MST bloqueia 8 rodovias em protesto contra violéncia da BM na Stora Enso

5 de marzo 2008

Protestos denunciam violações na ação da Brigada Militar em defesa de papeleira, que tem terras ilegalmente na fronteira

Oito rodovias do Rio Grande do Sul estão sendo bloqueadas por trabalhadores rurais Sem Terra, durante a manhã desta quarta-feira (05/03), para denunciar a violência e os abusos cometidos pela Brigada Militar e o governo Yeda Crusius durante o despejo de 900 trabalhadoras rurais da Fazenda Tarumã, em Rosário do Sul, de área ilegal da empresa Stora Enso.
 

As mobilizações das mulheres da Via Campesina prosseguem hoje em Porto Alegre, onde 250 trabalhadoras rurais montam um acampamento. Em Encruzilhada do Sul, estão reunidas 600 mulheres em outro acampamento.

Cerca de 50 camponesas foram feridas por balas de borrachas e estilhaços de bombas, além de agressões físicas pela Brigada Militar, sob ordens da Governadora e dos Comandantes Binsel e Paulo Mendes.

As agricultoras estão detidas desde as 17h da terça-feira sem alimentação. As 250 crianças, que estavam com suas mães, ficaram sem comer até a meia-noite de ontem. Duas agricultoras estão detidas.

A Fazenda Tarumã foi adquirida por uma empresa "laranja" de propriedade da finlandesa Stora Enso. Pela lei brasileira, empresas estrangeiras não podem comprar áreas na faixa de fronteira.  A empresa finlandesa também é uma das financiadoras da campanha da então candidata Yeda Crusius ao Governo do Estado. 

 

Protesto
 
Cerca de 900 mulheres da Via Campesina ocuparam a fazenda Tarumã, de 2.100 hectares, no município de Rosário do Sul, a aproximadamente 400 km de Porto Alegre, na manhã de terça-feira (04/03), quando iniciaram o corte de eucaliptos e o plantio de árvores nativas em área que pertence à empresa sueco finlandesa Stora Enso.

A transnacional estrangeira, pela legislação brasileira (lei nº 6.634  de 1979; e o artigo 20, parágrafo 2 da Constituição Federal), não pode adquirir terras em uma faixa de 150 km da fronteira do Brasil com outros países. No entanto, a transnacional vem comprando dezenas de áreas no Rio Grande do Sul, próximo da fronteira com Uruguai onde a empresa também tem plantios. A meta é formar uma base florestal de mais de 100 mil hectares e implantar fábricas na região.

Em nota distribuída à imprensa as mulheres declaram o seguinte: "Nossa ação é legítima. A Stora Enso é que é ilegal. Plantar esse deserto verde na faixa de fronteira é um crime contra a lei de nosso país, contra o bioma pampa e contra a soberania alimentar de nosso estado que está cada vez mais sem terra para produzir alimentos. Estamos arrancando o que ruim e plantando o que é bom para o meio ambiente e para o povo gaúcho". 

 

Multinacional age ilegalmente

A Stora Enso adquiriu as terras em nome da empresa Derflin, que é o braço da multinacional para produzir matérias-primas. Como a Derflin também é estrangeira não conseguiu legalizar as áreas. Por isso, a Stora Enso criou uma empresa laranja: a agropecuária Azenglever, de propriedade de dois brasileiros: João Fernando Borges e Otávio Pontes (diretor florestal e vice-presidente da Stora Enso para a América Latina, respectivamente). Eles são atualmente os maiores latifundiários do RS.


Cerca de 50 fazendas, totalizando mais de 45 mil hectares, já estão registradas em nome da Agropecuária Azenglever. Entre essas áreas, está a Tarumã, ocupada pelas mulheres camponesas. Há um inquérito na Polícia Federal responsável para investigar o crime, mas a empresa continua agindo livremente.      

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