BREVE ANÁLISIS DE LAS ELECCIONES

BREVE ANÁLISIS DE LAS ELECCIONES
Secretaría Nacional MST

 

O povo votou contra o modelo das elites e FHC

Passado o primeiro turno das eleições, todo mundo está fazendo suas avaliações sobre o que povo disse nas urnas. A campanha foi pouco politizada, ou seja, em geral os candidatos não debateram projetos para o Brasil ou não analisaram as verdadeiras raízes dos problemas da sociedade brasileira – a prioridade foi o uso da televisão para os candidatos majoritários – com os marqueteiros preferindo conquistar a emoção dos eleitores e não a razão. E isso contribuiu para a despolitização e para a desmotivação da população em geral com o processo eleitoral. Os candidatos proporcionais inundaram os postes e fizeram muitas reuniões nos setores sociais que os apoiam. E, na reta final, a militância social entrou de cheio na campanha, conseguindo, em muitos Estados, alterar os resultados da eleição para governador e para senador. Este fato os institutos de pesquisa não detectam. Eles sempre se "esquecem" de combinar suas previsões com o povo!

Vitória da esquerda

Apesar deste cenário, o resultado das eleições foi uma vitória da oposição. Uma vitória da esquerda. No geral, 76,8% dos eleitores votaram nos candidatos a Presidente que faziam oposição ao atual modelo. Ou seja, o modelo econômico atual, o neoliberalismo e o governo FHC foram amplamente derrotados! Portanto, Lula já vai vitorioso para o segundo turno; só um milagre pode conseguir convencer os eleitores de oposição a acreditar no Serra. Até os empresários comentam na grande imprensa que, desse jeito, seria melhor Lula ter ganho logo no primeiro turno. Assim, ele teria mais tempo para montar sua equipe e acalmar o mercado.
Nos Estados, também houve vitórias expressivas da oposição e da esquerda. O PT passou de 8 para 14 senadores. Teremos nossa querida Serys, tão perseguida no Mato Grosso, como Senadora da Republica. E a bancada subiu de 58 para 99 deputados federais. Será a maior bancada da Câmara, que, se honrada a tradição, dará ao PT também a Presidência da Câmara dos Deputados. Entre os candidatos a deputado federal, não só o PT, mas também os candidatos de esquerda foram vitoriosos. A esquerda partidária recupera o fôlego. E nós do MST, também podemos sair satisfeitos; praticamente elegemos todos os candidatos que apoiamos nos Estados. Assim, reforçamos nossa bancada na Câmara Federal , onde praticamente teremos pelo menos um deputado federal por Estado. E, em quase todos os Estados, elegemos deputados estaduais que nos apoiam. Passada a euforia dessa vitória eleitoral no primeiro turno, devemos continuar mobilizados para garantir a vitória de Lula no segundo turno. E depois, a partir de novembro, nos debruçar sobre os graves problemas de nosso país que a campanha eleitoral preferiu não debater.

Voltaremos à realidade

Precisaremos enfrentar os graves desafios da dependência externa, da imposição da Alca, da OMC, da dívida externa, da espoliação coletiva promovida pelo capital financeiro, do latifúndio, do monopólio dos meios de comunicação e das mazelas sociais que nosso povo enfrenta. Tudo isso exigirá um verdadeiro reascenso do movimento de massas para pressionar por mudanças reais e garantir que o governo Lula seja, de fato, um governo popular.
O ano de 2003 será um ano em que aflorará a crise do modelo. E exigirá grandes mudanças. Mas só encontraremos as verdadeiras soluções se o povo brasileiro se mobilizar. Esta é a nossa verdadeira tarefa: organizar e mobilizar o povo no campo e na cidade para garantir mudanças do modelo econômico, derrotar a Alca e o capital estrangeiro e iniciar um grande programa de Reforma Agrária em nosso país.

Elementos para refletir sobre a conjuntura política nacional

I – Vitória
1. Houve uma vitória político-eleitoral das forças populares.

2. O povo votou em mudanças. Mas continua despolitizado e não houve uma participação entusiasta.

3. A vitória eleitoral não foi fruto de um reascenso do movimento de massas, foi resultado do fracasso do modelo econômico adotado pelas elites.

4. As alianças e a forma de disputa levarão a um governo de centro esquerda.

II – O cenário
1. O modelo econômico neoliberal que subordinou nossa economia ao capital estrangeiro se esgotou em suas próprias contradições.

2. Mas o modelo deixou duas armadilhas: a dependência externa e vulnerabilidade da economia à especulação financeira – cambial; e a dependência do orçamento público à dívida interna.

3. Caminhamos para o agravamento da crise econômica a curto prazo.

4. Não há soluções fáceis, simples ou de curto prazo.

III – As perspectivas
1. O grande capital vai continuar pressionando para que não haja mudanças nem estruturais e nem significativas. Vai continuar a propor como saídas: a ALCA, a OMC, o FMI, o Banco Mundial, ou seja, maior inserção e subordinação ao capital internacional.

2. A direita que aderiu ao governo Lula (e sua imprensa) vai exigir combate e vigilância "aos radicais" do PT.

3. Será um governo de disputa e tensionamentos, num quadro de crise.

4. O governo vai negociar o tempo todo. A proposta dos setores majoritários do partido é o pacto social, abrindo mão inclusive de direitos históricos dos trabalhadores, em nome da governabilidade.

5. A esquerda, em geral, e as forças populares estão difusas e desorganizadas. Não há um quadro de reascenso do movimento de massas.

6. Lutar sozinhos sem mobilização de massas, pode levar a um isolamento político.

IV – Desafios para as forças populares
1. Produzir material didático, de todas as formas, para elevar o nível político das massas (daí a importância também de um jornal político nacional).

2. Intensificar a formação de quadros.

3. Construir uma unidade popular para evitar o sectarismo e o isolamento. Para isso será fundamental construir um movimento popular a partir dos comitês populares contra a ALCA, como fator de unidade entre todas as forças.

4. Estimular o movimento de massas, embora seu reascenso não dependa apenas de vontade política. Será necessário utilizar criativamente a pedagogia de massas, sem cair no ceticismo do "contra-tudo", e nem na ilusão de que agora tudo será resolvido.