos com o FMI.

Nos próximos meses, a crise decorrente deste modelo econômico assumirá formas cada vez mais agudas e colocará nosso partido frente ao seu desafio histórico. O país está mergulhado numa luta de classes colossal, pela importância do Brasil na economia mundial e pelo papel de completa subordinação que os EUA querem nos reservar na nova ordem mundial que vêm tentando impor ao mundo à força dos dólares e dos canhões.

Basta ver a situação de polarização econômica, política e social da América Latina. Temos visto a bancarrota Argentina e a resistência de seu povo. Ao lado, no Uruguai, a tendência é a mesma. No Peru, por sua vez, o povo que tomou as ruas para derrubar Fujimori, agora toma as ruas novamente contra as privatizações defendidas por Toledo, o novo presidente que em menos de um ano tem 80% de rejeição popular. Na Colômbia e na Venezuela, a burguesia e os EUA tratam de derrotar as lutas do povo e manter estes países sob sua tutela, alimentando o militarismo do Plano Colômbia e as tentativas golpistas.

Para romper com este círculo de ferro, é preciso vencer as eleições 2002 e realizar um governo de "ruptura com o atual modelo econômico, fundado na abertura e na desregulação radical da economia nacional e na conseqüente subordinação de sua dinâmica aos interesses e humores do capital financeiro globalizado", palavras iniciais do documento "Concepção e Diretrizes do Programa de Governo do PT para o Brasil", resolução do último encontro nacional.

Neste cenário, o PT deve forjar uma firme unidade com os movimentos sociais, com os lutadores do campo e da cidade, com os partidos que têm claro e inequívoco compromisso com as nossas mais caras tradições e com o nosso passado histórico: o socialismo, a democracia, a honestidade e a retidão no exercício do poder público.

Não é por acaso que a base do PT rechaça com veemência a coligação do PT com o Partido Liberal, partido de direita, abrigo de setores ideologicamente reacionários, corruptos e também do que há de mais retrógrado no movimento sindical brasileiro acantonado naquele partido ao lado de grandes empresários como o senador José de Alencar, que defendeu a participação do Brasil na ALCA e a continuidade da atual gestão do Banco Central.

Partido de direita, surgido de uma ruptura do PFL, o PL é composto por Deputados fisiológicos, aliados de inimigos históricos da classe trabalhadora em inúmeros Estados, como Collor em Alagoas, ACM na Bahia, Paulo Maluf em SP, Almir Gabriel no Pará, entre tantos outros.

O PT nas ruas, com um programa claro de ruptura com a ordem que impõe a fome e o desemprego a milhões de trabalhadores é a principal ferramenta que os trabalhadores e o povo têm para mudar a vida! De nossa parte seguiremos defendendo todas as bandeiras históricas de nosso Partido. Continuaremos chamando as coisas por seu nome: os inimigos de inimigos; Luis Antônio Medeiros e a Força Sindical de arqui-pelegos; José de Alencar de empresário defensor das mudanças na CLT e contrário aos interesses dos trabalhadores; o PL de partido de direita. Continuamos, portanto, rejeitando esta aliança.

A adaptação à lógica eleitoral que a maioria da direção do partido vem impondo, conduz nosso partido a uma situação insustentável. Queremos ganhar as eleições, mas não a qualquer custo nem abdicando de posições fundamentais que nos constituíram enquanto sujeito histórico nestas últimas duas décadas.

Queremos ganhar para mudar de verdade, para impulsionar grandes transformações em que os trabalhadores e o povo sejam sujeitos do processo, porque esta é uma necessidade histórica da hora que vivemos.

Entendemos, pois, que esta aliança atenta contra o patrimônio político construído pelo partido, os valores e a sua coerência reconhecida pela sociedade brasileira. Por isso, continuaremos a disputar a direção desse projeto histórico dos trabalhadores. Apesar de todos estes atropelos e políticas incorretas seguiremos com Lula construindo uma campanha de massas e combativa para derrotar a política neoliberal de FHC. Mas somos defensores da ruptura com ele, do enfrentamento ao latifúndio, ao FMI, aos banqueiros, às grandes corporações capitalistas. Para isso lutamos e para isso seguiremos. Por isso nos dirigimos a você: para que se junte a nós.