Archivo de la etiqueta: Artículos

Análise de Conjuntura. Ponto de vista da Igreja Brasilera.

CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL
Conselho Episcopal de Pastoral  _ 14ª Reunião
Brasília – DF, 10  a 12 de maio  de 2005

Análise de Conjuntura / Maio 2005
Não é documento oficial da CNBB
Apresentação
Esta Análise tem como focos a situação política do governo Lula após a eleição
da Mesa diretora da Câmara, o impasse dos movimentos sociais em confronto com a
política econômica, e dentro das relações internacionais, a instabilidade na
América Latina. Na conclusão, destaca-se a apreciação de projetos aprovados ou
em discussão no congresso.
1. Desalento político em tempos severinos.
A eleição de Severino Cavalcanti para a presidência da Câmara dos Deputados
antecipa a campanha eleitoral de 2006. Os setores sociais representados pelo
PSDB, PFL e parte do PMDB viram-se ameaçados pelo candidato governista Eduardo
Greenhalgh, cuja biografia de militância nos movimentos sociais e apoio ao MST,
sinalizava para uma Câmara mais comprometida com a necessária transformação
social no país. Diante desta ameaça aos _donos do poder_, estes se articularam
e, tirando proveito da divisão na base governista, impuseram uma importante
derrota ao Governo Lula. A eleição da Mesa Diretora da Câmara de Deputados
sinaliza que está em vigor a tática "do quanto pior, melhor".
Na posição de Presidente da Câmara, Severino Cavalcanti pode criar muitos
obstáculos à tramitação de projetos originários do Executivo. Sua oposição
dissimulada "amarra" o Governo, que deverá "pagar caro" cada aprovação de
proposições que lhe interessem. Imobiliza-se, assim, o governo Lula nos dois
anos em que ele poderia assegurar sua reeleição. Com Lula enfraquecido, os
_donos do poder_, embora satisfeitos com a manutenção da política econômica,
poderão buscar outro nome para a Presidência da República.
Todavia, os deputados que elegeram Severino não contavam com a reação da
sociedade brasileira. A avalanche de mensagens eletrônicas contra a proposta de
aumento salarial para os deputados federais e até mesmo o dia de luto como forma
de protesto, demonstram que a sociedade brasileira não vai assistir apática ao
que acontece no Congresso Nacional.
À luz desses acontecimentos, a derrota do PT na Câmara traz de volta a questão
que por muito tempo o próprio partido se fez: _Para chegar ao poder, não se
deve antes organizar a sociedade?_ A via eleitoral foi escolhida para abrir
espaços de organização política do povo, sendo as campanhas eleitorais uma
forma de educação política. Ao priorizar a vitória eleitoral, o PT conquistou a
Presidência da República, mas, como disse Lula, não conquistou o poder. Com o
passar do tempo, vai perdendo autonomia de ação, refém de acordos e alianças
que impediram a prevista reforma ministerial e acabaram trazendo para o
Ministério da Previdência um senador suspeito de corrupção.
Tudo isso provoca desalento e descrença nas instituições políticas. Neste clima,
a mídia, instrumentalizada e dominada pelas oligarquias nacionais, tudo faz para
jogar na vala comum as instituições políticas que _ bem ou mal _ garantem a
democracia. Toda mobilização social é desincentivada, enquanto a _baixaria_ só
faz aumentar. As oligarquias brasileiras, que sempre colocaram os poderes
públicos a seu serviço _ como se o legislativo, o executivo e o judiciário não
fossem mais que postos onde alocam seus subordinados (o Brasil já foi definido
como um _Estado cartorial_), desfrutam de uma enorme autonomia e organizam-se
de modo corporativo. A cultura patrimonialista que legitima a apropriação
indevida pelas elites dos orçamentos e dos bens públicos, torna _normal_ o
funcionamento do sistema político a base de nepotismo, clientelismo, políticas
de favores e outras formas patológicas do exercício do poder, que se aparentam
aos processos de corrupção.
Exemplo desse poder oligárquico é o avanço do agronegócio na Amazônia. O
desmatamento, que foi de 20 milhões de Ha por ano entre 2001-2003, passou a 23
milhões em 2003-2004, dado que provavelmente vai repetir-se este ano. Não se
trata apenas de uma devastação ecológica (no ritmo atual, a floresta
desaparecerá em 25 anos), mas de um avanço do capitalismo, no qual madeireiros,
carvoeiros, pecuaristas e plantadores de soja aquecem o mercado de terras, hoje
negociadas até por internet. Sob o olhar impotente ou complacente do Estado, a
_terra de negócio_ vai tomando o lugar da _terra de trabalho_ dos pobres.
Seguros do seu poder, os realmente ricos  sabem que só uma forte organização
popular, vinda das bases, será capaz de quebrar esse secular sistema de
dominação, e tudo fazem para impedir essa organização, ou, quando não o
conseguem, para cooptar seus líderes. Aqui situa-se o desafio do renascimento
dos movimentos sociais.
2. O Renascimento da sociedade civil e o impasse econômico
A experiência dos movimentos sociais, ao longo dos últimos 50 anos, ensina que
somente a pressão política, social ou moral pode conquistar melhorias na sua
vida cotidiana. Desde o fim do _populismo_ varguista, quando algumas concessões
foram feitas antes mesmo que houvesse reivindicações massivas, eles aprenderam,
pela experiência de acertos e erros, que as conquistas sociais e econômicas não
são uma benevolência dos poderosos, mas concessões que eles se vêem obrigados a
fazer para se manterem no poder.
Apesar da propaganda oficial exaltar os valores do nosso povo, a prática do
governo Lula não tem valorizado a capacidade de mobilização do povo, que
esperava ser seu parceiro no projeto de mudanças. Sua prioridade política tem
sido a articulação parlamentar no âmbito do Congresso. Dadas as limitações da
democracia representativa em nosso país (a reforma política, como veremos
adiante, está emperrada) seu diálogo com a sociedade civil é restrito a fóruns,
conselhos e conferências, onde o governo mais fala do que escuta .
Isso fica evidente no que se refere à Reforma Agrária e à Agricultura Familiar.
Os movimentos sociais organizados têm consciência de que as reivindicações
populares só poderão ser atendidas quando for mudado o rumo da política
econômica, até hoje a serviço do grande capital, como mostra, com fina ironia,
o texto seguinte.

Do pau-brasil à soja: um milagre econômico às avessas
Quando da independência das Treze Colônias da Nova Inglaterra, o deputado
liberal da velha, Adam Smith (o pai Adam de todos os economistas) observou aos
pares que a perda não era trágica. Ruim seria Londres perder suas ilhas das
Caraíbas.
O Brasil tem contado com o aplauso da finança internacional por se haver tornado
uma Jamaica semicontinental atualizada. De maneira moderna, a relação externa
aprofunda progressivamente sua hegemonia sobre nossa economia e política
econômica.
Nos tempos coloniais, quando o açúcar fazia Pernambuco e Paraíba terem renda per
caput mais alta que a daqueles pobres e atrasados ianques, a _lógica_ era a da
vantagem comparativa. Hoje, é a da _integração realista e dinâmica na
globalização_ (a mesma, formulada mais sofisticadamente).
A taxa de juros continua subindo (sob pretexto de conter a inflação). Tornar o
Brasil atraente para _o mercado_ é o que se quer. O sucesso no fluxo financeiro
faz com que o dólar cujo valor real (em termos de mercadorias) seria ao redor de
R$ 3,20, esteja a menos de R$ 2,60 no mercado, tornando mais difícil a
exportação de produtos industriais brasileiros, porque encarecidos em moeda
externa.
Talvez o principal seja a opção preferencial pelo agronegócio. A cana de outrora
é soja no século XXI. Há que exportar a todo o custo e no item grãos para
alimento (sobretudo animal) o Brasil tem vantagem comparativa.
Preocupações ecológicas são atropeladas na urgência de decisões sobre
transgênicos. A floresta amazônica está sendo devastada. A prioridade à
propriedade familiar voltada para o mercado interno que se esboçava no apoio
técnico e financeiro do governo, é interrompida como _ideológica_. A direção da
EMBRAPA, que orientava as pesquisas para o apoio à pequena unidade agrícola, era
_ideológica_. _Técnico_, _pragmático_ é o serviço da EMBRAPA ao agronegócio, que
vai bem e tem sido aplaudido pelos credores.
Neste contexto, perde sentido falar da Reforma Agrária, ainda mais _ideológica_
que o apoio técnico da EMBRAPA à pequena propriedade. Por que razão _desviar_
da exportação terras que ela pode vir a usar?

Na medida em que se difunde a consciência de que o atendimento às demandas
populares requer mudança de rumo da política econômica, se torna mais difícil a
relação entre o governo Lula (que já disse, reiteradamente, acreditar no seu
acerto) e os movimentos populares. Eles precisam politizar sua base social e
elevar o nível de seu discurso, para enfrentarem os condicionamentos impostos
pela equipe econômica. Mas isso implica maior radicalização e traz o desafio de
virem a ser acusados de enfraquecer o governo Lula. Neste contexto dois fatos
são marcantes.
O primeiro foi o Acampamento Terra Livre, em Brasília, reunindo cerca de 800
lideranças indígenas _ muitos jovens _, de quase 90 povos, de todas as regiões
do país. Defenderam seus direitos constitucionais e mostraram conhecer de perto
as questões que afligem as comunidades: terra, saúde, educação, sustentabilidade
ambiental etc. Entre as principais conquistas do _Abril Indígena_ está a
perspectiva de criação do Conselho Nacional de Política Indigenista, proposta
consensual e estratégica do movimento indígena. Mesmo sabendo que os inimigos
dos povos indígenas tentarão anular essa conquista no governo federal, no
Congresso, na mídia e junto à sociedade nacional, o Acampamento Terra Livre
demonstrou o protagonismo político dos povos indígenas no Brasil.
O segundo fato é a Marcha Nacional pela Reforma Agrária, que está mobilizando
milhares de pessoas a caminho de Brasília, onde chegarão no dia 17 de maio. Ela
poderá levar o governo a resolver os problemas pendentes em centenas de
acampamentos de sem-terra esparramados pelo país, a melhorar a qualidade de
vida das famílias assentadas e também propiciar as condições para que seja
retomado o Plano Nacional de Reforma Agrária e se cumpra a meta de assentar 430
mil famílias até 2006. Mas tal êxito depende de uma grande organização, que não
é fácil quando os movimentos de massas, no seu sentido mais amplo, se encontram
fragilizados pelo ideário neoliberal, pelo desemprego e subemprego, pela
perplexidade política de suas lideranças e pela falta de um partido político
que as represente (pois o PT tornou-se um partido do governo e só um resto
ainda se alinha com esses movimentos sociais).
Por outro lado, essa radicalização dos movimentos sociais no sentido de mudar o
rumo da política econômica, pode ser capitalizada pelos setores conservadores,
que, em defesa dos seus interesses, já estão pedindo que o governo mostre sua
autoridade reprimindo-os. Exemplo disso é o aumento da violência e da repressão
contra o Movimento dos Atingidos por Barragens, como a prisão de sete
agricultores, acusados de provocarem anarquia e desordem social, em Campos
Novos _ SC, a repressão da PM a um protesto de agricultores contra a construção
da barragem de Jurumirim, em Rio Casca – MG e a operação do Exército na Usina
Hidrelétrica de Tucuruí, no Pará, para prevenir manifestações no local. Na base
desses conflitos está o fato de as empresas proprietárias não quererem adotar o
critério de terra por terra aos desalojados. Quando as famílias reclamam, as
empresas acionam a Polícia e o poder Judiciário para a repressão.
Essa criminalização dos movimentos sociais encontra eco favorável mídia, que
pinta as lideranças populares como baderneiros interessados em beneficiar-se às
custas de pobres que eles dizem representar. É nesse difícil contexto que os
movimentos sociais, apesar de tudo, renascem e se articulam, mesmo sem o apoio
do governo no qual muitos deles continuam teimosamente acreditando.
O Mutirão por um Novo Brasil, patrocinado pelas Igrejas, pastorais e movimentos
sociais associados à 4ª Semana Social Brasileira, quer retomar com vigor as
lutas de massa, na perspectiva de acúmulo das forças sociais, como caminho
viável na construção de um projeto acertado para a Nação Brasileira. Ele quer
superar o momento de desagregação da esquerda e dos movimentos de massa, e
realçar o protagonismo dos Movimentos Sociais na construção de um projeto de
cidadania ativa para o Brasil. O processo da 4ª SSB está a caminho do grande
encontro nacional em outubro próximo. O acúmulo de debates, mobilizações e
articulações, realizados em todos os estados do Brasil serão a base para a
plataforma de acordos e compromissos comuns das principais forças sociais do
País, que terão ampla participação neste encontro.
3. A inserção do Brasil no mundo
O Governo Lula montou sua política externa a partir da estratégia de conquistar
aliados os mais diversos, para buscar a superação da desigualdade nas relações
econômicas e mundiais e assim eliminar a fome e a miséria. Sua política
interna, porém, é determinada por alianças que impedem a realização dos
direitos sociais inscritos na Constituição de 1988. Essa contradição coloca em
questão se a política externa trará bases sólidas para as necessárias reformas.
As políticas do governo Lula se inscrevem num contexto internacional que, em
parte, as determina. O processo de globalização crescente reforça a
interdependência. Nenhum país pode ignorar o novo âmbito mundial na definição
de suas políticas. Lula procura reforçar a presença do país no comércio
internacional, aumentar a influência política do Brasil e conquistar certa
liderança entre os países do _Sul_ na perspectiva duma nova ordem
internacional. Esses objetivos devem ser situados no panorama internacional
atual, onde três elementos se destacam.
Unilateralismo
A última década viu a hegemonia econômica, ideológica e militar dos EUA se
reforçar sensivelmente. A _guerra geral_ contra o terrorismo (Afeganistão,
Iraque e Palestina) aumentou as tensões nas relações internacionais e a
desconfiança da opinião pública. As nomeações feitas após a reeleição do
presidente Bush não assinalam uma _distensão_ , mas sim um novo equilíbrio
mundial sob a liderança dos EUA e da China, com a Europa e o Japão em secundo
plano. Iniciativas multilaterais, como a limitação de emissão de gazes de
_efeito estufa_ (hoje inquestionável) e o reconhecimento do Tribunal Penal
Internacional, estão fora da agenda de Bush. O Brasil, que teme se opor ao
poderoso vizinho do Norte, está numa posição desconfortável, embora sua voz
tenha sido mais ouvida hoje do que nos oito anos de FHC.
Guerras
A guerra _preventiva_ ao terrorismo levou ao aumento do orçamento militar dos
EUA (mais de 400 bilhões de dólares em 2004, sem incluir as despesas de guerra
contra o Iraque e o Afeganistão) e a hegemonia dos _falcões_ em Washington. As
eleições no Afeganistão e no Iraque não criaram estabilidade política, pois a
_paz_ é mantida pelas armas. Na Palestina continua a construção do _muro da
vergonha_ para isolar a Cisjordânia e agora, também Jerusalém, apesar da
condenação pela Corte Internacional de Justiça a Israel. Na África, os
conflitos (atrás dos quais há interesses de grandes empresas) continuam fazendo
vítimas na população civil. As grandes potências têm meios para resolvê-los, mas
preferem não intervir. Já morreram, na última década, mais de 2 milhões de
pessoas. Só em Darfur, província ocidental do Sudão, 180.000 morreram nos
últimos dezoito meses e 700.000 tiveram que refugiar-se.
Miséria.
O crescimento da miséria em muitos países ficou escondido sob a ligeira melhoria
nas estatísticas da ONU, devida aos bons resultados da luta contra a pobreza na
China, e em menor medida, na Índia. Na América Latina o número de pobres
aumentou em 11 milhões nos três últimos anos. O presidente Lula tenta criar na
ONU, junto com outros chefes de Estado, um fundo contra a fome e miséria, mas
encontra pouco apoio. O Banco Mundial, o FMI, a OMC e agora o Fórum Econômico
Mundial de Davos juram lutar contra a pobreza e miséria, mas as medidas
concretas não seguem as boas intenções. A globalização financeira sem limites
nem controle só tem aumentado as desigualdades entre grupos sociais e entre
países, a pobreza, a exclusão e a miséria.
A África é o continente mais abandonado a seu triste destino: ali estão 39 dos
61 países mais pobres do mundo. Os investimentos orientam-se unicamente para a
exploração dos recursos naturais, sem beneficiar a população. As dívidas
asfixiam qualquer possibilidade de desenvolvimento. Neste contexto, os Estados
_ grande parte deles em desmantelamento _ não têm condições de lutar contra o
flagelo da AIDS, que dizima a população.
Em 1995 a ONU estabeleceu como meta reduzir pela metade a pobreza no mundo nos
vinte próximos anos. Os _Objetivos do Milênio para o Desenvolvimento_ são o
maior projeto histórico para reduzir a miséria, e sua aprovação expressa o
avanço da consciência mundial, deixando claro que _vivemos num mundo indiviso,
onde os ricos não podem mais ignorar os pobres_ (Amartya Sem). Mas seus
resultados são decepcionantes e provavelmente os objetivos não serão atingidos,
porque o _Norte Global_ (os ricos, independentemente de seu países) não vê
motivos para partilhar seus bens com o _Sul Global_ (o conjunto dos pobres do
mundo).
O contexto sul-americano
A transição democrática bem sucedida ao fim das ditaduras nos anos 1980 abriu o
caminho para a eleição de presidentes com um projeto social e democrático, em
oposição ao neoliberalismo hegemônico dos anos 1990. Essa onda reformista, que
representa a insatisfação com as conseqüências da globalização, em particular o
aumento da miséria, deu a vitória a candidatos de perfil nacionalista, popular
ou até mesmo de esquerda em muitos países da região.
Eleitos, porém, eles dificilmente conseguem promover reformas sociais e são
levados a manter a ortodoxia macroeconômica. As situações são diversas. No
Equador e Peru, Lúcio Gutierrez e Alejandro Toledo, abandonaram até o projeto
de reformas sociais. Gutierrez foi deposto por uma irreprimível onda de
protestos populares. Na Argentina, a situação caótica da economia e uma
insurreição popular latente, não deram a Kirchner outro alternativa senão
enfrentar os credores e o FMI, até agora com sucesso. No Chile e no Brasil,
Lagos e Lula prometem reformas, mas sem tocar nas estruturas políticas e
econômicas vigentes. No Uruguai, Tabaré Vázquez ainda não mostrou como se
posicionará diante dos poderosos interesses financeiros. A Bolívia apresenta
uma situação instável, pois os movimentos indígenas, bem organizados, resistem
eficazmente contra a virada neoliberal do governo. Já na Venezuela, Hugo Chávez
apoia-se na mobilização popular e promove importantes reformas sociais,
inclusive a reforma agrária e diminui o poder concentrado nas mãos duma
minoria. Não por coincidência, aumentam a hostilidade de Bush e a solidariedade
de Cuba.
Reais transformações sociais, de fôlego, não poderão acontecer sem a integração
da região. A ALCA, na qual muitos países perceberam o risco do neocolonialismo
institucionalizado, operou uma certa aproximação entre os vários países,
levando os EUA à estratégia de _dividir para reinar_. Unidos no Mercosul,
Brasil, Argentina e Paraguai _Vázquez está questionando a validade do acordo
assinado por seu antecessor _resistem à imposição norte-americana e querem
reforçar e ampliar o Mercosul para construir a Comunidade Latino-Americana das
Nações.
Cabe mencionar aqui a situação do Haiti. Um ano depois da destituição de
Aristide, o desastre humanitário e a confusão política só fazem aumentar. Os
_capacetes azuis_, sob comando brasileiro, só parcialmente cumprem sua missão.
Não conseguem impedir as violências na sociedade ou entre grupos armados, nem
preparar um ambiente favorável para as eleições gerais em novembro deste ano.
Instabilidade estrutural.
A instabilidade regional ficou evidente neste mês de abril. Na cidade de México
houve mega-manifestações em favor do seu prefeito e principal adversário
político do presidente Vicente Fox. A vitória eleitoral de Obrador parece
doravante muito provável. Na Nicarágua, o aumento do preço do transporte foi um
pretexto para muitos protestos contra a política do presidente Enrique Bolaños,
pedindo a sua renúncia.
Mas foi, evidentemente, no Equador, que o descontentamento profundo da população
se expressou mais diretamente. O Coronel Lúcio Gutiérrez, eleito em novembro de
2002, levantou uma grande esperança num país onde as condições de vida da
maioria da população, indígena, muito se deterioraram na última década. O
embargo total dos EUA sobre a economia e a maioria das instituições do país fez
que em poucos meses ele mudasse de lado. Ao nomear uma corte suprema
subserviente, desagradou às forças armadas. Buscou o apoio dos EUA, dizendo-se
o _principal aliado de G.W. Bush na América Latina_ e firme partidário dos
tratados de livre comércio. Foi condecorado pelo chefe das forças armadas
norte-americanas na AL pela imunidade conferida a suas tropas no Equador.
Cresceu a distância entre o presidente e o conjunto do país e uma nova aliança
parlamentar precipitou a crise. O povo indígena, que muito tinha contribuído
para a eleição do presidente, desceu às ruas. Pressionado pelos levantes
populares, o Parlamento depôs o presidente. Foi o terceiro em 8 anos. Ignorando
o descontentamento da população, a secretaria de Estado Condoleezza Rice instou
por novas eleições. A OEA _ voz dos EUA _ endossou a recomendação. Mas a crise
é muito profunda para ser resolvida apenas por eleições. O povo está revoltado
contra a submissão do País aos interesses estrangeiros, e o país está se
decompondo. São os movimentos indígenas que ainda mantêm uma certa coesão. Por
quanto tempo?
4. Ecos do Congresso Nacional
Uma questão crucial no Legislativo de hoje: o instituto da Medida Provisória
(MP) congestiona continuamente a pauta dos trabalhos. A MP foi estabelecida
pela Constituição de 1988 como instrumento a serviço do Presidente da República
em casos de relevância e urgência. A maioria dos assuntos das Medidas
Provisórias não têm sido, de fato, nem de relevância nem de urgência. Fazem a
transferência do Legislativo para o Executivo na função de legislar, gerando
paralisia na prática parlamentar. Os últimos governos têm abusado desta
prerrogativa. Estão em discussão propostas de novo rito de tramitação, através
de uma comissão mista. Propostas em estudo: a) já há entendimento de que é
indispensável que haja alternância no ingresso das MP – Senado ou Câmara; b) a
admissibilidade passaria a ser analisada e decidida apenas pela casa em que a
MP ingressa; c) redefinição dos prazos para a tramitação das MPs.
Projetos de leis de Bioética e afins
A votação do Projeto de Biossegurança, com todas as ambigüidades conhecidas,
deixou muitas lições para o nosso trabalho de acompanhamento aos Projetos de
lei do mesmo teor. Alguns aspectos merecem atenção:
a) O processo de votação revelou que estamos diante de um novo quadro da
evolução da ciência, ainda com interrogações. De um lado, percebemos que se
descortinam esperanças para a população, como no caso das células-tronco
adultas, ao mesmo tempo urge um rígido discernimento ético em suas
prerrogativas (como no caso do uso de embriões para pesquisa);
b) Daí a necessidade de maior preparo para enfrentamento desses temas _ tanto
por parte das nossas Igrejas como por parte dos parlamentares. Vivemos uma
cultura onde a subjetividade exacerbada, atenta para soluções imediatas, é
movida mais pelas emoções do que pelo desejo de critérios em defesa da vida;
c) Também a experiência dessa votação mostrou que a palavra do Magistério
eclesial perdeu força junto aos legisladores do país. A laicidade do Estado tem
sido alegada para desqualificar a palavra da Igreja sobre temas de bioética: no
Legislativo, no Executivo (Ministério da Saúde) e no Judiciário;
d) Esta nova realidade está exigindo que a Igreja reformule suas estratégias de
formação dos cristãos (a questão mais profunda ultrapassa o embate jurídico).
Torna-se necessário nova forma de diálogo com os parlamentares e políticos em
geral, sobretudo no âmbito das Igrejas locais, onde eles têm suas bases
políticas e estão mais sensíveis às propostas e aos reclamos da sociedade.
Há no Congresso um grande número de Projetos de Bioética e afins (cf. em anexo
uma lista de projetos em tramitação) revelando a nova sensibilidade da
sociedade e dos parlamentares. Está marcada na sede da CNBB, no dia 31/05, uma
reunião de um grupo de parlamentes para estudar esta lista de projetos, o seu
andamento e estratégias de ação.
Está em fase de preparação um Conselho de Bioética que consiste numa instância
de referência para análise e discussão de temas de Bioética. Tem como
atribuição atuar como um balizador moral ao dar visibilidade e enunciar
corretamente questões de difícil compreensão tanto para a sociedade como para
os governantes e o país, revelando toda a complexidade de seus efeitos e
implicações. Será um órgão consultivo de assessoramento ao Presidente da
República, sem personalidade jurídica própria, mas com autonomia relativa para
que disponha de uma dotação orçamentária, independente de programas de governo,
com membros indicados pela sociedade civil e nomeados pelo poder público.
A proposta original foi apresentada pela CNBB ao Presidente Lula. Esta proposta,
estudada por uma comissão articulada pelo Ministério da Saúde, está na Casa
Civil que deverá encaminhá-la como Projeto de Lei ao Congresso Nacional.
A Reforma Política
No momento, a palavra _Reforma_ ganha espaço: política, tributária, sindical e
trabalhista… No entanto, o Projeto da Reforma Política, em tramitação na
Câmara, parece ser a mais fundamental e urgente, diante dos desafios prementes
dos processos eleitorais que ameaçam a própria democracia. O objetivo deste
Projeto é reforçar o partido como instituição de representação política da
sociedade junto ao Estado. Para isso, ele propõe: fidelidade partidária,
financiamento público das campanhas, listas preordenadas de candidatos,
cláusula de barreira e proibição de coligações partidárias. Embora as
lideranças digam que a Reforma Política poderá ser logo aprovada, a correlação
de forças no Congresso faz que só uns poucos parlamentares apostem na aprovação
integral do texto ainda este ano. Com exceção da fidelidade partidária, os
outros pontos importantes da Reforma são controversos. Uma das alternativas
para evitar a paralisação da Reforma é a sua votação em partes, ou, então,
votar o texto de uma única vez, mas estabelecendo prazos diferenciados para sua
entrada em vigor. Nas eleições de 2006 começariam a valer mecanismos que
fortalecem a fidelidade partidária, como o estabelecimento de prazos de
filiação de candidatos. As questões mais polêmicas – o voto em lista partidária
e o financiamento público da campanha – só entrariam em vigor mais tarde. Nossos
grupos da Igreja vêm insistindo na urgência do aperfeiçoamento do arcabouço
jurídico das instituições políticas como condição para a consolidação da
democracia. Daí a força moral da Lei 9840 contra a corrupção eleitoral, apesar
de continuamente ameaçada.
Numa visão mais ampla de reforma política, em busca de uma nova cultura
política, o Professor Fábio Comparato, com o apoio da OAB e da CNBB, está
liderando uma Campanha, para um Projeto de Lei que regulamente o art. 14 da
Constituição Federal, em matéria de plebiscito, referendo e iniciativa popular.
A motivação do projeto: o povo brasileiro tem o direito de votar em eleições,
mas não tem como exigir que o governo respeite os seus direitos sociais. O povo
tampouco tem o direito de rejeitar emendas constitucionais, leis ou tratados
internacionais, que prejudicam o país. Além disso, as leis propostas pelo povo
podem ser alteradas ou revogadas sem consentimento do povo. Este projeto de lei
se propõe corrigir esses abusos. A proposta, apresentada pela OAB à Comissão de
Legislação Participativa, da Câmara dos Deputados, foi aprovada por
unanimidade. Segue agora a tramitação regular dos projetos de lei. O trabalho
de coleta de assinaturas será um apoio popular que dará legitimidade ao
projeto.
Câmara avalia Referendo popular sobre as armas
Há grande expectativa quanto ao Projeto de Decreto Legislativo sobre o Referendo
popular, previsto no Estatuto do Desarmamento (Lei 10826/03) para outubro deste
ano, para decidir sobre a proibição da venda de armas de fogo e munições no
Brasil. O Estatuto do Desarmamento já restringiu o porte de armamentos.
Pesquisas recentes constatam que um cidadão armado tem 57% de chances a mais de
ser assassinado do que os não possuem armas de fogo _ isto num país onde se
morre mais por arma de fogo (27%) do que por acidente de trânsito (25%).
O Projeto do Decreto precisa ser votado logo, para que o Referendo se realize
neste ano. Requerimento assinado por 8 líderes, representando 290 deputados,
pediu urgência na votação. O presidente da Câmara ressaltou que vai atendê-lo.
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Carlos Velloso, é
favorável: "Devemos fazer tudo para que este referendo saia. Que o povo
brasileiro seja esclarecido para que o verdadeiro titular do poder – que é o
próprio povo – decida se é a favor ou contra o projeto que proíbe a compra de
armas". A CNBB, nas pegadas da Campanha da Fraternidade deste ano, está
empenhada na realização deste Referendo como instrumento de paz.
Frente propõe a criação do Parlamento Mundial
Foi instalado na Câmara dos Deputados uma Frente Parlamentar com o objetivo de
criar um Parlamento Mundial. Este Fórum Parlamentar propõe um espaço para que
as nações possam conversar e buscar soluções para os conflitos e assuntos que
ultrapassam as fronteiras de cada país. Os integrantes da Frente já aprovaram a
realização de um seminário internacional em Brasília, em junho deste ano, com a
participação de parlamentares de vários países e lideranças da sociedade civil
para discutir e pensar o Parlamento Mundial. A iniciativa acontece em boa hora
quando é evidente o esgotamento da ONU na democratização das relações
internacionais. Este Parlamento Mundial pode tornar-se uma alternativa
internacional, no caso em que a ONU venha a tomar decisões sem respeitar os
anseios do mundo democrático. A idéia está em sintonia com as propostas do 5º.
Fórum Social Mundial que reuniu, em Porto Alegre,  180 mil pessoas de 151
países.
Renda básica de Cidadania
Em janeiro de 2005, o Presidente da República sancionou a Lei que instituiu a
renda básica da Cidadania, como direito de todos os brasileiros residentes no
País e estrangeiros residentes há pelo menos 5 anos, receberem, anualmente, um
benefício monetário. Esta quantia deverá ser alcançada em etapas, a critério do
Poder Executivo, priorizando-se as camadas mais necessitadas da população. O
pagamento do benefício deve ser de igual valor para todos, e suficiente para
atender às despesas mínimas de cada pessoa com alimentação, educação e saúde,
considerando para isso o grau de desenvolvimento do País e as possibilidades
orçamentárias. Diz a Lei que o Poder Executivo consignará dotação orçamentária
suficiente para implementar a primeira etapa do Projeto.

Brasília, 10 de maio de 2005

Contribuíram para esta análise Pe. Antônio Abreu, Bernardo Lestienne,
Daniel Seidel, Ir. Delci Franzen. Pe. Ernanne Pinheiro e Pe. Thierry Linard.

Pedro A. Ribeiro de Oliveira
Professor na Universidade Católica de Brasília e
Assessor da Comissão Episcopal para o Laicato.

17 de abril. Dia de la lucha campesina

El 17 de abril de 1996 la Policía Militar del Pará recibió ordenes para desalojar a cualquier precio la carretera que habían ocupado 1.800 trabajadores del campo que marchaban para reivindicar expropiaciones de tierras en el sur del estado. La policía salió preparada de su cuartel sin identificación en el uniforme. Sin registro de armas y munición. Eran órdenes superiores. 19 muertos. 46 heridos. La policía militar cumplía órdenes expresas del gobernador del estado, Almir Gabriel, del Partido de la Socialdemocracia Brasileña al que pertenecía el anterior presidente de Brasil, Fernando Henrique Cardoso.

Vía Campesina Internacional, declaró entonces el día 17 de abril, Día Internacional de Lucha Campesina. Todos los años, en un número creciente de países, las organizaciones campesinas realizan luchas y movilizaciones, en la lucha por la reforma agraria y en la defensa de sus derechos.

Este año 2005, la mayor movilización se realizó en el lugar donde ocurrieron hace ya nueve años los asesinatos, en Eldorado dos Carajás, donde se juntaron casi 5000 campesinas y campesinos de todo el estado de Pará. Actos semejantes se dieron a lo largo de todo Brasil. A lo largo de todo el mundo se han repetido estas protestas y manifestaciones de apoyo a la lucha campesina. Desde la India hasta el mismo Washington. En el estado español, en  Barcelona, Euskadi, Córdoba, Madrid, Asturias y Galicia los comités de apoyo al MST han realizado diversos actos para conmemorar este día y también para mostrar el apoyo a la marcha que el MST realiza desde el 1 de mayo y que llegará hasta Brasilia. 

MST: EFICIENCIA Y JUSTICIA

MST:EFICIENCIA Y JUSTICIA

Luiz  CarlosBresser Pereira

En este mes, el Movimiento de Trabajadores Rurales Sin Tierra (MST)del Brasil  inauguró su universidad en el interior delestado de Säo Paulo, lo que dio la oportunidad a la derechabrasileña de manifestarse por medio de sus más diversosrepresentantes en defensa del orden público, del respeto a lapropiedad y  los contratos. Es el "non sense"conservador que se repite, siempre revestido del más alto buensentido.

En contrapartida, el presidente del Instituto de Colonizacióny Reforma Agraria (INCRA), provocó una justa reacciónal identificar el agronegocio con el mal y la reforma agraria con elbien. Otro "non sense", esta vez de la izquierda y lleno debuenas intenciones, pero miope. La agricultura moderna de exportaciónes fundamental para el desarrollo económico del país y,en los últimos años, ha tenido un papel importante enel reestablecimiento de nuestras cuentas externas.

Frente a dos absurdos, no obstante, ¿cómo quedan lareforma agraria y la organización que la defiende, el MST?¿Debemos condenar el gran movimiento social porque desafíaa la propiedad y a los contratos? ¿Porque no respeta el ordenestablecido? ¿Y debemos condenar  la reforma agrariaporque la gran propiedad capitalista sería máseficiente? Un conservador no tendrá duda en responderafirmativamente, ya que la derecha se define por siempre priorizar elorden en relación a la justicia.

Pero, ¿por qué no tendría sentido esta posición?Y, más ampliamente, si el movimiento de los sin tierra es tanterrible así, ¿por qué no fue colocado todavíafuera de la ley? Sin duda, hay radicales que desearían que esoaconteciese. Existe, sin embargo, aún entre los conservadores,la idea de que el Brasil es un país profundamente injusto, ytal vez sea eso lo que los paralice. Porque no pueden dejar deadmitir que la lucha del MST es esencialmente una lucha por lajusticia social. Por la disminución de las enormesdesigualdades sociales existentes en el país. Por laposibilidad de ofrecer a una parte de los brasileños que estánmás radicalmente excluidos del modesto proceso de desarrollodel Brasil una mejora de sus condiciones de vida y de oportunidad derealización personal.

El mundo en que vivimos hoy es bien diferente de aquel que existía,por ejemplo, en los años 60. En aquel tiempo, las utopíastodavía existían, y parecía posible  distinguircon claridad lo justo de lo injusto. Hoy, después de 30 añosde contrarrevolución conservadora, la ambigüedadpostmoderna se volvió dominante: nada es más seguro, nila verdad ni la justicia.

Ahora bien, es en ese cuadro que surge el MST sin ambigüedadalguna. Podemos discordar de sus métodos, pero no podemosnegar que luche por la justicia. Que esa organización enparticular y los demás movimientos organizados de sin tierrason, en la práctica, las únicas grandes institucionesque luchan por más justicia en este Brasil.

Puede argumentarse que no es posible que haya  justicia encontra de la ley, pero la historia de la lucha por la justicia ytambién por la libertad fue, inicialmente, la lucha contra elorden establecido por la ley. Esa lucha en algunos momentos fuerevolucionaria, en otros, semirrevolucionaria, como es el caso delMST; en otros, legal, cuando realizada dentro de las norma vigentes.

Esa última forma de lucha es la preferible, pero, con elestudio de la historia, sabemos que en algunos momentos la revoluciónfue necesaria, que en muchos otros la acciónsemirrevolucionaria, la presión, por ejemplo, por medio de lasinvasiones practicadas por los movimientos de los sin tierra, fueeficaz en promover la justicia. Todos los regímenesdemocráticos precisan abrir algún espacio para ese tipode acción. Aún en los países másavanzados socialmente.

Pero ¿la reforma agraria no sería un forma ineficientede hacer justicia? Tal vez, pero la justicia, como la libertad, esvalor último que no puede ser subordinado a la eficiencia.Debemos considerarla porque el desarrollo económico es untercer objetivo político fundamental de las sociedadesdemocráticas modernas. Pero las medidas de eficiencia, aunquemás precisas que las de justicia, son muy relativas.¿Eficiencia con relación a qué? ¿Alretorno a la inversión? ¿O a ese retorno en términosde mejoramiento de la calidad de vida de los asentados en proyectosde reforma agraria? Hay estudios antropológicos que muestran  una extraordinaria mejoría en esa área.

¿Y no sería también conveniente considerar elretorno en términos del aumento del empleo? Yo sé quelos economistas ortodoxos "abolieron" el concepto dedesempleo cuando inventaron la "tasa natural de desempleo",pero, a pesar de eso, el desempleo continúa siendo el mayorproblema económico brasileño.  Y sabemos cuanto elmismo representa en términos de sufrimiento humano, de faltade respeto a la persona.

En el pasado, ya se afirmó que la reforma agraria era unacondición para el desarrollo del Brasil. Eso no era verdad enel plano económico entonces y continúa falso hoy. De unpunto de vista mayor, sin embargo, del punto de vista político,estoy convencido de que uno de los principales problemas que impidenel desarrollo brasileño es la enorme desigualdad aquíexistente. Es esa desigualdad la que explica políticaspopulistas, llevando a veces al desequilibrio fiscal, otras veces alcambiar, otras veces a ambos. Es esa injusticia en la distribuciónde la riqueza y de la renta que hace  a la sociedad brasileñapoco solidaria, dividida y, por eso mismo, incapaz de constituirse enverdadera nación.

Dentro de ese cuadro, el MST es una fuerza positiva importante. Es ungran movimiento político de los pobres en el Brasil. Es unmovimiento que deja a la derecha indignada, o "perpleja",como a sus portavoces les gusta decir, olvidando que lo que realmentemerece causar  perplejidad  es la injusticia que aquíimpera.

Luiz  CarlosBresser Pereira
Profesor de economía y de teoría política de laFundación Getulio Vargas, ex ministro de Hacienda, de laReforma del Estado, y de Ciencia y Tecnología, es autor de"Democracy and Public Management Reform" (Oxford UniversityPress, 2004)

Mais de um milhão de crianças trabalham no Brasil

www.mst.org.br
24/02/2005

Por Vitor Abdala
Fonte Agência Brasil

Mais de um milhão de crianças entre cinco e 13 anos de idade trabalham no Brasil, indicam os dados da Síntese de Indicadores Sociais 2004 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Deste total, aproximadamente 700 mil crianças (53,8%) vivem na região Nordeste. Ao ampliar a faixa etária pesquisada, o levantamento mostra que 5,1 milhão de crianças e jovens – entre cinco e 17 anos – trabalham no país.

A Constituição Federal proíbe qualquer tipo de trabalho para menores de 14 anos. Acima dessa idade, e até os 16 anos, o trabalho é permitido apenas na condição de aprendiz.

O presidente do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets) e ex-presidente do IBGE, sociólogo Simon Schwartzman, acredita que o trabalho infantil não deve ser encarado como um problema isolado, mas como um elemento da situação de pobreza de algumas regiões do país. "Acho que é preciso, em primeiro lugar, ver a questão da família, a questão da pobreza e como está organizada a casa (das famílias brasileiras). É uma situação geral. Tratar da questão do trabalho infantil separadamente só se justifica quando há situações de exploração clara da criança e do jovem", disse.

O estudo do IBGE também relaciona o trabalho infantil com a educação. Segundo a pesquisa, o índice de escolarização das crianças e jovens, entre cinco e 17 anos de idade, que não trabalham é de 92,1%. Já o índice de crianças trabalhadoras que estão na escola é de apenas 81%, cerca de 11 pontos percentuais menor.

Apesar disso, o levantamento aponta para uma melhora do quadro educacional entre os jovens nos últimos anos. De 2002 para 2003, o número de crianças e adolescentes que só trabalham, sem estudar, foi reduzido de 3,9% para 3,4%. O índice daqueles que trabalham e estudam também foi reduzido, de 15,3% para 13,9%. Além disso, foi observado um aumento de dois pontos percentuais na proporção de jovens que só estudam.

Mais de um milhão de crianças entre cinco e 13 anos de idade trabalham no Brasil, indicam os dados da Síntese de Indicadores Sociais 2004 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Deste total, aproximadamente 700 mil crianças (53,8%) vivem na região Nordeste. Ao ampliar a faixa etária pesquisada, o levantamento mostra que 5,1 milhão de crianças e jovens – entre cinco e 17 anos – trabalham no país.

A Constituição Federal proíbe qualquer tipo de trabalho para menores de 14 anos. Acima dessa idade, e até os 16 anos, o trabalho é permitido apenas na condição de aprendiz.

O presidente do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets) e ex-presidente do IBGE, sociólogo Simon Schwartzman, acredita que o trabalho infantil não deve ser encarado como um problema isolado, mas como um elemento da situação de pobreza de algumas regiões do país. "Acho que é preciso, em primeiro lugar, ver a questão da família, a questão da pobreza e como está organizada a casa (das famílias brasileiras). É uma situação geral. Tratar da questão do trabalho infantil separadamente só se justifica quando há situações de exploração clara da criança e do jovem", disse.

O estudo do IBGE também relaciona o trabalho infantil com a educação. Segundo a pesquisa, o índice de escolarização das crianças e jovens, entre cinco e 17 anos de idade, que não trabalham é de 92,1%. Já o índice de crianças trabalhadoras que estão na escola é de apenas 81%, cerca de 11 pontos percentuais menor.

Apesar disso, o levantamento aponta para uma melhora do quadro educacional entre os jovens nos últimos anos. De 2002 para 2003, o número de crianças e adolescentes que só trabalham, sem estudar, foi reduzido de 3,9% para 3,4%. O índice daqueles que trabalham e estudam também foi reduzido, de 15,3% para 13,9%. Além disso, foi observado um aumento de dois pontos percentuais na proporção de jovens que só estudam.

Continúa la violencia en Pará (Brasil)

Un militante de derechos humanos en Pará, puede ser la próxima víctima del latifundio
"El próximo muerto será un religioso francés"
Agencia Púlsar

Según la Orden de los Abogados deBrasil el padre francès Henri Burin dez Roziers, militante de derechoshumanos en Pará, es la próxima víctima del latifundio.

El integrante de la Orden de los Abogados de Brasil – OAB – de Pará,Sérgio Alberto Frazão do Couto, anticipó que el padre francés HenriBurin dez Roziers, es la próxima persona "marcada para morir" en elestado amazónico de Pará.

Couto advirtió al presidente brasileño Luiz Inácio Lula da Silva,que el religioso miembro de la Comisión Pastoral de la Tierra – CPT -seguirá el destino de la misionera norteamericana Dorothy Stang,asesinada el sabado 12 de febrero.

El padre Henri Burin dez Roziers es defensor de los derechoshumanos em la región de Xinguara, com foco principal en el combate altrabajo esclavo.

`el padre desempeña un trabajo intenso y viven llegando anosotros denuncias de que van a matarlo`, reveló el abogado SérgioCouto. `Y yo sé que van (a matarlo), es sólo una cuestión de tiempo`.

Además Couto advirtió: `nadie venga a reclamar más tarde seinternacionalizan la Amazonia. El gobierno brasilero va a dejar que esosuceda porque no cuida de aquella región, no se hace presente`.

Por otra parte, el presidente de Brasil, responsabilizó amadereros por los asesinatos ocurridos en Amazonia, incluido el deDorothy Stang. "Fue uma actitud pensada de algunos empresarios delsector maderero que están con rabia por la política que estamoshaciendo, no sólo en Pará, sino en toda la Amazonia", diagnosticó Lula.

Y además el presidente agregó "este país tiene gobierno, tiene ley, y la ley vale para el presidente y para el pistolero".

En cuanto a las investigaciones en torno al asesinato de lamisionera Stang, se supo que el sospechoso conocido como Eduardo, enrealidad se llama, Clodoaldo Batista, y no Uilquelano de Souza Pintocomo difundieron al principio los investigadores.

Mañana habrá un careo entre los tres detenidos del caso:Rayfran das Neves Sales, Clodoaldo Batista, confesores de haberejecutado a la monja, y Amair Feijoli da Cunha, denunciado como elcontratante de los pistoleros.

El hacendado Vitalmiro Gonçalves de Moura apuntado como elmandante del crimen, continúa prófugo. Aún así, una comisión especialdel Parlamento brasilero, ordenó la quiebra del sigilo sobre lascuentas bancarias, fiscales y telefónicas del sospechoso.

Más de 30 muertos Sin Techo

Sangrienta represión del gobierno de Lula a los Sin Techo de Brasil

 

Indymedia Brasil

El falsogobierno de izquierda en Brasil, para lavar sus culpas, intentaincriminar solamente a los gobernantes derechistas (que lo apoyan deuna forma o otra, incluso en las alianzas partidarias) del Estado deGoiás (Marconi Perillo – que había afirmado que no ocurriría lamasacre) y de la ciudad de Goiana (Iris Rezende, un caudillo localacusado con corrupción y agresiones a opositores en las últimaselecciones).

Mientras tanto, es grave la condición de los trabajadores en Goiânia.

Los cuatro voluntarios del indymediaarrestados permanecen detenidos. Entre los detenidos están el miembrodel indymedia de New York (Brad Will) y un miembro del movimiento UniónPopular (Rafael Augusto). El material de fotografía y de filmaciónestán en las manos de la policía (gran parte de este equipo registró labestialidad de la policía brasileña tirando contra los civiles).

Todos están encarcelados por la policía federal (no es ni la policíaestadual ni la municipal la que los arrestó) en Goiania. Fuerzasdel ejército habrían sido movilizadas para el masacre. Los medioscorporativistas del Brasil, sin embargo, no registraron las imágenes,obtenidas por Indymedia en Brasil.

El objetivo del gobierno Lula es criminalizar las luchas sociales enBrasil. Acciones del ejército con poderes de policía (conferidos por elgobierno) habían sido anunciadas en otros Estados brasileños.

Relatos más actuales (totalmentedespreciados por la comisión de "Derechos Humanos" del gobiernofederal) exponen la muerte de más del 30 personas (entre las cuales,niños chiquitos), cuyos cuerpos fueron lanzados en los pozos(cisternas) construidos por los moradores de la ocupación.

Los nuevos relatos (transmitidos por grannúmero de moradores desplazados de la ocupación) aseguran que muchoscadáveres están por ser CARBONIZADOS por la policía, para ocultarlos delos ojos de los trabajadores del Brasil y de los que pudierensolidarizarse internacionalmente en el mundo, con las víctimas de laacción de la policía brasileña.

En oposición al que lo afirma la prensareaccionaria brasileña, varias casas fueron destruidas por la policíacuando la invasión misma del terreno ocupado.

Los medios declararon (en total acuerdocon la versión de la policía) que las casas serían destruidasposteriormente por los policiales, lo que es falso.

Las residencias que fueron demolidas portractores y golpes de los policiales, las chozas de madera fueronincendiadas (algunas con personas en su interior).

También refutan las mentiras de la prensa(qué declaró que la policía evacuó la área vecina a la ocupación) elecho de que las residencias vecinas a la ocupación fueron invadidas porpolicías extremamente agresivos, que atacaron a los moradores,golpeándolos (hay incluso relatos de hombres agredidos delante de susfamilias) y disparando con armas de fuego para el interior de lasresidencias.

Varios habitantes del barrio (El ParqueIndustrial Oeste, en la ciudad de Goiânia), fueron afectados porproblemas respiratorios ocasionados a la nube de fumarada de las bombasde la policía que se expandió por todo lo barrio.

En São Paulo (San Pablo) y en algunasotras ciudades brasileñas se organizan manifestaciones para el sábado(19/02) en solidaridad con las víctimas de la represión.

El funeral de los desplazados asesinadospor la policía (los muertos que el Estado reconoce como tales -oficialmente) Pedro Nascimento Silva y de Wagner da Silva Moreira,ocurrió en el último 18/02. El funeral se convirtió en una protesta.

La policía infiltró tres agentes secretos(disfrazados) en la protesta para detener algunos de los líderes de laocupación que no fueron arrestados en lo masacre. Los agentes son de laP2, la policía política de la policía militar del Brasil. Los agentesfueron descubiertos por la población, que los atacó y casi los linchó.

La policía intervino con fuerzas deelite, violentamente armadas para defender sus agentes. Ellos tirabancontra el pueblo en las calles, y después invadieron la iglesia dondese hacían los funerales y disparó contra las personas. Los agenteshuyeron con seguridad, defendidos por los policías que cobardementetiraran contra el pueblo (y aún durante un funeral!).

Movimentos resistem ao avanço da soja

11/02/2005

Por Daniel Antiquera
Fonte Jornal Brasil de Fato
O Rio Grande do Sul foi o berço, na década de 70, da expansão da soja para o resto do país. Mais de 30 anos depois, nesse mesmo estado começa a se estruturar o movimento de resistência aos efeitos danosos do crescimento descontrolado da produção da semente. Durante o 5º Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, organizações dos quatro cantos do país se reuniram para compartilhar experiências e traçar estratégias comuns para resistir ao poder do agronegócio.

Mais de 60 movimentos sociais e entidades se juntaram no grupo Articulação Soja Brasil, para tentar conter a devastação ambiental que a trilha da soja deixa para trás. O grupo é fruto de movimentos antigos, que combateram projetos de transposição de rios, implantados para reforçar a infra-estrutura para a produção da semente, mas que representavam sérios danos naturais.

A articulação dos movimentos pretende estabelecer pautas comuns, como a luta contra os transgênicos, pela contenção do desmatamento, contra a concentração da atividade por grandes aglomerados econômicos, em proteção dos pequenos produtores, pela manutenção da biodiversidade e em respeito à legislação vigente, já que boa parte da produção se sustenta em práticas ilegais.

São trágicas as conseqüências do crescimento sem controle da soja no país. Rony Silveira, estudante de Belterra (PA), foi a Porto Alegre procurar reforços para a luta contra a força das empresas produtoras. "A produção de soja na minha cidade trouxe impactos ambientais tão fortes que o clima da região já mudou bastante: está mais quente e seco", diz. "O problema é que não conseguimos influenciar as autoridades locais, vinculadas aos grandes grupos econômicos", complementa, preocupado.

Risco em área indígena

Segundo Judson Barros, presidente da Fundação Águas do Piauí, a chegada ao Estado da maior empresa do setor, a multinacional Bunge, foi responsável pelo desmatamento de 50% da cobertura vegetal original. A empresa também usa, para secagem da soja, a lenha do cerrado, com graves impactos ambientais e superexploração da mão-de-obra. O cortador de lenha ganha entre R$ 0,50 e R$ 0,80 centavos por estéreo (feixe de madeira com um metro cúbico), enquanto a mesma quantidade é vendida a R$ 27. Há ainda diversas denúncias de trabalho escravo sendo apuradas em duas ações promovidas pelo Ministério Público. "No Piauí, 12 ou 13 produtores são responsáveis por 600 mil toneladas de soja. Aqui não existe agricultura familiar", denuncia.

O Parque Indígena do Xingu (MT) sofre as conseqüências mesmo sem produção em seu interior. O Instituto Socioambiental (ISA) trabalha há 10 anos na região, fazendo o monitoramento das fronteiras do parque. A agricultura no entorno, desrespeitando a legislação ambiental, prejudica as nascentes dos rios que atravessam as terras indígenas.

"O desmatamento acelerado está gerando perda na qualidade da água, levando sujeira e agrotóxicos para dentro do Parque do Xingu e assoreamento das margens dos rios. Estes problemas acabam por afetar, também, a fauna e a flora da região", descreve Adriana Ramos, coordenadora de políticas públicas do ISA.

Diante da gravidade da situação, entidades locais e movimentos sociais se uniram para realizar, dias 25 a 27 de outubro de 2004, o Encontro Nascentes do Rio Xingu, em Canarana (MT). Na ocasião, foi lançada campanha pela proteção e recuperação das matas ciliares e dos recursos hídricos de toda a bacia do rio Xingu. A idéia é criar um grupo envolvendo todos os setores afetados pelos problemas ambientais causados pela expansão da agricultura na região: índios (kaiapó, paraná e xavante), assentados e até mesmo fazendeiros. Agora eles se juntam na articulação contra a soja.

Poder do agronegócio

O combate, porém, não é fácil. O Brasil é o maior exportador de soja do mundo. Segundo Maurício Galinkin, da Fundação Centro Brasileiro de Referência e Apoio Cultural (Cebrac), a produção, que ocupava 10 milhões de hectares em 1993, hoje está em cerca de 22 milhões de hectares, o que equivale a cinco vezes o tamanho do Rio Janeiro.

"O agronegócio brasileiro, incluindo produção, agrotóxicos e maquinaria, é responsável por 42% das exportações brasileiras e por cerca de um terço do PIB nacional, mas emprega menos de um terço dos trabalhadores na agricultura", acusa Galinkin. Os outros dois terços dos 17,7 milhões de trabalhadores se encontram em empreen-dimentos de agricultura familiar. Para se ter uma idéia, em 2003, enquanto o PIB brasileiro decresceu 0,2%, o PIB do agronegócio cresceu 5%.

Dívida versus fome

Com essas estatísticas, a soja se tornou heroína nacional do modelo econômico brasileiro, voltado quase que inteiramente para as ex-portações, com o objetivo de gerar divisas e pagar dívidas. Em 2001, o presidente FHC bradou "exportar ou morrer". E parece que o governo Lula segue os mesmos passos de seu antecessor. "O governo Lula elegeu três prioridades: crescer, crescer e crescer. Mas é preciso entender que o crescimento não pode ser um valor. Deve ser um instrumento do desenvolvimento", defende o economista Ricardo Abramovay, da USP.

Abramovay critica o modelo econômico brasileiro. Ele cita pesquisas que demonstram que, quanto maior a concentração de renda, menor a capacidade de o crescimento funcionar como fator de combate à pobreza. "Além disso, os recursos naturais estão sendo apropriados de maneira ilegal. O setor de ponta do agronegócio apóia-se em relações de trabalho incompatíveis com uma sociedade civilizada. Os movimentos sociais precisam interferir", complementa o professor. (Colaborou Luís Brasilino)

Trangénicos no Mato Grosso

Por Marcondes Maciel
Fonte Diário de Cuiabá

Mato Grosso tem 14 mil hectares de plantação transgênica

A Delegacia Federal da Agricultura em Mato Grosso (DFA) divulgou ontem pela manhã o primeiro balanço do plantio de soja transgênica no Estado, na safra 2004/05. De acordo com o relatório, até o último dia 17, a área declarada de plantio de soja geneticamente modificada era de 14.137 hectares, um crescimento de 723% em relação ao total plantado na safra passada (1.716 hectares). O município com a maior área de transgênicos em Mato Grosso, até agora, é Pedra Preta (região Sul), com 5.908 hectares. Rondonópolis, Campo Verde, Tapurah, Tesouro, Campo Novo, Santo Antônio do Leste e Primavera são outros municípios que também estão desenvolvendo a experiência com a soja transgênica em Mato Grosso. As 14.137 hectares de transgênicos declaradas à DFA pertencem a 10 produtores que fizeram o plantio até 31 de dezembro de 2004.

O delegado federal da Agricultura, Paulo Bilego, lembra que os produtores que já plantaram soja transgênica devem fazer o comunicado ao órgão através do Termo de Compromisso, Responsabilidade e Ajustamento de Conduta (Tcrac) no prazo estabelecido pelo governo.

"A Lei dos Transgênicos não é o elixir que parece ser", disse o secretário de Agricultura do Estado, Otaviano Pivetta, para quem o produtor deve ter muita cautela e analisar as vantagens de se optar pela transgenia.

Na safra passada, 11 produtores de Mato Grosso fizeram experiência com a soja transgênica nos municípios de Santo Antônio do Leste (650 hectares), General Carneiro (400 hectares), Primavera (165 hectares) Água Boa (186 hectares), Alto (145 hectares), Campo Verde (100 hectares) e, Alto Araguai, 35 hectares.

¿Hasta cuándo?

¿HASTA CUANDO?
Equipo de redacción de Letraviva/MST Informa
 
 

Las celebraciones del fin de año, por la tradición cristiano occidental o por el cambio del calendario anual, siempre nos remiten al pensamiento positivo y al deseo de cambios. Cambios para mejor. Para que se pueda tener justicia, igualdad y felicidad. Pero los cambios necesarios en el 2003 dependerán de los desafíos que heredamos. .

¿Hasta cuándo seremos capaces de soportar que la ganancia belicista de los Estados Unidos invada Irak y después se vuelva contra algún otro país del tercer mundo? .

¿Hasta cuándo la opinión pública internacional y la ONU contemplarán la estúpida guerra de Palestina, que diariamente mata a inocentes de los dos lados, mientras la industria bélica norteamericana celebra sus ventas por más de 5 billones de dólares por año al señor Sharon? .

¿Hasta cuándo nos callaremos por el genocidio perpetrado en el África negra, que está condenando a todo el pueblo a la miseria absoluta, el hambre, la generalización del SIDA, mientras las multinacionales continúan extorsionando sus riquezas naturales para llenar los cofres de Europa y Estados Unidos? .

¿Tendremos fuerza para seguir denunciando que el ALCA no es un simple acuerdo comercial, sino un plan estratégico de dominación de las empresas estadounidenses sobre todo el continente americano? .

¿Hasta cuándo la humanidad continuará rehén de media docena de medios de comunicación que monopolizan las informaciones y transforman mentiras en verdades absolutas? .

¿Hasta cuándo la humanidad será rehén del dólar como moneda única, que se transformó en un mecanismo de expoliación mundial, para mantener el elevado patrón de consumo del 5% de los ciudadanos que viven en el territorio de los Estados Unidos ? .

¿Hasta cuándo asistiremos inertes a que las empresas y los intereses económicos sitúen en riesgo la supervivencia de nuestro planeta, sin respetar los recursos naturales, el necesario equilibrio, la reproducción del agua y de los bienes que son colectivos?

Y aquí en Brasil .
¿Tendremos el coraje de luchar para que nuestro pueblo no continúe siendo expoliado con la continua transferencia de riquezas nacionales, a través del pago de la deuda externa, del envío de los beneficios, intereses, transferencias del ahorro nacional vía CC-5? .

¿Tendremos el coraje de combatir la expoliación del capital financiero, que obliga a todos los brasileños a pagar impuestos, para que después se transformen en ganancias de los bancos, recogidos bajo forma de intereses de la deuda interna? .

¿Tendremos el coraje de erradicar (eliminar de raíz) realmente el hambre que pasan 52 millones de brasileños ? .

¿Tendremos el coraje de luchar para que todos podamos tener trabajo, vivienda digna, lugar en la escuela, tierra para trabajar y derecho al acceso a la cultura y el ocio? .

¿Tendremos el coraje de denunciar que el 10 % de los brasileños se quedan con la mayor parte de toda la riqueza y consume la gran parte de toda la producción realizada por el otro 90 %? .

¿Tendremos el coraje de luchar para que cambie realmente la práctica de la política en el país o cambiarán sólo los nombres y la práctica continuará siendo la misma? .

¿Tendremos el coraje de combatir la concentración de la propiedad de la tierra, por la que un 1% de los terratenientes y empresas son dueños del 46% de todas las tierras, eliminando el latifundio de nuestra sociedad? .

¿Tendremos el coraje de luchar para que la violencia social se combata con soluciones verdaderas y no únicamente con más represión policial ?

MST Y MOVIMIENTOS SOCIALES EN EL ESTADO ESPAÑOL

Este artículo fue editado en Viento Sur, n. 61, Abril 2002.

MST Y MOVIMIENTOS SOCIALES EN EL ESTADO ESPAÑOL

 

Ángel Calle

Universidad Carlos III de Madrid

 
 

1. Introducción

Este artículo pretende ofrecer un pequeño análisis de la realidad del Movimiento de Trabajadores Rurales Sin Tierra (MST) de Brasil, apuntando algunos factores internos y externos que puedan explicar la fortaleza de este movimiento social. Al mismo tiempo, este análisis nos sirve para reflexionar sobre determinados movimientos sociales de nuestro Estado, en particular, sobre los movimientos de solidaridad global (radicalmente democráticos), y a los que la prensa ha bautizado como el movimiento anti-globalización, en el contexto de las diferentes campañas UE 2002 1

2. El MST

El Movimiento de Trabajadores Rurales Sin Tierra (MST) de Brasil se funda en 1984 fruto de las experiencias históricas de movimientos campesinos y del apoyo de la Comisión Pastoral de la Tierra, ligada a las Iglesias católicas y protestantes, y de sindicatos de trabajadores. Brasil es hoy un país en el que un 1% de los propietarios controla el 50% de las tierras; muchos de los grandes latifundios, el 50% según el gobierno en la zona del Amazonas y 100 millones de hectáreas en todo el país, tienen su origen en títulos de propiedad falsificados. El MST se propone como objetivo básico la realización de una profunda reforma agraria al servicio de un potencial de 4 millones de campesinos. Su Utopía apunta más alto: la construcción democrática de una sociedad sin explotadores ni explotados, basada en los principios del "socialismo" y del "humanismo", en la que deberán imperar "la justicia social y la igualdad de derechos económicos, políticos, sociales y culturales", procurando también "combatir todas las formas de discriminación social y buscar la participación igualitaria de la mujer"2 . Junto a este ideario, que se renueva en encuentros extraordinarios cada 5 años que persiguen sobre todo una confraternización de los integrantes del movimiento social (el último congregó a 11.000 en agosto de 2000), el MST elabora unas pautas políticas concretas cada dos años, donde se definen alianzas y estrategias tácticas: movilizaciones contra el ALCA o la Deuda, apoyos al movimiento obrero de las grandes ciudades, acuerdos con otras organizaciones campesinas o con redes de excluidas y excluidos (sin techo, sin empleo, expropiados), etc.

En lo que se refiere a la lucha en el campo, dos son los frentes básicos del MST. El primero consiste en la organización y el apoyo a los sin-tierra en la realización de ocupaciones de latifundios improductivos y que, según la ley, deberían ser expropiadas por el gobierno. El segundo frente lo constituyen los campesinos y campesinas que ya consiguieron un pedazo de tierra y que se agrupan en asentamientos. Contribuyen al mantenimiento del MST y participan de ocupaciones y de actos de presión para solidarizarse con los sin-tierra que tomaron algún latifundio, y también para exigir apoyo técnico y económico al gobierno, más pendiente de buscar dólares para el pago de la Deuda Externa3.

¿Qué ha conseguido el MST en estos 17 años de lucha? Ciertamente, Brasil sigue siendo un país marcado por profundas desigualdades (el 10% acumula 28 veces más renta que el 10% más pobre) y dista mucho de la Utopía socialista. Pero en la práctica, de las 400.000 familias asentadas a través de la reforma agraria, un 85% lo hicieron tras participar en la lucha política de los sin-tierra. El MST cuenta en la actualidad con 81 cooperativas agropecuarias que permiten una subsistencia mucho más digna que la del pequeño agricultor no organizado, tal y como reconoce la propia FAO. En ciertos asentamientos la producción es totalmente colectiva. La reforma agraria está hoy en la agenda política de los partidos, principalmente de izquierda. La política de represión (1.600 muertos en las luchas campesinas de las últimas décadas) y la imagen de "violencia" y "corrupción" que los medios en general asignan al MST no han conseguido frenar a este movimiento social, que continua siendo apoyado por 2/3 de la población, si bien determinadas acciones (como la ocupación de edificios de la administración) reciben ciertas críticas.

¿Cuáles son las claves más significativas que pueden explicarnos la fortaleza del MST? En primer lugar, la propia naturaleza del conflicto que hunde sus raíces en el entorno de los sin-tierra. La emigración a la ciudad ofrece desempleo y marginalidad. Muchos son los que vuelven al campo tras una experiencia "frustrante" y deciden engrosar las filas del MST. El conflicto es urgente, muy visible y el MST no sólo goza de la credibilidad de los sin-tierra en la lucha por sus derechos, sino que también ofrece una representación del conflicto nítida y contrastable, al ligar los problemas locales con la reforma agraria, y de ahí saltar a la crítica al modelo neoliberal, proponiendo un desarrollo de Brasil centrado en las necesidades sociales internas y no en las demandas económicas externas.

Como acción colectiva en pos de la resolución del conflicto, la ocupación de tierras es una pieza central de la propuesta del MST. La asignatura que todo movimiento social pretende aprobar es la reintegración de la justicia en las normas sociales y jurídicas existentes. Para ello es esencial poner de relieve la contradicción existente entre justicia y orden legal. La ocupación restaura la justicia en el orden social y obliga al gobierno y a las elites a "mover ficha". Gandhi iba a buscar con los suyos la sal prohibida por los ingleses; Martin Luther King se sentaba en los restaurantes prohibidos para los negros. Aquí, en el Estado español, los espacios sociales abiertos por el movimiento okupa, la consulta social de 2000 de RCADE, el firme Campamento de la Esperanza de trabajadores y trabajadoras de Sintel y los encierros en el 2001 contra la Ley de Extranjería, son ejemplos de acciones que promueven la restauración de la justicia, tratando de implicar a la ciudadanía, y todo ello sin que se produzca un incremento de la violencia social, antes al contrario.

No obstante, la acción del MST no se detiene en la ocupación. El objetivo del MST es "derribar tres barreras: la del latifundio, la de la ignorancia, la del capital" según Stédile, uno de los líderes del movimiento4. Contra la barrera de la "ignorancia", el MST cuenta, en el ámbito interno, con múltiples iniciativas de formación: 15.000 educadores, centros y programas propios para el desarrollo de los asentamentos, contactos con universidades que abren puertas y planes para la formación de jóvenes sin-tierra (2.000 asistieron en el 2001 a la escuela de verano en la universidad de Campinas), etc. Para ganarse la confianza de la ciudadanía, el MST realiza campañas de sensibilización como las marchas, algunas de incluso 3.000 kilómetros, en las cuales va explicando su proyecto por ciudades y pueblos.

El MST considera que las barreras del latifundio y del capital no caerán por la sola presión de las ocupaciones. Por ello trabaja junto a otros actores, institucionales o no, para crear espacios que permitan construir alternativas de desarrollo para Brasil. Tal es el caso del Proyecto Popular, en el que ONGs, partidos, sindicatos, movimientos sociales y algunos sectores de las Iglesias tratan de crear un foro de debate estable del que salgan propuestas concretas. En algunos casos, el MST considera que, sin hipotecar sus principios, las necesidades sociales de los campamentos y asentamientos (educación, sanidad, transporte, créditos) o la búsqueda de una proyección mediática de sus reivindicaciones, bien puede justificar el entablar un diálogo con la administración pública.

En lo que respecta a las formas de coordinación de un movimiento social implantado en una variedad de contextos históricos5, el MST es un ejemplo práctico de la superación de la dialéctica a la que se enfrenta todo movimiento social: la búsqueda de un equilibrio entre coordinación y descentralización. Por un lado, el MST se inclina hacia un centralismo democrático (dirección nacional de 25 personas + estados que incorporan estrategias locales) muy abierto (congresos nacionales de militantes + encuentros nacionales que marcan direcciones políticas), difícilmente exportable a Europa, pero que ilustra la voluntad del movimiento en avanzar conjuntamente cultivando la democracia interna. Por otro lado, la descentralización es patente en la autonomía de las direcciones de cada estado (que permite aplicar en un contexto las estrategias acordadas en el ámbito nacional) y en la radicalidad democrática sobre la que, en última instancia, se afianza la lucha política del MST en sus dos frentes, campamentos y asentamientos. Los campamentos cuentan con una asamblea de delegados que decide soberanamente sobre las acciones a realizar. Estos delegados son representantes de asambleas de 8 o 10 familias acampadas. En cada campamento, y eventualmente en cada grupo de familias, existen responsables por áreas de negociación, educación, seguridad, salud, etc. de tal manera que hasta el último sin-tierra participa en decisiones colectivas y está informado-a de las mismas. Por su parte, los asentamientos deciden el tipo de cooperativismo (o la ausencia del mismo) a practicar, así como el grado de involucración en la lucha; generalmente se contribuye al MST con un 3% de lo producido y de los créditos recibidos, y donde el cooperativismo alcanza cotas mayores de colectivismo, se liberan personas para coordinar la lucha en otros lugares de Brasil.

En el MST la consigna es clara: no imponer, sino ayudar a crear. Ello se refleja en la forma en que operan las comisiones de trabajo (educación, frente de masas, cooperativas, internacional, finanzas, etc.). Sobre cualquier rigidez estructural, se prima la creatividad y la libre participación en estas comisiones. Función antes que estructura, para garantizar que el MST tenga su fuerza real en las bases, en las personas que se implican en su lucha. La descentralización no es entonces un medio, sino un fin: coordinación necesaria para mantener un movimiento social hacia su Utopía, que es bien distinto de convertir un movimiento social en una organización6.

3. Movimientos de solidaridad global en nuestro Estado: algunos apuntes

Antes de sugerir comparaciones entre el MST y los movimientos en nuestro Estado, conviene reflexionar con el espacio social y la cultura política en la que se encuentra inmerso el movimiento brasileño. En este sentido, muchas movilizaciones en Latinoamérica no son comprensibles si no reparamos en la consistencia y la centralidad de sus valores comunitarios. Ejemplos paradigmáticos de esta integración individuo-comunidad-naturaleza son movimientos como el zapatista y los indígenas de Ecuador. Ello es así por dos razones. La primera, asentada en el ámbito de la subjetividad, nos remite a la existencia de culturas ancestrales (caso de la cultura maya), o más modernas (zapatismo, teología de la Liberación en el Brasil) que, en unión con el palpitar revolucionario latinoamericano de los 60 y 70, entrelazan y hacen inseparable lo común de lo particular, la liberación social de la personal7. Todo oprimido es un poco dependiente de su opresor, quiere ser como él, venía a afirmar Paulo Freire. Por lo tanto, librarnos de la violencia no puede equivaler a "librarnos" de los opresores. La liberación ha de ser conjunta: de la ciudadanía en su totalidad y de cada persona en particular.

La segunda razón, de índole más objetiva, es la retroalimentación y puesta en práctica de estos valores a través de una socialización intensa en espacios alternativos al orden que se desafía: los campamentos del MST resisten las embestidas policiales y paramilitares, amén de la falta de alimentos, por espacio de dos a siete años; los movimientos indígenas, a su vez, se levantan sobre comunidades donde generación tras generación se fortalece la resistencia cultural y política.

En contraposición, en los grandes centros urbanos del llamado Norte, estos dos motores de la lucha política, salvo excepciones, están ausentes o no son tan consistentes. El individualismo y el materialismo de nuestras sociedades dejan huella en las condiciones subjetivas en las que recreamos nuestros movimientos sociales. Bien a través del idealismo científico, bien a través de la acción irreflexiva, o bien impulsados por el cultivo de un hedonismo, Occidente tiende hacia la "cultura" del yo. Así, asistir a una asamblea en Brasil (del MST o de otras redes sociales), supone comprobar que, cuando hay convicción en lo común y no se parte de lo particular, es posible hablar sin levantar la voz, escuchar silencios entre las intervenciones, y sobre todo, dejar atrás intereses corporativos o el sectarismo de identidades no dispuestas a "contaminarse" por el resto de la humanidad. Un panorama distinto, pues, de las reuniones que protagonizan los movimientos de solidaridad global en este Estado, a juzgar por las críticas vertidas a la reunión estatal sobre Campañas UE 2002 de Zaragoza, en noviembre de 20018.

Por otra parte, a pesar del acceso a recursos y a internet, la comunicación real es difícil en nuestras ciudades, obstaculizando la creación de códigos culturales compartidos e impidiendo limar asperezas y desconfianzas. Así, por poner un ejemplo, en Brasil la foto del Che presidirá las casas de los sin-tierra, de los militantes del CUT y del PT, y de algún que otro espacio ligado a alguna de las iglesias que existen. Constituyen símbolos y lenguajes que trascienden generaciones y espacios sociológicos, a diferencia de lo que ocurre por estos lares. Y existen porque se recrean y comparten en espacios físicos, tanto en los propios de cada colectivo, como en la multitud de redes y experiencias que los ponen en contacto. Tal es el caso de las grandes marchas y congregaciones rumbo a Brasilia que han dado lugar, una vez que culturas y experiencias comunes se han asentado, al Foro Nacional de Luchas (FNL) que aglutina a sectores sociales opuestos a las políticas neoliberales. No caigamos en la tentación de pensar que la existencia del Foro ha dado lugar a la recreación de espacios sociales, acciones y discursos compartidos. Más bien ha acontecido al revés, pues no podemos olvidar que estos actores políticos provienen de la movilización común que derribó la dictadura a comienzos de los 80. En el Estado Español, por el contrario, las redes entre distintos colectivos sociales son aún muy débiles. Así, por poner el ejemplo de Madrid, no existe una gran tradición de trabajo conjunto entre sectores más ligados a los nuevos movimientos sociales (ecologistas, pacifistas, redes ciudadanas, incluso okupas) y sectores provenientes de vertientes más institucionales, principalmente del movimiento obrero (partidos, sindicatos, ONGs u otros colectivos políticos). Y en algunos casos, la memoria histórica de esas relaciones está plagada de referencias a desencuentros en ámbitos muy concretos (posicionamiento frente a la Guerra de Bosnia, por ejemplo) o en planos de mayor alcance (descrédito de la acción institucional entre parte de la militancia más joven, temor a la "inorganicidad creativa" de los nuevos movimientos sociales). Allá donde se desarrollan espacios de interacción al margen de las campañas (foros, mesas de trabajo, redes locales), se trabaja denodadamente en encontrar unos mínimos de interacción en las asambleas, y los personalismos desaparecen ante la preocupación por la libertad común, encontramos una mayor fluidez para desactivar desencuentros y alcanzar consensos que tienen su reflejo en la práctica (por poner unos ejemplos, véanse las contra-cumbres de Barcelona o Cáceres; y también en Madrid la coordinación de espacios frente a la cumbre Unión Europea-América Latina).

El análisis de estos desencuentros nos lleva al tema de la hipersensibilidad frente al poder como una de las características de los movimientos sociales contemporáneos. Sus raíces pueden estar, en algunos casos, en el legado cultural e ideológico del anarquismo. Pero en realidad, es una característica que comparten integrantes e incluso colectivos que se declaran herederos de corrientes marxistas. Esta hipersensibilidad es, por tanto, un principio, más que un estado pasajero. Es decir, la democracia participativa o radical, el cómo al que están tan atentos muchos nuevos movimientos sociales, no se acoge como medio para llegar a, sino como base fundante de cualquier proyecto social. Aparte de constituir un principio, la radicalidad democrática trata de impulsar espacios anclados en lo local, que permitan constituir biografías personales y colectivas realmente alternativas al orden existente, y en las que las personas sean los centros y no las organizaciones. No es una cuestión de eficiencia o de nuevas metodologías de movilización, sino de valores políticos que, parcialmente, se ven impulsados por estructuras como internet, velando por la existencia constante de compartimentos sociales que no puedan ser fagocitados por un pensamiento o sistema organizativo, sea éste de la índole que sea. Las asambleas (del MST o de los movimientos de aquí), la búsqueda de acciones que liguen lo local a lo global (campamentos, ocupaciones, consultas sociales, llamadas a la acción, el trabajo en los barrios), han venido para quedarse. Y la incomprensión o el rechazo de esta cultura política genera a veces tensiones cuando se insiste en dar preeminencia a una hipotética estructura antes que a una coordinación demandada por una necesaria función; coordinación que ha de crecer al calor de experiencias compartidas y confianzas asentadas en el seno de una diversidad de sensibilidades políticas.

Así, el Foro Social de Génova no es una experiencia "transportable" a la realidad social de nuestro Estado. Las redes sociales que lo componen tienen un inusitado vigor fruto de múltiples experiencias locales (afianzamiento en los 90 de las redes de centros sociales okupados y de movimientos zapatistas como Ya Basta que pasaron a convertirse en importantes referentes políticos y culturales; sinergias positivas de base entre movimientos cristianos, pacifistas, ONGs, etc. como puede ser la Rete Lilliput; fortaleza del movimiento estudiantil), y de la confianza tejida, fruto de años de interacción en torno a dinámicas concretas de lucha política, entre movimientos sociales y ciertos sindicatos (Confederazione Cobas) y partidos (caso de Rifondazione Comunista, Verdi, y otros). El Foro Social de Génova debería ser, entonces, una experiencia aleccionadora e ilusionante de cómo traspasar el umbral de esta etapa "pre-social", caracterizada por una debilidad extrema de culturas sociales que se adecuen a un trabajo "en redes", lo que imposibilita un diálogo político sostenido y una construcción de discursos y acciones compartidos.

Por el contrario, parece que las campañas bajo la presidencia española de la Unión Europea se volverán a caracterizar por una preeminencia de la protesta y de la sensibilización en torno a las grandes cumbres. Propuestas de trabajo local que ayudasen a vertebrar y conectar redes de base han pasado desapercibidas. La ciudadanía difícilmente se va a acercar a unos movimientos sociales si éstos permanecen lejanos, desconectados entre sí y más pendientes de hacer valer intereses o visiones particulares del conflicto.

Atreverse a sugerir direcciones de los movimientos de solidaridad global es, más que arriesgado, un ejercicio poco recomendable, habida cuenta de que, sin obviar experiencias históricas de luchas sociales, estamos ya embarcados en una realidad política en la que los procesos son "muy actuales" y están "muy vivos"9. Por ello, me atreveré a sugerir algunas claves sobre las que deberíamos reflexionar para, sin decidir el hacia dónde caminar, sí nos ayuden a construir el cómo caminar: ·

  • Acción: sólo un adecuado balance (para poner en evidencia los conflictos y "resolverlos") entre iniciativas locales y globales nos permitirán agrandar nuestro tejido social; amén de hacer de la ciudadanía el sujeto histórico de cambio, debe buscarse la complementariedad entre desobediencias constructivas, sensibilización y presión institucional. ·
  • Coordinación: habilitación de espacios radicalmente locales y democráticos desde los que delegar en coordinaciones más globales atendiendo al contexto cultural y a las necesidades políticas; refuerzo de la comunicación entre redes sociales mediante espacios e iniciativas al margen de campañas que permitan compartir biografías y códigos culturales. ·
  • Sentido político: convivencia incluyente de grandes narrativas que puedan ir sedimentando en principios comunes, de tal manera que se prime el aumento de la vitalidad de los procesos reales en aras de lo común sobre los debates idealistas, los hechos inconexos y los deseos de marcar direcciones.

En cualquier caso, cada movimiento social deberá hacer un esfuerzo por entender posiciones y culturas que, en principio, nos parecerán "ajenas" o "contrarias" a "nuestro" espíritu de solidaridad. La articulación social exigirá firmeza en valores a la vez que generosidad en las iniciativas concretas10