Soberania alimentar e a agricultura

João Pedro Stédile, economista, integrante da coordenação nacional do MST e da Via Campesina, e Dom Tomás Balduino, bispo emérito da Diocese de Goiás, conselheiro permanente da CPT (Comissão da Pastoral da Terra), órgão vinculado à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil),

(artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 16-10-2008.)

Em 1960 , havia 80 milhões de seres humanos que passavam fome em todo o mundo. Um escândalo! Naquela época, Josué de Castro, que agora completaria 100 anos, marcava posição com suas teses, defendendo que a fome era conseqüência das relações sociais, não resultado de problemas climáticos ou da fertilidade do solo.

O capital, com as suas empresas transnacionais e o seu governo imperial dos Estados Unidos, procurou dar uma resposta ao problema: criou a chamada Revolução Verde. Ela foi uma grande campanha de propaganda para justificar à sociedade que bastava "modernizar" a agricultura, com uso intensivo de máquinas, fertilizantes químicos e venenos. Com isso, a produção aumentaria, e a humanidade acabaria com a fome.

Passaram-se 50 anos, a produtividade física por hectare aumentou muito e a produção total quadruplicou em nível mundial. Mas as empresas transnacionais tomaram conta da agricultura com suas máquinas, venenos e fertilizantes químicos. Ganharam muito dinheiro, acumularam bastante capital e, com isso, houve uma concentração e centralização das empresas. Atualmente, não mais do que 30 conglomerados transnacionais controlam toda a produção e comércio agrícola.

Quais foram os resultados sociais?

Os seres humanos que passam fome aumentaram de 80 milhões para 800 milhões. Só nos últimos dois anos, em função da substituição da produção de alimentos por agrocombustíveis, de acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), aumentou em mais 80 milhões o número de famintos. Ou seja, agora são 880 milhões.

Nunca a propriedade da terra esteve tão concentrada e houve tantos migrantes camponeses saindo do interior e indo para as metrópoles e mudando de países pobres para a Europa e os Estados Unidos. Somente neste ano, a Europa prendeu e extraditou 200 mil imigrantes africanos, a maioria camponeses.

Há oito milhões de trabalhadores agrícolas mexicanos nos Estados Unidos. Setenta países do hemisfério sul não conseguem mais alimentar seus povos e estão totalmente dependentes de importações agrícolas. Perderam a auto-suficiência alimentar, perderam sua autonomia política e econômica.

O pior é que, em todos os países do mundo, os alimentos chegam aos supermercados cada vez mais envenenados pelo elevado uso de agrotóxicos, provocando enfermidades, alterando a biodiversidade e causando o aquecimento global. Isso acontece porque as empresas transnacionais padronizaram os alimentos para ganhar em escala e lucros. Os alimentos devem ser produzidos de acordo com a natureza, com a energia do habitat.

A comida não pode ser padronizada, uma vez que faz parte de nossa cultura e de nossos hábitos. Diante disso, qual é a saída? O Estado, em nome da sociedade, deve desenvolver políticas públicas para proteger a agricultura, priorizando a produção de alimentos. Cada município, região e povo precisa produzir seus próprios alimentos, que devem ser sadios e para todos. Assim nos ensina toda a historia da humanidade. A lógica do comércio e intercâmbio dos alimentos não pode se basear nas regras do livre mercado e no lucro, como pretende impor a OMC.

Por isso, consideramos o alimento um direito de todo ser humano, e não uma mercadoria, como, aliás, já defende a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Cada povo e todos os povos devem ter o direito de produzir seus próprios alimentos. Isso se chama soberania alimentar. Não basta dar cesta básica, dar o peixe. Isso é a segurança alimentar, mas não é soberania alimentar. É preciso que o povo saiba pescar!

No Brasil, com um território e condições edafoclimáticas tão propícias, não temos soberania alimentar. Importamos muitos alimentos, do exterior e entre as regiões do país. Mesmo em nossas "ricas" metrópoles, o povo depende de programas assistenciais do governo para se alimentar. A única forma é fortalecer a produção dos camponeses, dos pequenos e médios agricultores, que demandam muita mão-de-obra e têm conhecimento histórico acumulado.

A chamada agricultura industrial é predadora do ambiente, só produz com agrotóxicos. É insustentável a longo prazo. Por isso, neste 16 de outubro, Dia Mundial da Alimentação, as organizações camponesas, movimentos de mulheres, ambientalistas e consumidores faremos manifestações em o todo mundo para denunciar problemas e apresentar propostas para que a humanidade, enfim, resolva o problema da fome no mundo.

Syngenta cede ?rea de experimentos ilegais de transgénicos para Estado do PR

14/10/2008

A transnacional suiça Syngenta Seeds assinou a escritura de cessão da área de 127 hectares usada para a realização de experimentos transgênicos ilegais, em Santa Tereza do Oeste, no Paraná, nesta terça-feira hoje (14), durante a Escola de Governo do Paraná. A área, ocupada três vezes por famílias da Via Campesina, foi palco do assassinato de Valmir Mota de Oliveira, conhecido como Keno, em 21 de outubro de 2007.
A coordenação da Via Campesina no Paraná acredita que a vitória só foi possível por causa da luta incansável e da resistência dos camponeses, que permaneceram acampados na região por mais de dois anos. Além do apoio e da solidariedade internacional, a posição do governo do Paraná também foi importante para resolver o conflito em benefício dos trabalhadores rurais.

Após a reocupação do local pelos camponeses da Via Campesina, em outubro do ano passado, cerca de 40 homens de uma milícia armada, identificada como seguranças da empresa NF, contratada pela Syngenta, atacaram o acampamento Terra Livre. Keno se tornou o primeiro mártir das transnacionais, executado por uma milícia privada dentro da área de uma das maiores multinacionais de biotecnologia, responsável pelo maior caso de contaminação genética comprovado no planeta.

Segundo o governador do Estado, Roberto Requião (PMDB), o local será administrado pelo IAPAR (Instituto Agronômico do Paraná), que vai se dedicar a produzir e multiplicar sementes crioulas que serão distribuídas aos pequenos agricultores do Paraná e enviadas aos países pobres que foram devastados pelos recentes furacões.

A Via Campesina espera ser parceira do projeto com o governo estadual, que irá transformar o local em um Centro de Referência de Sementes Crioulas. Desde a primeira ocupação da área, em março de 2006, a entidade defende essa proposta. Além disso, a colisão de movimentos do campo faz o compromisso de seguir na luta para a construção de um projeto soberano para a agricultura camponesa, fundamentado na agroecologia, no respeito aos camponeses, na preservação da biodiversidade e na soberania alimentar como um princípio necessário de sobrevivência da humanidade.

Cronologia ocupação área da Syngenta

Março de 2006 – A Ong Terra de Direitos recebe denúncias que a Syngenta cultivava experimentos ilegais de soja e milho transgênico dentro da zona de amortecimento do Parque Nacional do Iguaçu, em Santa Tereza do Oeste. As denúncias são encaminhadas ao Ministério Público e a Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), e confirmadas por vistoria do próprio Ibama, constando o crime em cerca de 12 hectares no campo de experimento da empresa, á 6 km do Parque Nacional do Iguaçu.

14 de março de 2006 – 600 camponeses da Via Campesina ocupam o campo experimental da transnacional, Syngenta Seeds, em Santa Teresa do Oeste, com objetivo de fortalecer a denúncia de experimentos ilegais de transgênicos. O local foi transformado no "Acampamento Terra Livre". A ocupação aconteceu durante o 3º Encontro das Partes do Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança (MOP-3) e da 8ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP-8), em Curitiba. Após a ocupação a transnacional foi multada pelo Ibama em R$ 1 milhão, por praticar experimentos e plantio de soja e milho transgênicos próximo ao uma unidade de conversação, o que era proibido pela Lei de Biossegurança nº 11.105/2005).

Outubro de 2006 – Devido a um mandato de reintegração de posse, os camponeses da Via Campesina são obrigados a desocupar a área, montando acampamento em frente ao local, nas margens da PR-163.

Novembro de 2006 – O governador do Paraná, Roberto Requião desapropria a área da Syngenta para a implantação de um Centro de Pesquisa e Estudo em Agroecologia. Na época mais de 170 entidades do Brasil e do exterior apoiaram a desapropriação do local.

Fevereiro de 2007 – As famílias da Via Campesina reocuparam a área. Época em que o Tribunal de Justiça do Paraná também concedeu liminar de reintegração de posse à Syngenta e suspendeu os efeitos do decreto de desapropriação do campo experimental, do Governador do Paraná.

20 de abril 2007 – Em uma decisão de lobby pró-transgênicos, por unanimidade os desembargadores do Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Paraná suspendem definitivamente o decreto de desapropriação de Requião.

18 de julho de 2007 – Devido à nova reintegração de posse, as 70 famílias da Via Campesina foram obrigadas a desocuparam a área, permanecendo acampadas em frente ao campo de experimentos.

20 de julho – Seguranças armados da "NF Seguranças", empresa contratada pela Syngenta e ligada a Sociedade Rural Oeste (SRO), invadiram lotes no assentamento Olga Benário, efetuando disparos e ameaçando as famílias assentadas. Na época, a Via Campesina denunciou as ameaças a Polícia Federal, Ouvidoria Agrária Nacional e Estadual, e à Secretaria de Segurança Pública do Paraná.

21 de outubro de 2007 – A Via Campesina reocupa o campo de experimentos, dia que é assassinado o militante Valmir Mota de Oliveira (o Keno), durante ataque de uma milícia armada, identificada como "seguranças da empresa NF", contratada pela Syngenta, ao acampamento "Terra Livre", que deixou mais cinco trabalhadores gravemente feridos.

Junho de 2008 – Devido às inúmeras batalhas judiciais e reintegrações de posses concedidas à Syngenta pela justiça do Paraná, os camponeses/as são novamente obrigados a desocupar a área.

21 de outubro de 2008 – Um ano de assassinato do militante da Via Campesina Valmir Mota de Oliveira.

A Via Campesina exige justiça em relação ao caso, e luta para que os responsáveis do ataque contra os camponeses/as sejam punidos.
Keno Vive!
Globalizamos a luta, globalizamos a esperança!
As sementes são patrimônio da humanidade!

Manifiesto del 6ºForo por un Mundo Rural vivo celebrado en Andorra (Teruel) del 3 al 5 de octubre

¡PODRÁN SACARNOS DE LA TIERRA PERO NO PODRÁN SACAR LA TIERRA DE
NOSOTROS Y NOSOTRAS!

Reunidos en Andorra, Teruel todas las organizaciones pertenecientes a la Plataforma
Rural y compañeros de Vía Campesina, acordamos asambleariamente el siguiente
manifiesto:
De nuevo el mundo rural se moviliza. El presente documento recaba los anhelos de todas
las personas que han hecho un importante esfuerzo porque PLATAFORMA RURAL siga
adelante en su lucha por UN MUNDO RURAL VIVO.

En este momento de nuestra historia, siguen existiendo motivos para seguir trabajando
por nuestros pueblos de forma aliada y solidaria con el conjunto de las fuerzas sociales
que reclaman ese cambio en el medio rural.

Recampesinizar la sociedad en los contextos geográficos del mundo de los opulentos es
una tarea tan urgente como necesaria para plantear con objetividad el futuro de la
humanidad. Recampesinizar la sociedad significa volver la mirada al campo y a los
campesinos y campesinas que a lo largo de la historia supieron trabajar la Tierra con
criterios de sostenibilidad”.

En las agendas de las instituciones internacionales que deciden hacia dónde debe
encaminarse la vida de la humanidad no hay lugar para el mundo rural. Partiendo de la
Unión Europea, y todo lo que han significado la aplicación de las PAC (Políticas Agrarias
Comunitarias), pasando por la OMC (Organización Mundial del Comercio) y llegando
hasta los organismos multilaterales, que con sus acuerdos fuera del control democrático
doblegan a los Estados, se nos ha impuesto un modelo de desarrollo neoliberal, hoy más
que nunca deslegitimado ante la sociedad y que nosotros y nosotras no hemos pedido.
El modelo de desarrollo vigente se ha olvidado del medio rural y de quienes lo habitan.
Esto ha provocado en los países ricos, la casi total desaparición de la agricultura local, los
mercados cercanos, las economías diversificadas y ha desmantelado los servicios
públicos que permiten dignificar las vidas de los seres humanos.

PLATAFORMA RURAL defiende como alternativa posible y necesaria al sistema
económico actual, que trafica con los alimentos y los seres vivos como si fueran pura
mercadería, un modelo basado en la Soberanía Alimentaria y la Reforma Agraria para que
LA TIERRA TENGA UN USO CAMPESINO Y SOCIAL

Este manifiesto no es sin embargo un cúmulo de palabras amargas, de quejas o de
rendiciones, sino todo lo contrario. Es una construcción de redes de trabajo conjunto, de
alternativas reales, de esperanza, de sensibilización y sensibilidad social, de estrategias
concretas que nos acercan sin prisa pero sin pausa al modelo social que queremos.
Quienes hemos participado en el 6º Foro por un Mundo Rural Vivo, hemos caminado
hacia acciones palpables y consensuadas sobre los temas estratégicos que nos atañen:
supermercadismo, comercio local, agrocombustibles, transgénicos, malas políticas de
instituciones públicas, turismo responsable, servicios públicos, educación, agricultura
campesina, uso social e integral del agua y arte y artistas en el medio rural:

NUESTRAS LÍNEAS DE ACCIÓN Y COMPROMISOS FUTUROS SON:

Supermercadismo: Grandes Superficies, No Gracias
Las redes de consumo local están totalmente debilitadas y desmanteladas por el modelo
de consumo impuesto por las Grandes Superficies que arrasa con el comercio cercano y
explota a sus trabajadores y trabajadoras. Por eso, organizaremos acciones para el día 17
de noviembre, Día Internacional Contra las Grandes Superficies en todo el territorio
nacional. Además, emplearemos internet como un cauce de colectivización de toda la
información que circule en torno a este tema. Se publicará en la red un directorio de
puntos de venta alternativos: cooperativas de consumo, cestas de alimentación ecológica,
tiendas, etcétera y se creará un directorio de los comedores públicos que en el territorio
nacional hayan instaurado el menú ecológico.

Comercio local: ¡Una parcela de humanidad, por favor!
Los mercados locales son un lugar para la visualización de los productos, disfrute de los
consumidores y consumidoras, cambio de significado de la comida, biodiversidad,
recuerdos familiares, reparto de la riqueza…
Para que el comercio local no sea una especie en extinción, PLATAFORMA RURAL se
compromete a: elaborar un catálogo de productos campesinos de confianza, que sea un
instrumento de socialización de la información, facilitar la comunicación entre productores
y productoras y consumidores y consumidoras, y promover nuevas vías de
comercialización.

Agrocombustibles: Nuestros estómagos a merced de la especulación con el cereal
La crisis alimentaria se ha visto agudizada por el incremento del precio de los alimentos
básicos resultado de la especulación con las materias primas y las expectativas creadas
por los agrocombustibles. Estos son un producto diseñado para ser cultivado en grandes
superficies de monocultivo, por parte de grandes empresas transnacionales, que
amenaza el modo de vida campesina y la seguridad alimentaria. Frente a la crisis
energética global que se avecina, los agrocombustibles no suponen una alternativa viable,
ya que están deteriorando la fertilidad de los suelos, deforestando extensas áreas
tropicales y amenazando la biodiversidad de los ecosistemas.
PLATAFORMA RURAL denunciará la especulación alimentaria que estamos sufriendo en
los medios de comunicación y realizará un audiovisual que plasmará las conexiones que
existen entre la introducción de los agrocombustibles en el mercado y la especulación con
las materias primas agrícolas.

Transgénicos: ¿Qué nos estamos comiendo?
La plataforma se opone rotundamente al uso y cultivo de transgénicos. Denunciamos que
las plataformas anti-transgénicos carecen hoy en día del apoyo del gobierno nacional. La
industria transgénica hace de las suyas y está contaminando sistemáticamente los
cultivos. En Aragón, por ejemplo, la contaminación del maíz asciende al 60- 70 %. Los
alimentos modificados genéticamente causan efectos nocivos sobre la salud y amenaza la
biodiversidad.
La campaña catalana Som lo que sembrem ha presentado una propuesta al Parlamento
Catalán que exige que: Catalunya se declare zona libre de transgénicos, se investigue
sobre los efectos de los transgénicos sobre la salud y el medioambiente, se invierta en
investigación sobre agricultura ecológica y se especifique qué alimentos son transgénicos
mediante un etiquetado regulado. PLATAFORMA RURAL se compromete a darle
seguimiento a los resultados de esa iniciativa.
Los grupos locales de PLATAFORMA RURAL que trabajan por la erradicación de los
Transgénicos, se comprometen a organizar conjunta y asambleariamente la Semana
Estatal de lucha Antitransgénica. Esta comisión de trabajo ha escogido la segunda
semana de abril de 2009 para celebrarla, ya que el 17 de abril conmemora el Día
Internacional de la Lucha Campesina.

Malas políticas: El futuro de la alimentación nos incumbe a todos
El modelo de agricultura social y campesina está siendo atacado por otro modelo dirigido
a los mercados globales, y fundamentalmente a los mercados especulativos. La PAC
unida a la liberalización del comercio (los Tratados Bilaterales de Libre Comercio y la
OMC), trata los productos agrarios como simple mercadería sin tener en cuenta que son
básicos para la vida de los seres humanos.
Por ello, a iniciativa de COAG, y apoyado por, PLATAFORMA RURAL, diferentes
asociaciones ecologistas y de consumidores y consumidoras se ha elaborado un
manifiesto titulado “El futuro de la agricultura y de la alimentación nos incumbe a todos y
todas: Por otra política agraria”, desde el cual se insta a los gobiernos de la Unión
Europea a reflexionar sobre el fracaso de su política agraria y a dar un giro en sus
propuestas, orientándolas hacia un marco que respete la soberanía alimentaria de los
pueblos, la sostenibilidad y las necesidades reales de los campesinos de todo el mundo.
PLATAFORMA RURAL: buscará adhesiones al manifiesto y lo utilizará como herramienta
de presión política a nivel europeo, estatal, autonómico y comarcal; creará un grupo de
trabajo permanente de malas políticas; fomentará sinergias entre asociaciones para hacer
presión política conjunta; incrementará la formación política; dinamizará alternativas como
los mercados transparentes como acción de denuncia; velará por un mayor conocimiento
de la especulación financiera de bancos y empresas en relación al sector agroalimentario;
y elaborará una propuesta de acción local contra los bancos y el sistema financiero como
una de las mayores causas de la actual crisis agroalimentaria.

Turismo responsable y soberanía alimentaria: Viaja, pero con respeto
Creemos firmemente en un modelo de turismo alternativo que, lejos del devastador e
insostenible turismo de masas potencie unos valores humanos más justos y un mayor
desarrollo de la comunidad local.
PLATAFORMA RURAL se compromete a afianzar la relación entre los distintos actores
del turismo responsable mediante la creación y consolidación de una red de trabajará tres
ejes estratégicos: definición y sistematización el concepto de Agroturismo dentro del
marco del Turismo Responsable; impulso, apoyo y visibilización de procesos de
denuncia; establecimiento de espacios de formación, información y educación para todos
los actores implicados. Además, en marzo de 2009 se llevará a cabo un encuentro sobre
Turismo Responsable, Soberanía Alimentaria y Desarrollo Rural promovido por la
plataforma.

Servicios públicos: ¡NO a su desmantelamiento y privatización!
Resaltamos la importancia que tienen los servicios públicos para que el medio rural siga
vivo, para que las personas permanezcan en el territorio, con una vida digna y de calidad,
frente a la tendencia de las administraciones a su progresiva privatización. Es necesaria la
puesta en valor de los servicios públicos, en lugar del actual desprestigio que sufren. Los
servicios públicos que necesitan ser mejorados con urgencia son: el transportes, el
acceso a la vivienda, la ley de dependencia (que queremos que se adapte al medio rural)
y la sanidad.
PLATAFORMA RURAL creará un blog y una lista de correo que facilite la relación y el
intercambio de información entre las personas y asociaciones interesadas; establecerá
contactos con organizaciones, y personas que tengan amplia experiencia en el tema;
solicitará la elaboración de un estudio sobre la situación de los servicios públicos en el
medio rural; y promocionará redes de intercambio de bienes materiales, servicios y
conocimientos como colectivización de trasporte, cooperativas de enseñanza, cuidado de
los niños y niñas y las personas mayores.

Educación: ¡Rescatemos el saber rural!
La educación es un proceso de intercambio constante a lo largo de nuestras vidas que
nos capacita para ser críticos y críticas, autónomos y autónomas, y libres. Los
conocimientos de los habitantes del medio rural están infravalorados por la sociedad y por
ellos mismos. Para conseguir un mundo rural vivo, participativo, comprometido, en el que
se respete la igualdad entre hombres y mujeres, socialmente entrañable, en el que se
aumente la autoestima de los campesinos y campesinas, acogedor, consideramos
necesario rescatar, valorar, compartir y conservar los saberes del medio rural que están
infravalorados. PLATAFORMA RURAL en el marco de la Universidad Rural Paulo Freire
continuará trabajando por la recuperación y preservación del saber rural; además
dinamizará el asociacionismo en el medio rural; y trabajará por promocionar redes de
intercambio de bienes materiales, servicios y conocimientos entre los habitantes del
medio rural.

Agricultura campesina
Las políticas actuales son las responsables del fin de la agricultura campesina. Las
instancias competentes en la materia ignoran a las pequeñas producciones buscando
conscientemente nuestra desaparición. Los campesinos y campesinas que pertenecemos
a PLATAFORMA RURAL reivindicamos la resistencia y la desobediencia consciente
frente al marco normativo actual que no respeta la agricultura campesina.
Reconocemos que la agricultura campesina ha ignorado y minusvalorado el papel de las
mujeres como compañeras campesinas relegándolas a un segundo plano y nos
proponemos actuar desde lo personal a lo organizativo para superar esta situación.
Es necesario que el campesinado refuerce su conciencia política para que defienda sus
valores en todos los espacios y luchas. La plataforma quiere: avanzar hacia la
autorregulación del modo de vida campesina que sería posible con un marco regulatorio
propio; romper el aislamiento que existe entre los campesinos y campesinas para
recomponer y fortalecer las redes de relación y construcción colectivas; fomentar la
corresponsabilidad entre agricultores y agricultoras y comerciantes; y revalorizar la
producción campesina.

Uso social e integral del agua: Por un contrato Mundial del Agua
La población occidental se asienta sobre una insensibilidad total en relación con el
problema del agua en el mundo. El problema del agua es un problema global. Miles de
millones de habitantes no tienen acceso al agua cerca de sus casas. De continuar la
tendencia, más de la mitad de la población mundial no contará con una cantidad suficiente
de agua para el consumo básico. El agua es un recurso público de todos que no se puede
privatizar. Es urgente y necesario un contrato mundial del Agua que manifieste que: el
agua es una fuente de vida y un bien común, el acceso al agua es un derecho no sujeto a
discusión, la responsabilidad del acceso a este recurso es colectivo.

Arte y cultura: ¡Arte, que te quiero libre!
La intervención artística cobra sentido cuando esté ligada a una comunidad y a un
entorno, sujeto creativo y a la vez objeto de inspiración para la creación artística, esta idea
adquiere un sentido rotundo cuando se aplica al medio rural. Entendemos el arte como
herramienta para la autoorganización de las personas, como agente activo en ese
proceso, y para el desarrollo de la persona, en cuanto arte por el arte.
Debemos revitalizar las raíces culturales locales, enriquecidas por el mestizaje y frenar la
homogeneización cultural. Reformular identidad con una visión abierta y contemporánea
de la tradición, que ligue arte y artesanías. Creemos necesario ocupar espacios oficiales,
reclamar recursos públicos, intervenir en la vida política (democracia directa, etcétera)
influir en las políticas culturales hacia nuestros criterios- como es la descentralización del
sistema cultural.
PLATAFORMA RURAL se compromete a: reactivar el grupo de artistas E-NORTE creado
en el pasado Foro y a organizar y celebrar en el 2009, el primer Encuentro de Artistas por
un Mundo Rural Vivo.

Es hora de la SOBERANÍA ALIMENTARIA.
El VI foro por un mundo rural vivo, nos ha posibilitado dar un paso importante
en el camino hacia la soberanía alimentaria. El conjunto de organizaciones participantes
nos hemos comprometido a lo largo de los dos próximos años a seguir trabajando bajo el
espíritu de Nyeleni.
La soberanía alimentaria es nuestra propuesta frente al modelo neoliberal
destructor de nuestro mundo rural, es un derecho básico ciudadano, no solo campesino, y
este derecho lo vamos a conquistar desde lo local a un marco internacional, construyendo
alianzas con toda la diversidad pero con el objetivo de construir las alternativas concretas
que radicalmente cambien en pro de un mundo rural vivo. Nos comprometemos a crear
una red que aglutine las resistencias y las diferentes alternativas que ya tenemos en
marcha, que juntos y juntas acumulemos nuestras fuerzas para desarrollar un plan de
acción que interpele a las instituciones locales y nacionales para cambiar las políticas
agrarias económicas y sociales.

¡Hasta el próximo Foro!
Nos quedan por delante dos años de arduo trabajo en los que nos hemos comprometido a
dignificar la vida en el medio rural. Sólo nos queda decir que desde PLATAFORMA
RURAL sólo anhelamos VIVIR BIEN y que se nos deje conciliarnos con la Tierra porque
VIVIR EN UN PUEBLO MERECE LA PENA.
Con todos los rurales y los campesinos y campesinas del mundo, una vez más,
¡¡¡Globalicemos la lucha, globalicemos la esperanza!!!

[Radioagéncia NP en Español] Notícias do Brasil:

#Premiar a los agentes de la masacre de Carajás es irresponsabilidad, dice MST

#Incra decreta la retirada de la transnacional Monsanto de asentamiento en Mato Grosso       

#MST atribuye victoria política contra represión al apoyo social

#Premiar a los agentes de la masacre de Carajás es irresponsabilidad, dice MST
Los soldados que participaron de la masacre de Eldorado de Carajás, en abril de 1996, fueron promovidos a cabo por el gobierno estadual. La gobernadora Ana Júlia Carepa (del Partido de los Trabajadores) sancionó el viernes, día 26, una ley estadual que permite la promoción de policías militares que responden a procesos judiciales. La medida fue aprobada por unanimidad en la Asamblea Legislativa. Según la asesoría del gobierno, la ley pretende “corregir una desigualdad”. Lea más: http://www.radioagencianp.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=5578&Itemid=39

 

#Incra decreta la retirada de la transnacional Monsanto de asentamiento en Mato Grosso       
La empresa transnacional estadounidense Monsanto deberá retirarse de un área equivalente a veintiséis campos de fútbol, ubicada dentro del asentamiento de reforma agraria en la ciudad de Campo Verde, en Mato Grosso, región centro oeste brasileña. La decisión fue tomada por el Instituto Nacional de Colonización y Reforma Agraria (Incra). El área fue adquirida de modo ilegal por la empresa y era utilizada para la realización de experimentos con transgénicos. El Ministerio Público y la Policía Federal deben garantizar el cumplimiento de la decisión. Lea más: http://www.radioagencianp.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=5575&Itemid=39

 

#MST atribuye victoria política contra represión al apoyo social
El Ministerio Público (MP) del estado de Río Grande do Sul, en la región sur brasileña, elaboró, en diciembre del último año, un informe que exigía la disolución del Movimiento de los Trabajadores Rurales Sin Tierra (MST). El documento suponía una serie de acciones de represión por parte de la Brigada Militar, como el cierre de escuelas en los asentamientos y desalojo de trabajadores asentados. Pero, en nota divulgada a la prensa, el movimiento cree que revertió tal cuadro. Lea más: http://www.radioagencianp.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=5530&Itemid=39

MST informa nº 153 Miércoles 24 de septiembre de 2008

El petroleo tiene que ser nuestro!!

La sociedad brasileña necesita realizar un gran debate sobre la explotación, producción y uso del petróleo encontrado en la capa pré-sal (1) . La gerencia de nuestros recursos naturales como el petróleo, los minerales, el agua y la tierra, debe ser controlada por el pueblo y administrado a partir de los intereses nacionales.

La gran descubierta del pré-sal tiene potencial para la producción de entre 50 y 100 mil millones de barriles de petróleo. Los especialistas más optimistas apuntan la existencia de más de 300 mil millones de barriles. Hasta entonces Brasil tenía 12 mil millones de barriles en reservas de petróleo, el número 16º del ranking mundial.

El salto del país en esa área es del tamaño de la responsabilidad de los gobiernos, del Estado y de la sociedad para garantizar que nuestro petróleo contribuya al desarrollo nacional, con el combate a la pobreza y a la desigualdad social. El presidente Lula, en su pronunciamiento en la cadena de radio y televisión del día 7 de Septiembre, anunció un compromiso claro: “Los recursos de los yacimiento de pré-sal serán canalizados, prioritariamente, para la educación y la erradicación de la pobreza. Vamos a aprovechar esa gran cantidad de recursos para pagar la inmensa deuda que nuestro país tiene con la educación”.

Esperamos que las palabras del presidente sobre el pré-sal no se conviertan en papel mojado, aumentando la colección de promesas no cumplidas por el gobierno, como la Reforma Agraria. Tenemos el compromiso, que reafirmamos en la carta final de nuestro 5º Congreso Nacional, de luchar por la soberanía popular y, con esa descubierta, el pueblo brasileño necesita posicionarse sino corremos el riesgo de perder una más de nuestras riquezas.

El primer paso es hacer grandes movilizaciones por un nuevo marco de regulación para el sector. Una de las herencias malditas del gobierno de Fernando Henrique Cardoso, la Ley del Petróleo, aprobada en 1997, aumentó la influencia de las empresas privadas, nacionales y extranjeras, y situó una riqueza fundamental bajo las reglas del mercado internacional, comprometiendo la soberanía nacional.

En 10 años, el gobierno federal entregó más de 500 áreas de explotación de petróleo para 72 grupos económicos, siendo la mitad de estos, extranjeros. Además de esto, Brasil es el país que recibe el menor porcentaje de royalties y participaciones por el petróleo. El Estado brasileño recibe actualmente el 54 %, mientras Libia está en el 95 %, Cazaquistán, Nigeria, Angola, más del 80 % y Noruega, el 78 %.

No podemos continuar con este modelo y solamente con el cambio de las reglas del sector será posible beneficiar a todo el pueblo brasileño con los recursos naturales de nuestro país. El Forum Nacional en Defensa del Petróleo, que reúne a sindicatos, entidades y movimientos sociales como el MST y Vía Campesina, tiene propuestas concretas y realiza la campaña “El Petróleo tiene que ser nuestro”.

El gobierno necesita interrumpir inmediatamente las subastas de las áreas que se explotan, parar la exportación de petróleo crudo, posibilitando agregar más valor y desarrollar la industria nacional, cambiar el marco regulador para garantizar la soberanía nacional y crear un fondo constitucional para vincular la inversión de la renta del petróleo en educación, salud, vivienda y Reforma Agraria.

Brasil es el octavo mayor consumidor de petróleo del mundo. Con el pré-sal tenemos condiciones de garantizar energía para nuestro desarrollo económico y social a largo plazo. Necesitamos pensar en el futuro  y construir un proyecto para nuestro país. La exportación desenfrenada de petróleo nos puede obligar a volver a importar en 20 años y, por eso, es necesario controlar el ritmo de la explotación.

La discusión sobre el petróleo no puede realizarse de manera aislada. Necesitamos aprovechar la oportunidad para hacer un gran debate sobre la gerencia de nuestras riquezas naturales y el desarrollo nacional.

Dirección Nacional del MST

 (1) Denominación del yacimiento de petróleo de alta calidad que se localiza en la costa marina entre los estados de Espírito Santo y Santa Catarina debajo de una capa de sal, a unos siete mil metros de profundidad.

 

Entrevista João Pedro Stédile en Jornal dos Economistas. Agosto 2008

Quem tem medo de Stedile ?

Jornal dos Economistas.  Conselho Regional de Economia do Rio de Janeiro, agosto de 2008.

http://www.corecon-rj.org.br/pdf/je_agosto_2008.pdf

Entrevista – João Pedro Stédile (*)

 

P: Por favor, esclareça a natureza da ação do Ministério Público do Rio Grande Sul contra o MST.

 

João Pedro Stedile: Depois da eleição do governo conservador da Yeda crusius, um grupo de promotores direitistas do MPE, comprometidos ideologicamente com as forças mais reacionárias do estado, passou a se reunir para articular diversas ações judiciais que visavam criminalizar os movimentos sociais no campo, em especial o MST e os demais movimentos da via campesina. Chegaram a fazer uma ata de uma dessas reuniões aonde combinavam que a melhor forma de destruir o MST seria abrir processos, que: impedissem a continuidade de acampamentos, pois eles seriam a nossa força organizada e mobilizável; impedissem que se realizassem marchas pelas estradas e a forma seria impedir que as famílias levassem crianças juntos, aí ficaria mais fácil a policia reprimir; tentassem fechar as três escolas que o MST mantém de formação técnica e que funcionam em convênio com escolas publicas legalizadas; cadastrassem todas as famílias já assentadas, para medir seu grau de produtividade; e instalassem processos criminais contra as principais lideranças.

A reunião se realizou, pasmem, dia 10 de dezembro de 2007, dia dos Direitos Humanos, e durante todo o ano de 2008, foram executadas várias ações judiciais a pedido desses promotores contra o MST, que resultaram em despejos ilegais de acampamentos e perseguições. E inclusive, num dos despejos realizado em março de 2007, houve prática massiva de tortura contra as mulheres acampadas, por parte da Brigada Militar.  Os fatos foram denunciados por uma promotora pública, que instaurou processos contra os comandantes da Brigada. O processo foi arquivado e a promotora, diante de ameaças de morte por telefone, teve que passar todo ano, até poucos dias, “estudando” na Espanha, a conselho de seus superiores.

Nós, na época, não entendíamos tanta perseguição, com tantos processos. Agora, passamos a compreender as verdadeiras motivações.

Essa articulação foi tão sórdida, que eles colocaram que a ata deveria se manter em sigilo de justiça. Mas um deles, por desatenção, incluiu a ata, num dos processos que tentou incriminar nossas lideranças. Com isso, o caso veio a publico, e aí se desvendou o mistério. O procurador geral do Ministério Público do estado teve que denunciar que não era a posição oficial do MPE, e que se tratava apenas de uma iniciativa isolada de alguns promotores. E como desagravo ao MST, eles promoveram inclusive uma visita pública de alguns procuradores e parlamentares a um assentamento e acampamento do MST.

Por outro lado, essa articulação dos promotores servia de base para que a Brigada Militar aumentasse sua sanha repressiva, que estava combinada com a nomeação do coronel Mendes, como comandante geral, um homem claramente identificado com as idéias fascistas, que está partidarizando a atuação da corporação. E  transformou a polícia militar num cão de guarda dos interesses das empresas transnacionais no Rio Grande do Sul. Qualquer manifestação pública, qualquer ocupação de terra, greve ou passeata de estudantes ou professores, é “exemplarmente” reprimida com uma violência descomunal, que já levou diversos companheiros à UTI e à prisão.

 

P: Como o senhor avalia esta ação? Que interesses estão por trás deste esforço do MP gaúcho?

 

R: Nossa avaliação é de que está havendo uma mudança no poder político no Estado do Rio Grande do Sul. Em anos da ditadura, o poder político da velha Arena-PP se baseava na pequena agricultura e na Igreja Católica conservadora. Depois, com a redemocratização, o PMDB teve sua base social no pequeno empresariado e na agricultura moderna. Mais tarde, o PT ganhou força baseado nos trabalhadores da cidade e do campo. E nos últimos, a economia gaúcha foi transferida para poucos e grandes grupos econômicos vinculados ao capital internacional. Na indústria, houve uma quebradeira das pequenas e médias indústrias, de consumo de massa, como calçados, vestuário, material esportivo e móveis. E predominou a grande siderúrgica, que é um monopólio do Gerdau. E as fábricas de máquinas agrícolas, todas elas vinculadas ao capital estrangeiro, mais a General Motors com sua fábrica. Na área de fertilizantes, que havia tradição no estado, tudo foi desnacionalizado, e hoje apenas três empresas transnacionais controlam todo o processo. E na agricultura, a Monsanto, a Nestlé e as papeleiras Stora Enso, Votorantim e Aracruz, tomaram conta.

O governo Yeda Crusius representa esses interesses econômicos das empresas transnacionais. Mas ela não tem nem partido, nem base social.   Então, para se eleger, se apoiou em esquemas corruptos, que envolveram o Detran, o Banrisul e as empresas, para levantar milhões e conseguir ganhar as eleições, como está documentado numa CPI e num inquérito da Policia Federal. E se mantém graças ao monopólio da mídia, representado pelo grupo RBS/Rede Globo.

Diante desse cenário, os grupos sociais que se mobilizaram continuando suas lutas foram a Federação dos Metalúrgicos, os professores e os movimentos da via campesina. Então, o governo Yeda voltou sua máquina dos promotores direitistas do Ministério Público e a Brigada Militar para reprimir esses movimentos e derrotá-los. Felizmente, a opinião pública gaúcha está recebendo as informações através de rádios comunitárias e de outras formas, e se deu conta de toda essa porcalhada que representa o governo Yeda Crusius.

Mas como estamos em descenso do movimento de massas, em geral, e com os partidos da esquerda eleitoral, como o PT e o PSOL, mais preocupados com as eleições municipais, não foi possível realizar um grande movimento de massas, que conseguisse o necessário impeachment da governadora.


P: Que providências o MST tomou ou vai tomar para se contrapor à ação?

 

R: Bem, nós estamos atuando em várias frentes. A prioridade número um é denunciar a repressão da Brigada Militar, e impedir esse processo permanente de criminalização dos movimentos sociais do estado.

Em relação ao Ministério Publico Estadual, já conseguimos barrar a ação daquele pequeno grupo de não mais do que cinco, que se articulou por motivação ideológica. Basta dizer que um deles, ao se expor na imprensa, disse que o MST, além de estar vinculado às FARC, deveria pedir socorro ao seu chefe maior, que seria o presidente Lula.

O mais oneroso, e que gasta mais energia, é que estão em curso ainda diversos processos, nos quais nossos advogados precisam atuar, embora tenhamos contado com a solidariedade de todas as entidades e da opinião pública nacional. Para que os leitores tenham uma idéia, o MPE recebeu 911 mensagens com críticas de entidades do Brasil e do exterior.

Agora, o mais grave é o processo que outra promotora pública federal se achou no direito de abrir, que enquadra oito companheiros militantes do MST na Lei de Segurança Nacional, na comarca federal do município de Carazinho. É um absurdo tentar impedir a luta pela reforma agrária enquadrando numa lei famigerada da ditadura militar. E o processo está correndo em segredo de justiça, bem aos moldes da ditadura. Nossos companheiros já foram ouvidos. Nós arrolamos 80 testemunhas para provar que a luta pela reforma agrária é um direito. Arrolamos até o Presidente da República e muitas autoridades para eles dizerem o que pensam ao juiz. E estamos contando com a solidariedade do grande jurista Nilo Batista, aí do Rio de Janeiro, que está nos defendendo como advogado neste processo.


P: Como o senhor analisa a política agrária destes cinco anos e meio de governo Lula. Onde houve avanços e retrocessos? Como é o balanço de deste governo em relação aos governos anteriores?

 

R: O governo Lula fez uma clara opção pelo agronegócio. Isso ficou evidente quando ele nomeou o Roberto Rodriguez para ministro da agricultura, mesmo tendo ele feito campanha para José Serra. Ele seria o ministro da agricultura do Serra. E agora nomeou o Stephanes, velho militante da Arena. O governo caiu na ilusão de que aumentar as exportações agrícolas do agronegócio seria benéfico ao país. Ora, nosso país passou 400 anos no modelo agro-exportador, e só produziu pobreza e desigualdade social.

Exportação de matérias primas não desenvolveu nenhum país do mundo. Ao contrario, é justamente o mecanismo que o grande capital internacional usa para espoliar nossas riquezas naturais. Basta lembrar apenas um dado: a Embraer, nossa indústria de ponta, exporta ao redor de 5 bilhões de dólares por ano. Isso é um valor superior a todas as exportações anuais de carne bovina e derivados, resultantes da exploração de 240 milhões de hectares e de um rebanho de 250 milhões de cabeças de gado!

Por tanto, o balanço é negativo para os trabalhadores rurais, porque o que avançou foi um novo modelo de produção agrícola, que é o agronegócio. O agronegócio é a aliança entre os grandes fazendeiros, capitalistas brasileiros, com as empresas transnacionais do agro, que controlam os insumos agrícolas, o mercado e os preços. E fica para os brasileiros o passivo ambiental, a super-exploração de nossa mão-de-obra e uma parte da mais valia gerada na agricultura. Mas o volume maior fica com as empresas transnacionais.

 

 

P: Que mudanças importantes aconteceram neste período que apontem para um novo modelo agrário e agrícola?

 

R: Como disse, não houve mudanças estruturais. Ao contrário, o modelo do agronegócio se fortaleceu. Para os camponeses e os pobres do campo, o governo atendeu com medidas de compensação social. Essas medidas foram basicamente levar luz elétrica para todos no campo, o atendimento da bolsa família para os mais pobres, e o aumento do volume de recursos do credito do Pronaf para os camponeses que já estão integrados no mercado, que são apenas 25% do total das quatro milhões de famílias. Também foram positivos outros dois programas governamentais, embora restritos. O Pronera, que aumentou a possibilidade de filhos de camponeses entrarem na universidade, e o programa de compra de alimentos pela Conab, embora com poucos recursos.

Mas, repito, nenhum desses programas, embora positivos, afetam a estrutura da propriedade da terra e da produção. Elas continuaram se concentrando cada vez mais, tanto a propriedade da terra, como o controle da produção pelas empresas transnacionais.

 

P: Há espaço e condições para que o grande agronegócio e a agricultura familiar prosperarem simultaneamente no Brasil?

 

R: Primeiro é preciso entender que o agronegócio é um modelo de organização da produção agrícola que representa a aliança entre os fazendeiros e as empresas transnacionais. E, portanto, como modelo de produção é incompatível com a reforma agrária e a agricultura familiar.

No entanto, nós poderemos ter uma política agrícola e agrária que priorize a reforma agrária e a organização da produção de alimentos baseados na agricultura familiar, e ter ao mesmo tempo médias e grandes propriedades rurais produzindo para o mercado interno. Mas ter médias e grandes propriedades não significa adotar o modelo atual do agronegócio, que prioriza a monocultura, a associação com as empresas estrangeiras e as exportações.

 

P: O governo Lula trabalhou intensamente para que houvesse acordo em Doha. Caso aprovado, quais seriam os impactos para a agricultura e para um projeto nacional de desenvolvimento?

 

R: Felizmente o Brasil foi derrotado, porque a proposta brasileira se resumia a abrir mais ainda o mercado brasileiro para as indústrias européias. E em troca, poderíamos aumentar as exportações de matérias primas agrícolas para a Europa. Ou seja, a proposta seria a recolonização de nossa economia. Não sei como nossa burguesia industrial é tão burra, que não reagiu. Na verdade, é porque ela já está totalmente associada ao capital estrangeiro.

E infelizmente, a política externa do governo Lula saiu chamuscada, porque se sabe que os governos da Índia, China, África do Sul, Argentina e de todo terceiro mundo saíram putos da cara com a nossa política. Ou seja, o seu Celso Amorim perdeu feio. Saiu isolado, puxando o saco dos interesses do norte. Isso é o que nos dizem nossos parceiros dos movimentos da via campesina internacional, que acompanharam as negociações.

 

P: O Presidente Lula está comprometido com o desenvolvimento da produção de etanol e age para abrir mercados para este produto no exterior. Este esforço é positivo para o Brasil? Como o senhor avalia
os investimentos de grupos internacionais na produção de etanol no Brasil?

 

R: A Via campesina é a favor da produção da agro-combustíveis como uma forma de ir amenizando os problemas da poluição do petróleo e de seu alto preço. No entanto, defendemos a política da soberania energética. Ou seja, precisamos estimular que os agro-combustíveis sejam produzidos em apenas 10% da área de cada agricultor, evitar a monocultura, não substituir os alimentos, e instalar pequenas e medias usinas de energia em todas as comunidades e municípios do interior. Assim, cada município poderá ficar soberano em energia, não depender mais do petróleo, e termos energias alternativas. Também podemos ir combinando com pequenas e médias hidrelétricas, energia solar e eólica. Mas tudo isso depende de um novo projeto de desenvolvimento do país, que o atual governo nem sonha em debater.

Quanto aos malefícios da poluição do petróleo, eles somente se resolverão quando substituirmos a atual matriz de transporte individual nas grandes cidades, pelo transporte público de qualidade, baseado em metrôs, trens e ônibus elétrico — e inclusive estímulo e apoio para o uso de bicicletas.

Produzir etanol para exportação, na base da monocultura da cana, com o controle do capital estrangeiro, como está acontecendo, é uma burrice econômica e um crime contra o meio ambiente. Desta forma, destrói-se a biodiversidade, só se consegue produzir cana com alto uso de agrotóxicos, o que a médio prazo vai afetar o clima, o aquecimento global e o meio ambiente.

 

P: A Constituição de 1988 está completando 20 anos. Em que aspecto o seu efetivo cumprimento contribuiria para o avanço da reforma agrária no Brasil?

 

R: Constituição Brasileira de 1988 foi uma conquista do povo brasileiro e foi resultado de uma correlação de forças sociais que era favorável aos trabalhadores e por isso conseguimos avançar tanto. Para todos os trabalhadores da cidade e do campo havia muitas conquistas. Depois, o governo FHC passou o tempo inteiro tentando desmanchar e conseguiu eliminar muitos direitos.

Sobre a reforma agrária, foi incluída a armadilha da proibição de desapropriar terras produtivas, levando cada fazenda desapropriada para os tribunais. Mas isso não foi um problema. O problema maior é que de um lado estamos num descenso do movimento de massas, que não consegue então ter forças para aplicar nem sequer a Constituição, e de outro lado não temos um programa massivo de reforma agrária por parte do governo.

Então, os movimentos sociais do campo ficaram sozinhos. E o que o governo está fazendo são medidas de compensação social, um assentamento aqui e outro lá, e substituindo famílias que desistiram em assentamentos antigos. Mas a concentração da propriedade da terra continua aumentando, mais do que nos tempos da ditadura, e agora com um agravante: muitas empresas transnacionais estão comprando terras. Como foi denunciado pela Folha de São Paulo, mais de 20 milhões de hectares já teriam sido desnacionalizados. Vejam que somente o testa-de-ferro do Dantas já tinha comprado 600 mil hectares no Pará. Lá no Rio Grande do Sul, três empresas papeleiras compraram em três anos quase um milhão de hectares, enquanto o Incra desapropriou apenas 130 mil hectares em 25 anos de reforma agrária.


P: Na sua avaliação, houve alguma iniciativa nos últimos anos que aponte para uma diminuição da dependência externa e do controle do capital financeiro?

 

R: Tudo ao contrário. Os economistas de todas as correntes de pensamento reconhecem que a política econômica do governo Lula é a mesma da receita neoliberal aplicada pelo FHC, com apenas algumas nuances. Na essência, o pólo central de acumulação de capital da economia brasileira continua centrado no capital financeiro, que se apropria da maior parte da mais valia produzida, através de altas taxas de juros e da compra de ações das empresas mais lucrativas. Daí as duas maiores empresas brasileiras, a Petrobras e a Vale, ambas têm seu capital social controlado por acionistas privados e estrangeiros, que, todos sabemos, na sua maioria é capital financeiro aplicado nas bolsas. E os juros que o governo paga da dívida pública interna, sempre superior a 200 bilhões de reais por ano, são um poderoso mecanismo de transferência de renda de toda população brasileira que recolhe seus impostos para a Receita Federal, e de lá vai para os bancos. E é também um poderoso mecanismo de sustentáculo do capital financeiro.

O próprio Marcio Pochmann, presidente do IPEA, tem revelado que a distribuição de renda está acontecendo apenas entre a renda dos trabalhadores. Ou seja, entre os que vivem de salário, a renda está mais bem distribuída, sobretudo porque os mais pobres melhoraram com o Bolsa Família e o aumento do salário mínimo, que é positivo. Mas a distribuição da renda na sociedade se mede pela distribuição entre a renda do capital e a renda do trabalho. E o capital está controlando mais de 60% de toda renda, nunca acontecido antes na história econômica desde a colônia.

Se olharmos para as maiores empresas, que controlam a produção e o comércio no Brasil, nossa economia está cada vez mais controlada pelas empresas transnacionais. As 200 maiores empresas controlam a maior parte de nossa economia. Na agricultura, as 50 maiores empresas controlam mais de 60% do PIB agrícola. E a maior parte delas é estrangeira. A economia brasileira está sendo recolonizada, agora sob a égide do capital financeiro e das empresas transnacionais.

 

http://www.corecon-rj.org.br/pdf/je_agosto_2008.pdf

 

(*)  Joao Pedro Stedile é economista, formado pela PUC-RS, posgraduado pela UNAM- México,  inscrito no CRE-RS, e membro da coordenação nacional do MST e da Via campesina Brasil

 

Petici?n de apoyo a los activistas que destruyeron un campo de transgénicos en el Algarve (Portugal)

FIRMA LA DECLARACION SOLIDARIA DE APOYO EN:
<http://gopetition.com/online/21252.html>

Hace exactamente un año, el 17 de agosto 2007, el Movimento Verde
Eufemia (MVE) de Portugal realizó una acción de desobediencia civil,
destruyendo en un acto simbólico menos de una hectárea del primer campo
maíz modificado genéticamente cultivado en el Algarve, declarada Región
Libre de Transgénicos por las autoridades locales. Unas 150 personas
participaron en la siega simbólica de protesta, ofreciéndose
posteriormente a sembrar toda la finca (51 has) con maíz ecológico.

El actual gobierno pro-transgénicos de Portugal ha respondido con
dureza, intentando aislar y criminalizar a los activistas del MVE y a
otras organizaciones ambientales que se oponen a los transgénicos,
calificando la acción de acto terrorista (Ver (Europol EU Terrorism
Situation and Trend Report 2008
<http://www.europol.europa.eu/publications/EU_Terrorism_Situation_and_Trend_Report_TE-SAT/TESAT2008.pdf>).

Algunas de las personas acusadas por la policía pueden tener que
enfrentarse a los tribunales.

Se ha puesto en marcha la iniciativa soliMoVe, Solidariedade com
oMovimento Verde Eufémia, una plataforma internacional para apoyar moral
y políticamente al MVE y su acción de desobediencia civil.

Desde soliMoVE se están recogiendo firmas a una declaración solidaria de
apoyo moral y político a todas aquellas personas, organizaciones o
movimientos sociales que pudieran sufrir consecuencias políticas o
personales como resultado de la acción del Movimento Verde Eufémia. La
declaración puede ser leída y  firmada en:
<http://gopetition.com/online/21252.html>*

!TU SOLIDARIDAD CON ESTA ACCION Y CON LOS ACTIVISTAS QUE LA REALIZARON
ES ESENCIAL PARA MANTENER LA LUCHA CONTRA LA LIBERACION DE OMG EN
PORTUGAL Y EN EL MUNDO!

*Para más información o para incorporarse a la plataforma de apoyo ver :
http://solimove.liveinfo.nl/
<http://solimove.liveinfo.nl/>*

Manifiesto por una nueva política agraria: El futuro de la agricultura y de la alimentación nos …

Manifiesto Por una nueva política agraria: El futuro de la agricultura y de la alimentación  nos  incumbe a todos/as

 

Una gran convulsión ha sacudido la agricultura y la alimentación a escala planetaria en el último año y medio.  El rápido incremento de los precios de las materias primas agrarias en los mercados de las materias primas agrarias, fomentado por la especulación, ha desequilibrado el conjunto del sector y de los agricultores/as del planeta, provocando inestabilidad e incertidumbres. En esta situación, la Unión Europa se encuentra inerme, sin mecanismos de regulación de mercados que le permitieran hacer frente a la crisis, puesto que previamente la había desmantelado. La ganadería europea está sufriendo en estos momentos las consecuencias de unas políticas inapropiadas.  El gran paradigma de la reforma de la PAC de 2003: “no importa dejar de producir en Europa porque nos podremos abastecer a precios más baratos en países terceros” ha resultado ser completamente erróneo y peligroso también para los consumidores y consumidoras.

Ecologistas en Acción, Amigos de la Tierra, COAG, Greenpeace, UCE, CEACCU, CECU, Xarxa de Consum Solidari, Plataforma Rural, EntrePueblos, No te comas el mundo y Veterinarios Sin Fronteras

En estos momentos se está debatiendo una nueva reforma de la PAC (“chequeo”), paralelamente a la apertura de un debate sobre la misma a partir de 2013 y a la revisión del presupuesto comunitario.  La Comisión Europea no asume en este “chequeo” la grave crisis de la agricultura y la alimentación, evidenciada en la desaparición de explotaciones del modelo social de agricultura y los altos precios de los alimentos, y propone profundizar la senda, evidentemente fallida, de la reforma de 2003.  Todo ello disfrazado de  un discurso construido sobre cuestiones medioambientales, calidad, gestión del territorio, desarrollo rural, cambio climático y energías, y contradictorio con la realidad que viven los ciudadanos/as de la Unión.

Es por ello por lo que instamos a los gobiernos de la Unión Europea a reflexionar sobre el fracaso de su política agraria y a dar un giro en sus propuestas, orientándolas hacia un marco de carácter multilateral que respete la soberanía alimentaria de los pueblos, la sostenibilidad y las necesidades reales de los campesinos de todo el mundo. 

Entendemos que es necesaria una reforma de la PAC con una nueva orientación de las políticas comunitarias, adaptada al nuevo entorno emergente y asentada sobre principios firmes y realistas.  Esto significa que Europa debe renovar su apuesta estratégica por la agricultura, garantizando un abastecimiento alimentario mínimo en el marco de la soberanía alimentaria y la preservación del medio ambiente y el medio rural. Los/as agricultores/as tienen que ver reconocida y valorada su labor, principalmente a través de unos precios justos para sus productos, lo que hace imprescindible desarrollar políticas de estabilización y transparencia de los mercados.

Las ayudas directas a la renta, cuando sean necesarias, tienen que estar vinculadas a la actividad agraria desarrollada en las explotaciones (ayuda por activo agrario), con lo que se conseguiría una redistribución de los fondos con legitimidad económica y social.  Rechazamos el desacoplamiento de las ayudas, previstas para facilitar el desmantelamiento del sector agrario, y consideramos que es fundamental mantener la actividad agraria sin que esto signifique intensificar el modelo de producción.  Los consumidores/as tienen derecho a un suministro estable, sano, variado y biológicamente diverso de alimentos a precios razonables.

Necesitamos una política agraria que defienda un modelo de agricultura social, sostenible y viable económicamente, generador de empleo y que ayude al equilibrado asentamiento de la población en el medio rural.

 

Política agraria, alimentación y mercados:  “Con la alimentación no se especula”.

La creciente liberalización del comercio mundial y la continua desregulación de los mercados agroalimentarios mediante la eliminación de mecanismos de control de la producción como los aranceles, la intervención pública, etc. está configurando un entorno en el que la permanencia de los pequeños/as productores/as es cada vez más difícil y el abandono de la actividad agraria cada vez más frecuente. Sin embargo, en un contexto de crisis alimentaria mundial,  las políticas agrarias desarrolladas durante los últimos años, basadas en desincentivar la producción y provocar el abandono de las explotaciones agrarias, se han visto totalmente superadas por los acontecimientos.

 

Estas políticas agrarias están fomentando un comercio de productos agroalimentarios que se está desarrollando con una preocupante concentración de poder en manos de las grandes empresas de distribución agroalimentaria. Estas empresas condicionan al conjunto de la cadena agroalimentaria y, especialmente a los eslabones más débiles y numerosos de la misma: productores/as y consumidores/as. El proceso de formación de los precios se caracteriza por una alarmante falta de transparencia que está provocando que el precio que pagan los consumidores sea excesivo y esté cada vez más alejado del precio que reciben los productores, que en muchas ocasiones no llega ni siquiera a cubrir sus costes de producción.

Se hace imprescindible la creación de un marco legislativo que regule la comercialización agroalimentaria de forma adecuada y que contribuya a mejorar los mecanismos de recogida de precios en virtud de una mayor transparencia en el proceso de formación de los mismos a lo largo de la cadena de valor y el establecimiento de un Observatorio de Precios eficaz y operativo, con capacidad para proponer a la Comisión Nacional de la Competencia la investigación de las prácticas contra la competencia que se detecten así como la imposición de sanciones. Sería interesante articular mecanismos de control de márgenes comerciales en la cadena agroalimentaria, mediante una Comisión de Examen de Prácticas Comerciales con la participación de todos los agentes implicados.

Además, se hace necesario que la Administración actúe eficazmente a fin de erradicar la reconocida especulación en los mercados agroalimentarios. La Comisión Nacional de la Competencia debe intervenir ante prácticas comerciales fraudulentas evidentes y eliminar la especulación con absoluta firmeza. Además, se ha de desarrollar y aplicar el artículo 13.2 de la Ley de Comercio (Ley 7/1996) que prevé que “el Gobierno del Estado, previa audiencia de los sectores afectados, podrá fijar los precios o los márgenes de comercialización (…) cuando se trate de productos de primera necesidad”, es decir, “El Estado tiene capacidad legislativa para intervenir y debe asumir sus responsabilidades”.

Consideramos de vital importancia que la Política Agraria garantice una estabilidad en los precios y el suministro de productos agroalimentarios, evitando situaciones de abuso sobre productores y consumidores, como por ejemplo la especulación, la morosidad en los pagos, el dumping o la venta a pérdidas. Igualmente, el consumidor tiene derecho a que el etiquetado de los productos agroalimentarios refleje una información objetiva, veraz, eficaz y suficiente sobre sus características esenciales y el proceso que han seguido.

A nivel europeo resulta imprescindible reforzar el control de las importaciones desde terceros países mediante el establecimiento de protocolos de garantía sanitaria (sanidad y calidad), ambiental y social adecuados y unificados. Los bienes importados deben acatar las mismas normas acerca de la calidad y los métodos de producción que la UE prescribe para sus propios productores. Debe implantarse un sistema de doble etiquetado (precios origen/precios destino), con información sobre el país de origen y el método de producción, como criterio al servicio de la información dirigida al consumidor, que propicie el conocimiento del valor real de los productos y la detección de distorsiones interesadas de precios

 

Mediante las negociaciones de libre comercio que está desarrollando, la Unión Europea está sacrificando la agricultura familiar sostenible y en consecuencia la garantía de una alimentación sana, diversa y segura.  Se quiere integrar a los productos agrarios en el proceso de liberalización comercial como cualquier otra mercancía, sin tener en cuenta el carácter estratégico de la agricultura y la alimentación para la sociedad.  Se abandona a su suerte el modelo social de agricultura que garantiza la gestión sostenible del territorio, la sostenibilidad y la economía y el empleo de las zonas rurales.  Por el contrario se ofrece a las multinacionales agroexportadoras el control de la alimentación.  La actual crisis alimentaria nos demuestra que la agricultura debe salir fuera de las negociaciones de libre comercio en la Organización Mundial del Comercio y en los acuerdos bilaterales. La PAC debe priorizar el comercio regional y proporcionar apoyo a las infraestructuras necesarias para el procesado y comercio local

 

Política agraria, empleo y medio rural

El porcentaje de ocupados agrarios en el conjunto del Estado sigue, desde hace mucho tiempo, una tendencia a la baja, lo que nos sitúa actualmente en un 4%.  Resulta urgente estabilizar el número de ocupados en el sector si no queremos comprometer la viabilidad del mimo a medio plazo, si queremos evitar pasar de la fase de reestructuración, a la de liquidación definitiva.  En muchas zonas rurales, especialmente aquéllas más alejadas de los principales ejes económicos, la agricultura constituye la actividad económica básica y su declive supone también el abandono del medio rural.

 

La política agraria desarrollada hasta el momento ha considerado la eliminación de empleo en el sector agrario como algo positivo que favorecía la competitividad de la agricultura, sin tener en cuenta las consecuencias sociales y económicas que este declive ha tenido en muchas zonas rurales.  En muchos casos esta evolución ha comprometido el desarrollo de los territorios rurales, cortando el vínculo entre agricultura e industria agroalimentaria y provocando la deslocalización de esta última.  Por otra parte, el descenso del empleo en el sector agrario no ha ayudado a la equiparación de rentas y salarios con otros sectores económicos, debido a los descensos de los precios en origen, al incremento de los costes de producción y al recorte e inequidad distributiva de las ayudas directas.

Adicionalmente, la PAC reformada sobre el eje del desacoplamiento de las ayudas directas desincentiva la actividad productiva agraria.  Se necesita una reforma de la política agraria europea que ponga el centro de atención en el activo agrario, buscando la viabilidad de las explotaciones y la creación y el mantenimiento del empleo.  Las ayudas directas deben otorgarse al activo agrario como forma de preservar el empleo y promover la equiparación de rentas en el sector agrario, tanto para los titulares de las explotaciones (autónomos) como para los asalariados.  El sector agrario conserva un gran potencial generador de empleo y riqueza, que está siendo desaprovechado debido a políticas nefastas que fomentan el éxodo agrario y la desvertebración territorial.

Para un mejor encaje de las explotaciones agrarias en las zonas rurales un instrumento imprescindible es el Contrato Territorial de Explotación (CTE), que integra en una planificación única las distintas medidas contempladas en las políticas de apoyo público europeo, estatal y autonómico.  Bajo este nuevo enfoque se conseguiría superar el actual modelo, que ha resultado ineficiente para posibilitar la viabilidad de las explotaciones agrarias del modelo social de agricultura, situando en el centro del sistema a la explotación agraria y el agricultor profesional.  En definitiva, el objetivo sería alcanzar la viabilidad económica, social y ambiental de cada explotación.

 

Política agraria, medio ambiente, cambio climático y energía

La PAC está impulsando un modelo de agricultura industrial especulativo, concentrando la producción en aquellos territorios que permiten obtener grandes volúmenes de producción estandarizada a bajo coste (deslocalización).  Normalmente estas producciones se hacen en régimen de monocultivo, algo que resulta medioambientalmente insostenible. Este modelo tiene un gran impacto ambiental y territorial, con un uso intensivo de recursos naturales e inadaptación a las posibilidades del territorio. Es importante condicionar las ayudas de la PAC a las prácticas ambientales de los agricultores y ganaderos. Aunque la Unión Europea justifica en gran medida a través de las medidas de condicionalidad la promoción del modelo industrial.

El sistema de producción industrial especulativo y deslocalizado está adaptado a la liberalización del comercio agrario a nivel mundial, acelerando así la degradación de los ecosistemas dónde se asienta y limitando las posibilidades de abastecimiento de alimentos en los países empobrecidos.

El sector agrícola y ganadero se considera un sector difuso en cuanto a la emisión de gases de efecto invernadero (GEI); determinadas prácticas como la agricultura de uso intensivo de energía, agua, fertilizantes y agroquímicos han provocado un incremento de los niveles de emisiones de estos gases.  También las emisiones de gas metano procedente de la actividad ganadera industrial contribuyen al cambio climático, no sólo de forma directa sino también a través de los cambios en los usos del suelo debidos a la creciente demanda de materias primas alimentarias por parte del sector ganadero como consecuencia del creciente consumo de carne a nivel mundial.

Por el contrario una manejo sostenible de los bosques, tierras agrícolas y otros ecosistemas agrícolas ofrece un gran potencial para reducir las emisiones de GEI con respecto a las prácticas agrarias industriales, manteniendo su capacidad de sumidero de carbono. En el caso de que se abandonen algunas de estas prácticas sostenibles, el carbono fijado se liberará a lo largo de un período de pocos años. Este riesgo es creciente ante el despoblamiento del campo, envejecimiento de la población rural y la falta de relevo generacional que dejan espacio a la gestión industrial del campo.

Se puede adaptar la agricultura para que sea no solamente un emisor de GEI mucho menor, sino también para que se convierta en un sumidero de carbono que nos ayude a revertir la contribución al cambio climático. Al mismo tiempo, esto también reduciría el resto de desastres ambientales debidos a los fertilizantes, como la eutrofización de las aguas o la explosión de poblaciones de determinadas algas en lagos y mares de todo el planeta.

La agricultura sostenible a escala local, en el marco del modelo social de agricultura, con un uso eficiente de los recursos de producción, contribuye eficazmente a la lucha contra el cambio climático. Lamentablemente, las políticas agrarias en Europa están favoreciendo un modelo de agricultura industrial deslocalizado a escala transnacional, basado en monocultivos, en el uso masivo de fertilizantes y pesticidas y en el transporte a gran escala de los productos, con el único objetivo de aumentar la competitividad para poder comerciar en un mercado global.  Es necesario reformar esta PAC de forma coherente con los objetivos de la lucha contra el cambio climático que se ha marcado la propia Europa, cayendo en contradicciones evidentes. El modelo de consumo alimentario deslocalizado está transportando los alimentos de una punta a otra del globo terráqueo, a costa de un gran coste energético, mientras se abandonan los mercados locales y se condena a la pobreza a innumerables agricultores/as y campesinos/as.

En este camino hay que huir de soluciones engañosas como la utilización de cultivos modificados genéticamente: no resolverán ninguna crisis medioambiental sino que por si mismos suponen un riesgo para el medio ambiente, para la seguridad y la salud, además de incrementar la dependencia de las agroindustrias.

Hasta ahora, la agroenergética se ha limitado principalmente a la explotación de un recurso de materia prima barata, para procurar un valor añadido extraordinario a las grandes empresas que controlan el mercado internacional de materias primas alimentarias y a las distribuidoras del petróleo que acaban haciéndose con el control de la transformación y distribución de agrocarburantes, como ya lo tienen de los carburantes fósiles, reproduciendo el mismo sistema de oligopolio especulativo a costa de productores y consumidores.  Rechazamos la política seguida actualmente por la Unión Europea en relación a la producción de agrocarburantes industriales, siguiendo un modelo industrial intensivo, con abastecimiento desde terceros países, dónde provoca graves situaciones de destrucción ambiental y desequilibrios en la producción de alimentos, siendo uno de los detonantes de la crisis alimentaria actual.

 

Política agraria y soberanía alimentaria

Defendemos el derecho a la soberanía alimentaria de todos los pueblos, en el marco de una producción sostenible, segura, nutritiva, variada y adaptada ambientalmente y culturalmente.  Los países y regiones no pueden renunciar a decidir su propio sistema alimentario y productivo, para favorecer una liberalización de los intercambios que resulta insostenible y condena a regiones enteras a la dependencia de suministros exteriores, mientras se abandonan producciones tradicionales y se potencia el monocultivo.

La liberalización del comercio agrario internacional propugnada por la Organización Mundial de Comercio (OMC), así como los Acuerdos Bilaterales Norte-Sur, es la causa principal que hace inviable la agricultura campesina y familiar tanto en el Norte como en el Sur. La gestión de la oferta y la protección de los mercados está siendo desmantelada, obligando a los agricultores y campesinos a producir alimentos por debajo de coste su coste real, generando incertidumbre e inseguridad en los mercados mundiales tal y como acontece en la actualidad.

Necesitamos una nueva política agraria en Europa que abandone el paradigma de la liberalización comercial, asumiendo su responsabilidad ante productores y consumidores en la estabilización de los mercados, defendiendo el interés general de toda la ciudadanía europea que no coincide con el de los conglomerados agroexportadores y las grandes distribuidoras y practicando una solidaridad real con todos los campesinos, especialmente los de los países del Sur, reconociéndoles el derecho a producir y desarrollar sus mercados locales.

El Gobierno español, en su ámbito competencial, debe asumir el carácter estratégico de la agricultura y la alimentación para el conjunto de la sociedad y, por tanto, desarrollar políticas de Estado para mantener un modelo social y sostenible de agricultura y alimentación.  Asuntos como la comercialización agroalimentaria, la fiscalidad, las prioridades estratégicas de producción, la investigación, los seguros agrarios, el desarrollo rural, el binomio agricultura-medio ambiente, entre otros, deben ser abordados plenamente por las administraciones públicas españolas poniendo la prioridad política en el mantenimiento y promoción del modelo social de agricultura y alimentación.

Revista del EZLN- Mexico solidariza con MST

Rebeldia año 5, no. 61, pp. 59-61, 2008.

¡Alto a la guerra contra el MST de Brasil!

Pablo Rojas

A partir de información del propio MST, a continuación publicamos un artículo sobre la situación por la que atraviesa el Movimento Dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (Movimiento de los Trabajadores Rurales Sin Tierra)- MST en su lucha por recuperar lo que por derecho le pertenece: la tierra.


Brasil es un país donde existe una de las peores distribuciones de la tierra. Concentrada en pocas manos, se habla de que existen latifundios del tamaño de Portugal. Esto ha generado una desigual distribución del ingreso, ya que, a pesar de ser uno de los países más ricos del mundo, partiendo de sus recursos naturales, la extensión de la pobreza es impresionante.

El MST, desde su surgimiento, en enero de 1985, puso el dedo en la llaga sobre el problema fundamental de ese país: la existencia del latifundio, ligado siempre a las peores causas de ese gran país, fuente de corrupción y violencia.

Por eso, ha concentrado el odio de los poderosos y de los que le hacen el juego a los poderosos.
No deja de llamar la atención que, incluso, cuando la izquierda llega al poder, el último punto que les interesa es el de la tierra, es decir el de los campesinos, es decir, muchas veces, el de las comunidades originarias. Con todos los pretextos, tanto jurídicos como políticos, se ha buscado tocar lo menos posible a esa vieja oligarquía ultra reaccionaria que ha sumido en el atraso y la marginación a millones de latinoamericanos.

Esa no ha sido la excepción en el caso de Brasil, donde, pasando por encima de sus promesas, Luis Inacio da Silva, Lula, no ha repartido la tierra que se comprometió durante su campaña electoral.
Ahora, no se trata simplemente de no repartir la tierra, sino de desatar una guerra en contra del movimiento social más importante de Brasil y uno de los más importantes del mundo. Esa es la guerra del capital en contra del trabajo por el control de la tierra, el territorio, el agua, el aire, la selva.

En una entrevista reciente uno de los dirigentes históricos del MST, Joao Pedro Stedile, identificaba con precisión a su enemigo, decía: "Para nosotros, desde Vía Campesina, es muy fácil, porque nuestros enemigos de clase son claros: los latifundios, los bancos, las empresas transnacionales, los grandes monopolios… Entonces nosotros acumulamos haciendo lucha de masas contra los enemigos de clase".

A nuestros hermanos del MST les decimos que desde acá, desde México, cuentan con nuestro apoyo y solidaridad en su lucha por conquistar la tierra y defender su territorio, libre de transgénicos y con una lógica anticapitalista.


La guerra contra el MST

La estrategia tanto del gobierno federal de Brasil como el del estado de Río Grande del Sur, de criminalizar e incluso buscar la "ilegalización" del Movimiento de los Trabajadores Rurales Sin Tierra (MST) está en uno de sus puntos más agresivos. Apenas en el mes de junio de este año, en ese estado, fueron reprimidas dos manifestaciones del MST y desalojados dos de sus campamentos en la zona.

Las acciones represivas de las autoridades, que buscaban impedir que se encontraran dos columnas de manifestantes del MST en el municipio de Coqueiros del Sur (estado de Río Grande), fueron orquestadas por el Estado Mayor de la Brigada Militar do RS, en conjunto con el Consejo Superior del Ministerio Público del Estado de Río Grande del Sur y el Ministerio Público Federal, explicó en un comunicado el MST.

El gobierno del estado de Río Grande del Sur, en Brasil, decretó y consumó el desalojo de unas 300 personas de los campamentos del MST en la región, a partir de una solicitud del Ministerio Público del estado, en la que se señala que el MST ha cometido "crímenes contra la seguridad nacional" y que se trata de una "organización paramilitar". Durante el desalojo de los campamentos del MST, en el municipio de Coqueiros del Sur, las autoridades destruyeron "viviendas, plantaciones, criaderos de animales, el puesto de salud y la escuela construida por los sin-tierra", según un reporte de Alai-Amlatina. En las acciones participaron unos 500 soldados de la Brigada Militar, quienes desalojaron a los miembros del MST de tierras legalmente ocupadas en las inmediaciones de la Hacienda Guerra.
Las autoridades de Río Grande del Sur justificaron así las acciones militares de desalojo: "No se trata de remover campamentos, sino de desmontar las bases que el MST usa para cometer reiteradamente actos criminales", en donde "están practicando violencia y nada más".

A partir de esto, el Consejo Superior del Ministerio Público Estatal de Río Grande del Sur pidió también, a través de un informe, la "disolución" del Movimiento de los Trabajadores Rurales Sin Tierra (MST), y la "declaración de su ilegalidad".

El intento de criminalización del MST por las autoridades brasileñas parte de burdas acusaciones como la difundida por dos funcionarios del Ministerio Público estatal en donde señalan que los campamentos del MST son "verdaderas bases operacionales destinadas a la práctica de crímenes e ilícitos civiles causantes de enormes perjuicios" en contra de "toda [la] sociedad", y que son  "semilleros de ilicitudes que a estas alturas no se puede tolerar más", deslizando la acusación -no de manera directa, pero igualmente torpe- de que el MST tiene vínculos con organizaciones armadas del continente. Además, en marzo de este año, el Ministerio Público, esta vez el federal, acusó al MST de intentar construir un "Estado paralelo" con la existencia de sus campamentos, y de que supuestamente estarían siendo entrenados por las Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia (FARC) y otras organizaciones "extranjeras".

Pero eso no es todo. También, las autoridades brasileñas a través del Ministerio Público decidieron "la intervención en las escuelas del MST con el fin de tomar medidas que serán necesarias para la reinstauración de la legalidad, en lo que se refiere al aspecto pedagógico y a la estructura de influencia externa del MST".

Ante estos graves ataques, el MST ha dicho que están "sufriendo una verdadera ofensiva de las fuerzas conservadoras en el estado de Río Grande del Sur, que no sólo no quieren ver la tierra redistribuida, como manda la Constitución, sino que además quieren criminalizar a quienes luchan por la reforma agraria e impedir la continuidad del MST".

El comunicado del MST también señala que, para intentar criminalizar su lucha, "esas fuerzas políticas que defienden en realidad poderosos intereses de los grupos económicos y de empresas transnacionales, que se están instalando en el estado para controlar la agricultura, y los latifundistas, están representadas hoy en el gobierno de la Sra. Yeda Crusius, en la Brigada Militar (policía del estado), en el poder judicial local y en el poder del monopolio de los medios de comunicación".


En otra parte de su comunicado, el MST da un dato alarmante: las acciones e iniciativas de la Brigada Militar, que fue utilizada para impedir que se encontrasen tres marchas del MST, "no ocurrían en Brasil desde que terminó la dictadura militar brasileña, por lo que atentan en contra de la Constitución Federal de 1988, que prohibió a las policías militares actuar en investigaciones judiciales de movimientos sociales y partidos políticos".

La Brigada Militar ya antes había caracterizado al MST y a Vía Campesina "como movimientos que dejaron de realizar actos típicos de las reivindicaciones sociales para orquestar actos caracterizados como acciones delictivas".

La estrategia de criminalización del MST por parte de los gobiernos federal y estatal, está avalada por informes de las fuerzas militares brasileñas y por terratenientes del estado de Río Grande del Sur. El MST denuncia que muchas de las acusaciones y de las tesis en las que se basan las autoridades judiciales, fueron elaboradas "por el propietario de la Hacienda Guerra, integrante de la organización de ganaderos FARSUL, en 2005, y ratificadas por el Coronel de la Brigada Militar, Valdir Cerutti Reis, integrante de la dictadura militar brasileña, quien actuó como agente infiltrado por un periodo de dos años en el campamento Natalino, utilizando el alias de Toninho".

Para organizaciones de derechos humanos y para el propio MST, las acciones tanto de la Brigada Militar como las de los ministerios públicos federal y municipal, son claramente violatorias de la Constitución y son absolutamente ilegales y forman parte de esa campaña que busca la extinción del Movimiento Sin Tierra.

El MST no está sólo, y así lo demuestran las miles de cartas que han llegado a las autoridades brasileñas, solidarizándose con los compañeros del MST y exigiendo el cese de las acciones intimidatorias y judiciales en contra de sus miembros.

MST informa nº 152: Lutar pela Reforma Agrária e pela livre manifestação 11 de agosto de 2008

A Reforma Agrária está parada em todo o país. Foi por este motivo que no mês de julho trabalhadores e trabalhadoras do MST de 12 estados do país ocuparam as ruas, sedes do Incra e fazendas, exigindo o assentamento das 140 mil famílias acampadas e investimentos públicos nos já existentes.

Acampados e assentados passam por situações difíceis. Existem famílias esperando pela desapropriação de áreas há mais cinco anos. E muitas daquelas que já conquistaram um pedaço de chão não têm acesso a crédito rural e infra-estrutura que garanta boas casas, saneamento básico, escola e hospital.

Somente a Reforma Agrária pode resolver o problema da pobreza no campo e  da crise dos alimentos, com a produção de verdura, legumes e frutas, baratas para a população. É por sabermos dessa condição que temos uma proposta de desenvolvimento para o campo brasileiro, que compreende, além da produção de alimentos saudáveis, a geração de emprego e justiça no campo.

Para a concretização dessa proposta, investimentos na produção dos assentamentos tornam-se imprescindíveis. Investimentos que impulsionem programas de agroindústrias para cooperativas de assentados e assistência técnica para viabilizar a produção. Dessa forma é possível gerar renda para as famílias e condições para o desenvolvimento social e econômico dos municípios.

Até o momento, os planos econômicos voltados para o campo brasileiro não foram direcionados para atender nossas expectativas para um novo modelo agrícola. Se de um lado a produção familiar e cooperativada suam a camisa para conseguir incentivos irrisórios, de outro a produção das grandes empresas estrangeiras e nacionais ligadas ao capital financeiro como Cargil, Bunge, Votorantim, Aracruz, Veracel, Suzano, Vale e Bayer vai de vento em poupa. Só no ano passado, essas transnacionais receberam do Banco do Brasil R$ 7 bilhões.

Por conta da política econômica do atual governo, de priorizar o modelo agroexportador, a agricultura camponesa – responsável pela produção de alimentos em nosso país – e a Reforma Agrária continuam sendo penalizadas. Hoje, as terras improdutivas, que deveriam ser usadas para a Reforma Agrária, estão sendo destinadas a empresas estrangeiras, para a produção de eucalipto, soja, gado e agrocombustíveis, em vez de alimentos.

O governo federal está em dívida com os trabalhadores Sem Terra, assentados, pequenos produtores e precisa cumprir seus compromissos com a reforma agrária. A Reforma Agrária não avançou e a concentração da propriedade fundiária está aumentando. A maior parte das familias que aparecem nas estatisticas, são na verdade realizadas em  assentamentos de projetos antigos, ou areas de regularização fundiária ou terras públicas.

A política de incentivo à exportação agricola, o aumento do preço dos alimentos e as facilidades concedidas às empresas transnacionais para explorar os recursos naturais e a nossa mão-de-obra geram cada vez mais tensionamentos e problemas sociais no campo.

E este é o motivo pelo qual MST e outros movimentos sociais estão sofrendo uma ofensiva de setores conservadores da sociedade. A grande Mídia, setores do poder judiciário e do minsitério publico, e alguns governos estaduais,com  suas policias , não medem esforços para criminalizar os movimentos sociais do campo.

Recentemente, no Rio Grande do Sul, o Ministério Público Estadual aprovou um relatório que pede a dissolução do nosso Movimento. Em tom incriminatório, o documento condena o uso, nas escolas de assentamentos, de livros dos brasileiros de Florestan Fernandes, Paulo Freire e Chico Mendes.  Depois pressionado, pela opiniao pública, seu coordenador recuou, dizendo que havia sido posiçao individual de alguns promotores, e que o conselho dos promotores considera o MST um movimento legitimo.

Outro processo organizado por uma promotora do Ministerio Publico Federal,  localizado no municipio de Carazinho-RS   enquadrou oito trabalhadores ligados ao MST, na Lei de Segurança Nacional-LSN, da finada ditadura militar. Houve já a primeira audiencia com os acusados.  E nossos advogados já entraram com recursos nas instancias superiores para barrar  processo tão absurdo.

No Pará, o advogado da CPT (Comissão Pastoral da Terra) José Batista Gonçalves Afonso foi condenado pela Justiça Federal de Marabá por estar presentes acompanhando protestos no Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) pela Reforma Agrária. Na época, Batista assessorava o MST e a Fetagri (Federação dos Trabalhadores da Agricultura) nas negociações com o órgão. A mesma vara federal condenou outros três trabalhadores rurais a pagarem R$ 5,2 milhões à empresa VALE, por descumprirem ação que proíbe manifestações nas instalações da Ferrovia Carajás.

Neste momento em que a Reforma Agrária não avança e a repressão contra um projeto popular para o Brasil se intensifica, é de grande importância e necessário o apoio dos companheiros e companheiras da nossa luta. Continuamos firmes em nossos objetivos.

 

MST e as Eleições 2008.

 

A Direção Nacional do MST esclarece que não tem qualquer participação com as articulações do grupo de José Rainha Jr. na comunidade da Rocinha, como foi noticiado recentemente por muitos veículos de comunicação do país. José Rainha Jr. não participa do MST, de nenhuma forma e instância seja a nível nacional, estadual ou local, do nosso Movimento.

 

O MST não participa do processo eleitoral que elegerá prefeitos e vereadores. O papel do Movimento é fazer a luta social pela Reforma Agrária. Buscamos, assim, preservar a nossa autonomia em relação aos partidos políticos e aos governos. Propomo-nos, ainda, a continuar incentivando discussões e debates sobre a necessidade de termos um projeto popular de desenvolvimento para nosso país.


Secretaria Nacional do MST