17 de abril : Día Internacional de la Lucha Campesina

¡ Juntos por los derechos de los campesinos y las campesinas !

 El 17 de abril ha sido declarado por La Vía Campesina desde 1996 como el “Día Internacional de la Lucha Campesina” como homenaje a los diecinueve campesinos del “Movimiento Sin Tierra” asesinados por la policía brasileña durante una acción de movilización para acceder a ciertas tierras. Trece años más tarde, la lucha por el reconocimiento de los derechos de los campesinos y campesinas sigue siendo una prioridad para La Vía Campesina.

Las crisis actuales financiera, energética, alimentaria y en relación con el clima y la biodiversidad han puesto de manifiesto la culpabilidad, fragilidad e incongruencia del sistema económico liberal. Si apelamos a la razón, los gobiernos deberían abandonar las políticas que generan estas crisis y aplicar en su lugar las salvaguardias necesarias. En lugar de ello, observamos lo contrario: los constantes intentos de la OMC por concluir la ronda de negociaciones de Doha, la propagación en todo el mundo de acuerdos bilaterales de libre comercio o el lanzamiento en África de una nueva Revolución Verde centrada en las biotecnologías, por ejemplo. Incluso la Unión Europea (UE) está forzando a los países africanos a aprobar los Acuerdos de Asociación Económica (EPAs) para junio de 2009.

 

Los EPAs y las políticas neoliberales representan un peligro acuciante para África. Según un estudio de Impacto de los EPAs en la economía de Malí la firma de los EPAs conllevará nefastas consecuencias para los pequeños productores de leche. Ante la apertura de los mercados, muchos campesinos y campesinas se verán forzados a abandonar su producción. Los EPAs garantizan a las compañías multinacionales sus beneficios pero fracasan de lleno en dar respuesta a las necesidades de la población.

 

¡Unámonos el 17 de abril de 2009 para oponernos a los acuerdos de libre comercio en África y en el resto del mundo! ¡Actuemos juntos para mostrar que estamos hartos de que se ignore la violación flagrante de los derechos de hombres y mujeres en beneficio de las multinacionales! Reafirmemos nuestras reinvindicaciones: la soberanía alimentaria y las alianzas económicas que la defienden como la Alternativa Bolivariana para los Pueblos de Nuestra América (ALBA).

 

La Vía Campesina hace un llamado a todas sus organizaciones miembro, amigos y aliados para defender juntos el 17 de abril los derechos de los campesinos y campesinas (derecho al acceso a la tierra, a las semillas, al agua, etc). Puedes contribuir organizando alguna manifestación, un debate público, la proyección de alguna película, un mercadillo de productos locales, una fiesta, acción directa, concursos musicales, etc.

 

Apoya la Campaña Mundial de La Vía Campesina a favor de la Convención Internacional de Naciones Unidas sobre los Derechos de los Campesinos tal y como se acordó en la V Conferencia del movimiento campesino celebrada en Maputo en octubre de 2008. Esta campaña es nuestra herramienta de lucha contra las políticas neoliberales que atentan contra la soberanía alimentaria.

 

Suscríbete a la lista de distribución para participar en la acción del 17 de abril enviando un mensaje sin texto a la siguiente dirección: http://viacampesina.net/mailman/listinfo/via.17april_viacampesina.net.

Te rogamos incluyas en la lista todas las acciones que ya estés organizando.

 

Más información en www.viacampesina.org

MST Informa nº 159 – 16 de enero de 2009: 25 anos de luta pela Reforma Agrária

Em 1984, nosso país vivia um período intenso de lutas sociais. Um contexto de lutas populares pelo fim da ditadura militar, com mobilizações de todo o povo. Depois de tanto tempo sufocado, o movimento camponês voltava a questionar o latifúndio e colocava a ocupação de terra como forma de ação concreta e legítima na luta pela Reforma Agrária. Entre os dias 20 e 22 de janeiro daquele ano, foi realizado o 1º Encontro Nacional dos Sem Terra, em Cascavel, no Paraná. Estavam presentes trabalhadores rurais de 12 estados brasileiros, que já participavam de ocupações. Foi dali que nasceu a proposta de organizar um movimento a nível nacional, e ali tiramos os três objetivos que norteiam até hoje nossa organização: luta pela terra, pela Reforma Agrária e por uma sociedade mais justa e igualitária.

Nestes 25 anos, contribuímos com o avanço da Reforma Agrária e o combate à pobreza e desigualdade no campo. O Movimento Sem Terra que construímos é responsável pelo assentamento de 370 mil famílias em 7,5 milhões de hectares em todo o país. Avançamos também na nossa organização interna, e hoje estamos organizados em 24 dos 27 estados do Brasil. Construímos juntos uma proposta de educação do campo, além de acumular no campo da produção agroecológica e da soberania alimentar.

 

Hoje temos desafios ainda maiores na nossa luta. Há milhares de famílias acampadas, que lutam debaixo de lona preta pela distribuição da terra. E as famílias assentadas seguem lutando por melhores condições de vida e por mudanças no modelo agrícola. E maior ainda é o número de trabalhadores e trabalhadoras brasileiros que têm seus direitos negados, prejudicados pela absurda concentração de renda e desigualdade social. Por isso nos comprometemos a seguir na luta.

 

Nos últimos anos, a terra passou a ser concentrada também pelo chamado agronegócio – grandes empresas transnacionais na agricultura, aliadas ao capital financeiro internacional e ao latifúndio, que concentram ainda a cadeia produtiva – das sementes à comercialização, destinando a produção apenas para a exportação e a especulação com o preço dos alimentos. Portanto, agora é necessário uma Reforma Agrária Popular, que garanta a soberania alimentar do povo brasileiro.

 

O MST foi construído ao longo desses anos e sobreviveu graças ao apoio recebido da classe trabalhadora, professores, artistas, ambientalistas, juristas, estudantes, escritores, poetas, parlamentares, religiosos, e cidadãos e cidadãs comuns que defendem a construção de um país justo, democrático e soberano. São nossos parceiros, companheiros e companheiras de caminhada.

 

Por conta do aniversário dos 25 anos, recebemos saudações dos nossos amigos e companheiros (abaixo selecionamos algumas, para compartilhar com todas e todas.).

 Coordenação Nacional do MST

                                                                                      

 

ALGUMAS DAS MENSAGENS RECEBIDAS QUE COMPARTILHAMOS COM TODOS E TODAS

 

Eu suplico aos deuses e aos demônios que protejam o Movimento Sem Terra e a toda sua linda gente que comete a loucura de querer trabalhar, neste mundo onde o trabalho merece castigo. (Yo suplico a los dioses y a los diablos que protejan al movimiento sin tierra, y a toda su linda gente que comete la locura de querer trabajar, en este mundo donde el trabajo merece castigo). 

Eduardo Galeano,  escritor, Uruguai

 

Companheiras, companheiros, querida irmandade da caminhada.

O MST celebra jubileu, não precisamente de prata, mas de terra, de suor, de sangue, de vida reconquistada pelo povo para o povo.

O MST é essa militante tribo da enxada e da utopia, na beira das estradas, debaixo das lonas, nos latifúndios nefastos (porque todo latifúndio é um crime estrutural em nosso Brasil, em Nossa América). Mas o MST somos também esses milhares e milhões de pessoas cordialmente anexas que vemos no MST o movimento social mais oportuno, mais eficaz, mais disciplinado no meio de uma liberdade sadiamente jovem.

O MST sabe muito bem que “terra é mais que terra”, e por isso reivindica, com a reforma agrária, as reformas sociais na saúde, na educação, na moradia, a grande reforma política estrutural que nos permitira sair do sistema capitalista, agora neoliberal e em crise cada vez mais manifesta, para irmos avançando num socialismo novo. Um socialismo que socialize efetivamente os direitos e os deveres de todo o povo, na igual dignidade humana, sem oligarquias privilegiadas, vendidas ao império do lucro e excluidoras das grandes maiorias. Irrita hoje ter que presenciar os governos derramando os tesouros nacionais nos bancos e nas multinacionais apátridas, e fechando os olhos e o coração para milhões de seres humanos que morrem diariamente de fome, de ditadura, de genocídio.

Nestes 25 anos de caminhada o nosso MST tem sofrido continuadas incompreensões e injustiças, com freqüência acobertadas pelos poderes públicos.Os Curiós da vida (e da morte), as Monsanto prepotentes, as bancadas ruralistas e as corrupções nas várias esferas do poder não faltaram, não faltarão, travestidos agora de progresso, de agronégocio, de exportação omnímoda. Em réplica de profecia, e com todo o seu potencial de luta e de sonho, cada vez mais o MST fará questão de seguir, reforçando as alianças com os povos indígenas e o povo quilombola e com todos os movimentos populares no campo e na cidade. Em Via Campesina, em caminhada de libertação, fazendo frutificar o sangue de nossos mártires.

Estão-nos proibidos o desânimo, o medo, a rotina, a incoerência. Contamos com o Deus da Terra, da Vida, do Amor, contra os ídolos do dinheiro, da prepotência, da segregação.

Um sertanejo me perguntava por minha saúde; eu lhe respondi: «você sabe, sou cavalo velho…». «Bispo, me retrucou: cavalo velho, pasto novo». Vocês, queridíssima turma de MST, são alimento novo e renovador para toda a velharada militante. Vocês nos rejuvenescem. Vocês são o futuro do nosso passado.

Nesta esperança e com esta paixão libertadora, recebam o meu abraço de velho companheiro da caminhada.

 

Pedro Casaldáliga
São Félix do Araguaia, MT
18-01-2009

 

O MST é a mais democrática organização social que o Brasil tem ou que já teve. Não esquece as necessidades individuais de cada um dos seus integrantes como costumam fazer as organizações políticas e é capaz de conjugá-las com as necessidades mais amplas da luta pela terra. Não só da luta pela terra, mas da luta pela emancipação do Brasil. Não só do Brasil como nação, mas dos brasileiros como gente.

Augusto Boal – diretor  do Centro do Teatro do Oprimido do Rio de Janeiro

 

Eu tenho muito prazer em poder parabenizar o MST pela passagem dos seus 25 anos de existência e afirmar que me sinto privilegiada por ter participado de um CD realizado pelo MST em que eu cantei uma música falando sobre a importância da educação e da liberdade. E quero dizer também que a contribuição do Movimento Sem Terra é importantíssima. A contribuição e conscientização que o MST deu para o brasileiro para que isso acontecesse foi fundamental, porque o MST nunca deixou de estar presente nas principais lutas sociais do nosso país, da nossa nação. Por isso, eu me sinto orgulhosa de ter podido participar de vários eventos do movimento sem-terra e dizer que espero que continuem com essa luta, com essa consciência política e que nunca se deixem ser submetidos por oligarquias, por classes dominantes de forma alguma. Se chegamos onde chegamos, o MST também é responsável por isso. Parabéns a todos vocês!

Leci Brandão – sambista

 

Eu gostaria de parabenizar o MST pelos 25 anos da sua atividade e dizer que esse movimentos tem sido muito importante pro Brasil na questão agrária e na questão social e eu espero que vocês tenham muita saúde, muita paz e muitas realizações nesse ano de 2009.

Lucélia Santos – atriz

 

Tenho uma grande simpatia e admiração pelo MST. É necessário que haja um movimento organizado de defesa de interesses populares. Evidentemente, o MST visa fundamentalmente a questão da reforma agrária no país, necessária doa a quem doer. É necessário que se reveja a questão agrária no país, até porque a própria colonização portuguesa e a maneira como se distribuiu terras nesse país, desde a colonização, é absurda. É necessário esses movimentos e, paralelamente a isso, o MST estendeu a sua rede para ensino, escolas, como a Escola Florestan Fernandes, de formação cultural e de dar apoio às pessoas que não têm acesso a educação como deveria ser. É um movimento de coragem e de resistência, que a imprensa de um modo geral conservadora sataniza. E chegar como movimento organizado a 25 anos de existência não deixa de ser um grande ato de heroísmo, uma grande vitória.

Osmar Prado – ator

 

Quero cumprimentar o MST nesta data em que ele comemora os seus 25 anos. Acho que o MST é uma das coisas mais importantes que aconteceram na história recente do Brasil. Acho que o MST teve, tem e terá uma função muito importante na democratização e na distribuição da terra no Brasil. Desejo vida longa ao MST! Desejo muita sorte em seus projetos, muita luta e melhorias para o povo brasileiro que virão através da luta do MST! Um abraço à todos. Parabéns MST pelos seus 25 anos. Parabéns pela importante luta que desenvolve no Brasil e boa sorte.

Paulo Betti – ator

 

A redemocratização e a normalidade democrática não teria sido possível no Brasil não fosse esse vigoroso movimento, nesses 25 anos que completa o MST. Falta agora à democracia  cumprir com sua parte, acabando com as diversas formas de cativeiro no Brasil, entre os quais o cativeiro da terra, o trabalho escravo, o trabalho infantil, a depredação ambiental e a redistribuição de renda, em direção a uma sociedade mais justa. Um grande e vigoroso abraço a esses lutadores.

Chico de Oliveira – Professor emérito da FFLCH-USP

 

A importância do MST é impar porque ele consegue somar às reivindicações  por melhores condições de vida, aqui e agora, uma agenda que questiona profundamente a sociedade capitalista. As reivindicações mais imediatas são indispensáveis para alimentar um movimento de massas. Sem elas não há a expansão e a adesão dos participantes de forma extensiva. Num primeiro momento as pessoas entram na luta para melhorar sua condição de pobreza material – o que é muito diferente do motivo que leva um intelectual à luta social. Essa condição a maior parte dos movimentos sociais apresenta. O que é raro, e essa é uma condição especial do MST, é combinar a luta por melhores condições de vida com a luta por transformações sociais fundamentais como o padrão de consumo, as relações de produção, as relações de  poder ou as relações com o meio ambiente, apenas para dar alguns  exemplos importantes. Vida longa aos que lutam! Viva o MST!

Erminia Maricato – Professora da USP

 

Embora haja um longo caminho a percorrer na direção de melhores condições de vida aos trabalhadores do campo, bem como para o combate das desigualdades, das injustiças e dos conflitos agrários, no Brasil, é inestimável a contribuição do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – nesses 25 anos de existência – no sentido de promover a justiça social no campo e na cidade, através de ações comprometidas não só com a subsistência digna da população camponesa em seu local de origem, mas, sobretudo, com a qualidade de vida e a produção de alimentos a todo povo brasileiro. A luta segue!

Roberto Franklin de Leão – Presidente da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação)

 

Parabéns, ao MST, pelos 25 anos de luta em prol da melhoria das condições de vida dos mais necessitados. Continuo apoiando vocês  e desejo que continuem o trabalho de pressionar o governo quanto a necessidade de uma reforma agrária no Brasil. Sugiro que a pressão foque também a carência educacional e a atual  matriz tecnológica de produção, no campo, que é excludente e ambientalmente incorreta.   

João Luís Homem de Carvalho, pesquisador agrícola e ex-secretario de agricultura do DF

 

Não é por acaso que a história do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, construída ao longo dos últimos 25 anos, é reconhecida em todo o mundo. Manter a luta pela reforma agrária em pauta no Brasil tem sido um dos grandes méritos do MST. A vida e o sangue de trabalhadores e trabalhadoras, mobilizados contra as injustiças do latifúndio e em busca de uma sociedade igualitária, são um combustível para a nossa militância diária em direção ao socialismo.

Dr. Rosinha, deputado federal (PT-PR), presidente do Parlamento do Mercosul.

 

O MST completa 25 anos de vida e de luta como um dos movimentos sociais mais importantes do nosso país. Foi o movimento que colocou e mantém a luta pela reforma agrária na agenda do país, dentro de uma perspectiva transformadora da sociedade brasileira. Isso não é pouco. E não é outra a razão pela qual o movimento tem sido vitima de tanta perseguição do latifúndio e dos governos. Mas é também a razão pela qual o MST é um parceiro privilegiado de todos e todas que, neste país, lutam pelo fim da exploração e da opressão que afligem a vida da classe trabalhadora. Parabéns ao MST pelos 25 anos de vida e de luta. Vida longa ao MST!

José Maria de Almeida – Coordenação Nacional da Conlutas

 

Ao longo desses 25 anos, o MST se consolidou como um dos mais importantes movimentos sociais brasileiros. Para nós, da FUP (Federação Única dos Petroleiros), o MST é referência de luta e parceiro de inúmeras jornadas. Marcou a sua trajetória o compromisso com um país mais justo para todos, em especial aos mais pobres. A justa e necessária luta pela reforma agrária e democratização do meio rural brasileiro é o seu compromisso principal, mas a compreensão de que a luta se dá em todas as frentes de batalha impulsiona o MST a defender diversas bandeiras como a defesa da soberania nacional. Por tudo isso, podemos afirmar que o Brasil estaria bem pior não fosse atuação do movimento. Valeu companheirada que venham outros vinte cinco anos de lutas e vitórias.

João Antonio de Moraes – Coordenador Geral Federação Única dos Petroleiros-CUT

 

Há vinte e cinco anos que o MST luta para mudar a fisionomia excludente e conservadora do nosso país. Através do MST, milhares de brasileiros excluídos da terra e da plena cidadania, milhares de brasileiros sem voz nem querer coletivo, se organizaram e se transformaram em lutadores por seus direitos e em amantes da igualdade, da fraternidade, da dignidade e da justiça. Milhares de brasileiros deserdados da terra, homens e mulheres; velhos, adultos, jovens e crianças; brancos, negros e índios, se irmanaram e, de mãos dadas, acreditaram que, juntos, poderiam mudar seu próprio destino. Enfrentando a onipotência dos poderosos, esta brava gente brasileira adquiriu raízes, identidade, experiência, sonhos e até o projeto de construir uma sociedade mais justa e igualitária. Com muita coragem e obstinação, estão ensinando aos brasileiros que a sua esperança de uma vida digna é a nossa luz no fim do túnel.

Heloísa Fernandes, socióloga, professora da Escola Nacional Florestan Fernandes e professora aposentada da Universidade de São Paulo.

 

Nas lutas sociais, preservar o que foi construído, avançar em períodos de dificuldades, recusar as imposições e os constrangimentos impostos por uma lógica destrutiva, não perder os sentidos e direções na busca por um novo modo de vida, em tudo e por tudo distinto da tragédia atual, é algo difícil de se manter e de se conquistar, mas é também imprescindível. O MST, em seus 25 anos, vem honrando com dignidade, força, altivez e pujança popular esta batalha. Caminhemos agora para os 50 anos! Vida longa ao MST.

Ricardo Antunes – professor da Unicamp

 

Companheiros e companheiras do MST: na verdade, eu gostaria que a festa fosse de celebrar a extinção do MST, pois o Brasil teria efetivado a reforma agrária, o latifúndio estaria extinto, a miséria erradicada, os acampamentos suprimidos, os assentamentos considerados prioridades por um governo avesso ao agronegócio. Assim, rogo ao Deus Libertador que não permita que haja comemoração dos 30, 40 ou 50 anos do MST, pois todos terão terra para trabalhar e viver neste país de dimensões continentais. Coragem e que a luta continue!

Frei Betto, escritor, frade dominicano.

 

O MST está fazendo 25 anos, se tomarmos como referência a sua data oficial de nascimento: o Primeiro Encontro Nacional realizado em Cascavel, no ano de 1984. Mas se considerarmos as primeiras lutas que deram origem ao MST e que aconteceram entre 1979 e 1983, nas regiões Sul, Sudeste e Centro – Oeste, o MST estaria completando 30 anos. Nestas três décadas, o MST tornou-se um dos movimentos camponeses mais conhecidos do mundo. Está organizado em 24 das 27 unidades da Federação e é um dos mais importantes protagonistas da luta pela terra e do desenvolvimento territorial do Brasil.

 

O MST tornou as ocupações e os assentamentos em espaços e territórios de resistência ao modelo de desenvolvimento expropriador do agronegócio. A agricultura camponesa representa o mundo saudável, a comida – sem veneno – feita na hora. Já foi o tempo em que alguém ousava falar que o campesinato é parte de um mundo atrasado. Cada vez mais, as pesquisas têm demonstrado que o campesinato é parte do mundo moderno. Que além de produzir alimento saudável, luta também para que todos tenham direito à alimentação, defendendo a soberania alimentar. É esta idéia que nos faz compreender porque o MST é um movimento do futuro.

Bernardo Mançano Fernandes

Universidade Estadual Paulista – UNESP

 

 

Diferentemente do que insiste a grande imprensa e o pensamento político e jurídico dominante de  criminalizar o MST, um balanço atento dos seus 25 anos indica que o mesmo condensa uma experiência de resistência e uma agenda propositiva no campo econômico-social, político, cultural e educacional. Agenda esta que pode superar o legado de uma classe dirigente que, ao longo do século XX , consolidou no Brasil um projeto de  capitalismo dependente  e uma das sociedades, ao mesmo tempo, que concentra riqueza e iníqua pobreza. No campo educação escolar, mas não só, como educador e pesquisador há 30 anos na área não tenho dúvida em afirma que o MST condensa a proposta mais avançada  articulando cultura, experiência, trabalho e conhecimento na  perspectiva da emancipação humana.

Gaudêncio Frigotto. UERJ/RJ

Educador

 

A existência do MST e sua luta é fundamental para que a  Reforma Agrária no Brasil se concretize e  a luta pela democracia avance. O MST nasceu no processo de democratização do Estado brasileiro e é um patrimônio de todos aqueles que lutam  por um Brasil para todos os  brasileiros. A luta pela terra não seria uma luta politizadora e de sentido transformador sem os valorosos companheiros do campo. Nós, militantes pela Reforma Urbana, que estamos organizados na CONAM, nos orgulhamos em ter os companheiros do MST como aliados estratégicos nas grandes lutas políticas em nosso país. O ano de 2009 coloca para o conjunto do povo brasileiro desafios a serem enfrentados. Temos a certeza de que o MST continuará a jogar papel preponderante nas lutas sociais  de caráter transformador em nosso  país. Parabéns pelos 25 anos de luta

Bartiria Lima da Costa – Presidenta da CONAM

 

Em Portugal, todos quantos lutam contra a ditadura de fachada democrática imposta ao povo acompanham com admiração o combate difícil e heróico  do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra do Brasil. Ao comemorar um quarto de século, o MST aparece-nos como um exemplo de tenacidade e coerência  na batalha por uma Reforma Agrária que destrua  o latifúndio improdutivo e permita  que a Terra passe finalmente  para as mãos dos camponeses que a trabalham, libertando-os de uma servidão secular.

Miguel Urbano Rodrigues, escritor, ex-deputado no parlamento europeu, pelo PCP, Portugal.

 

Nestes 25 anos, o MST ultrapassou fronteiras, constituindo-se no principal movimento social que resgatou as lutas históricas dos camponeses pobres e sem terra por reforma agrária e justiça social no Brasil.

Osvaldo Russo, ex-presidente do INCRA, diretor da ABRA e coordenador do Núcleo Agrário Nacional do PT

 

O MST é o movimento social mais importante do Brasil. Se a reforma agrária está lenta, estaria praticamente parada se não fosse o MST. Valorizamos as formas de luta e a maneira de o MST se organizar, necessárias, diante da intolerância e da agressividade dos latifundiários, protegidos pelo estado burguês.

O MST, de uns anos para cá, deu um grande salto de qualidade, quando passou a participar das lutas democráticas, populares e antimperialistas e por um mundo sem explorados.

Ivan Martins Pinheiro – secretário geral do PCB

 

Nestes 25 anos do MST, foram assentadas mais de 370 mil famílias tendo o movimento a frente desta luta, contra o latifúndio. Se não fosse esta lutas, estas famílias iriam para os centros urbanos, ocupando as periferias e em muitos casos indo para criminalidade, pois não teriam nenhuma expectativa de vida. Em nosso assentamentos não temos nenhuma família passando fome ou criança fora da escola, por isto sempre desafiamos os que são contra a reforma agrária e ir visitar um assentamento e conhecer esta realidade. Me orgulho por participar desta luta desde a criação do MST.

Deputado Federal Adão Pretto, PT-RS

 

A sociedade civil brasileira, assim como a correlação de forças políticas no campo, vivenciou nestes últimos 25 anos um processo de luta social no qual a qualidade da luta pela terra e na terra foi referência histórica para todos os movimentos sociais populares do campo e da cidade, não apenas devido à ousadia das ações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, mas, sobretudo, pela desenvolvimento de uma renovada capacidade de formar politicamente um geração inteira de combatentes sociais nas e para as lutas de superação da sociedade de classes no Brasil. Precisamos de dois, mil, dez mil MSTs neste país e no mundo para que a chama da libertação seja constantemente avivada e possamos derrotar a concepção e prática de mundo capitalista.

Horacio Martins de Carvalho, agrônomo, membro-fundador da ABRA

 

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino – CONTEE parabeniza o Movimento dos Sem Terra pelos seus 25 anos de luta em nome da justiça social, da inclusão da população do campo e da busca por oportunidades iguais para todos os brasileiros. Estamos certos de que é um orgulho para nosso País contar com uma entidade com tal história e combatividade. A CONTEE destaca ainda a valorização dada pelo MST às ações educacionais, tanto no que tange ao incentivo à formulação de políticas públicas de educação, que impulsionem o desenvolvimento do Brasil, quanto na adoção de atividades direcionadas aos companheiros e companheiras que fazem parte do Movimento. Parabéns pelos 25 anos de luta do MST!

Madalena Guasco Peixoto – Coordenadora Geral da CONTEE

 

Vocês chegam ao 25º aniversário com uma história exemplar de luta, inspiração para muitos movimentos no Brasil, na região e no mundo. A história de vocês é um dos pilares da própria tarefa árdua e difícil de democratização de nossa sociedade latifundiária, violenta, racista e machista. O Ibase, como organização de cidadania ativa, sempre esteve "ligado" no MST e dele extraiu ânimo para continuar e ousar em sua própria missão. Orgulhamo-nos da relação política estratégica que mantemos ao longo dos anos com o MST.

Cândido Grzybowski – Diretor Geral Ibase e da coordenação do FSM

 

 FELICIDADES

Os 25 anos do MST devem ser celebrados como ele merece. Ponta de lança na luta pela transformação da sociedade, o movimento desde o início confrontou a pior das iniqüidades de nosso país, onde elas não faltam, e que é a iniqüidade do acesso à terra. São 25 anos de lutas incessantes, de sacrifícios, de conquistas e de vitórias extraordinárias. O MST tornou-se um exemplo para o mundo e seu prestígio é reconhecido em toda parte. Saúdo a todos e comemoro o aniversário.

Walnice Nogueira Galvão, escritora, editora.

 

 

Nos últimos 25 anos, o MST tem pautado um dos problemas centrais do país: a desigualdade, em especial no que se refere ao acesso à terra. Sob essa perspectiva, tem sido um agente importante da democratização da nossa sociedade. Ao mesmo tempo, renovando sempre sua pauta, tem conseguido trazer a debate, além dos efeitos da concentração fundiária, questões chaves, tais como o controle da produção de sementes  por grandes empresas transnacionais, os riscos da transgenia, a desnacionalização da propriedade da  terra etc.
Merece ainda destaque o esforço educacional, que vem qualificando trabalhadores para participar como sujeitos dos debates políticos e da transformação da sociedade onde vivem.

POEMAS  AO SEM TERRA

Carlos pronzato, cineasta, argentina

 1

 

Reforma Agrária

É palavra

Que dói na alma

Que grita na calma

De quem

Não se levanta

 

Reforma Agrária

É bandeira

Que clama

Revolta

E apenas reclama

“na lei ou na marra”

Com uma palavra:

Terra!

 

 

 

Ao MST – nos seus 25 e 30 anos

 

Da raiz à luta,

Da flor ao fruto,

Do chão ao pão

No caminho da utopia,

Da noite ao novo dia!

 

Parabéns, pela esperança que semeiam em cada terra repartida coletivamente, pela revolução que brota de cada braço e coração construindo o sonho socialista na ameríndia!

 

Sentir o pulsar forte e firme do MST  passa pela terra indígena de Nonoai, passa pela encruzilhada natalina, passa pelo rio grande inacabado, passa pelo Brasil ainda dominado pelo latifúndio.

 

Se a raiz profunda do MST, nasceu do conflito, da enganação política, da expulsão para beira da estrada,  do sofrimento e da luta nasceu e está se ampliando a aliança no campo e de maneira especial com os povos indígenas.

 

Ainda existe um longo e duro caminho para amanhecer. Mas a certeza que temos é o caminho e o horizonte que vai se avermelhando com o nascer do sol!

 

Estava ao lado dos índios Kaingang e Guarani de Nonoai, naquele maio e julho de 1978, assim como,deste então,tenho estado ao lado da luta da terra e da justiça nesses 30 anos de mobilização e organização da esperança na partilha da terra e construção de um novo projeto político para o país.

 

Egon Heck

Cimi – MS

 

 

SOMOS TODOS MST

 

Hoje, a pressão pela reforma agrária não é uma bandeira exclusiva dos sem terra, porque o MST conseguiu fazer com que ela passasse a ser empunhada também por forças sociais e políticas importantes: CNBB; CUT; intelectuais e artistas progressistas; professores universitários e profissionais do setor agrário, agrupados na Associação Brasileira de Reforma Agrária (ABRA); partidos políticos do espectro que vai do centro à esquerda. O MST é um movimento pacífico – apesar do esforço da mídia burguesa para colar nele o estigma da violência, os fatos demonstram o contrário. As ocupações de terra, outrora objeto de processos criminais, já foram reconhecidas pela justiça como atividades que não configuram ilícitos penais, porque representam, na verdade, pressões legítimas de famílias que necessitam um pedaço de terra para poder sobreviver. A opinião publica observa com simpatia o enorme esforço que o Movimento faz para educar as crianças, tanto nas terras ocupadas como nos assentamentos já legalizados, e para capacitar os adultos, a fim de que possam gerir eficientemente as unidades reformadas. Esse apoio dos setores democráticos da sociedade civil ao MST decorre da consciência do enorme serviço que a organização presta à consolidação da democracia brasileira, pois a esperança de conseguir um pedaço de terra é que está impedindo a ocorrência de gestos desesperados no meio rural.

 

PLINIO DE ARRUDA SAMPAIO – dirigente do PSOL, é presidente da Abra (Associação Brasileira de Reforma Agrária). Foi deputado federal pelo PT-SP (1985-91) e consultor da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Leonilde Servolo de Medeiros
Professora do Programa de Pós-graduação de C. Sociais em
Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade (CPDA)
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

 

Via Campesina: Carta de Solidaridad y Un llamado para el Alto a la Guerra en Gaza

El final del año 2008 presencio una nueva ola de violencia en contra la humanidad con la Guerra de Israel en contra del pueblo Palestino en Gaza. El ataque  por la fuerza ocupadora de Israel comenzando el 27 de diciembre – bajo el pretexto de la guerra en contra de Hammas – ha matado a centenares de palestinos y herido a miles de personas, muchas de ellas mujeres y niños.

La guerra en Gaza está destruyendo casas, escuelas, hospitales y también campos agrícolas Palestinos. El pueblo Palestino en Gaza presentemente está enfrentando una carencia de medicinas, agua, alojamiento y comida. Mientras que al mismo tiempo campesinos Palestinos no pueden producir su propia comida. La situación se está volviendo más trágica cada día.

En nuestra lucha por los derechos humanos y en contra de la guerra, nuestro Movimiento Campesino Internacional condena los ataques militares crueles por Israel.  La Vía Campesina ve esta guerra como un acto de violencia extrema en contra de la humanidad cual debe parar inmediatamente.

La Vía Campesina como movimiento solidario internacional de campesinos, pequeños agricultores, desposeídos y pueblos indígenas presentamos nuestro más profunda preocupación y solidaridad con los campesinos y el pueblo Palestino quienes están sufriendo muerte y sufrimiento en esta guerra. Hacemos el llamado a todos los miembros de La Vía Campesina y otros movimientos progresistas y solidarios tomar mayores esfuerzos para poner un alto a la guerra y dar apoyo a los campesinos y pueblo Palestino in su demanda para 

1.       Organizar marchas en solidaridad con el Pueblo Palestino y demandar que el mundo intervenga en poner un alto a la agresión Israelita en contra del pueblo Palestino.

2.       Acelerar la provisión de apoyo económico y en especie en beneficio de Gaza

 (ver la carta anexada de la Unión de Campesinos Palestinos).

Unamos nuestros esfuerzas y luchemos para poner un alto a la guerra y violencia en Palestina.

¡Globalicemos las Lucha – Globalicemos la Esperanza!

En solidaridad,

Henry Saragih

Coordinador General de La Via Campesina               

An Appeal for help from the Palestinian Farmers Union for all living consciences of the world

 

At the time we try to pull together our wounds, our voices are calling for help and support. we in the Palestinian Farmers Union appeal to all our brothers in the farmers and peasants Unions, we also appeal to all international organizations and solidarity with Palestinians organizations to work to stop the massacre, to stop the siege and to help and assist the Palestinian people in the Gaza Strip, for what they are facing steadfastly of Barbarian fierce attack by the Israeli occupation forces, as this aggressive bombardment reached children, women and the elders and even trees and stones.

 

we are in the provinces of the West Bank and Gaza Strip are living these days, a state of panic and shock to the size of the heinous crime committed by the Israeli occupying authorities against the defenseless Palestinian people in the Gaza Strip and what we appeal to the brothers and friends in the world is to work on:

The organization of marches of solidarity with the Palestinian people and demand the world to intervene to stop Israeli aggressions against the Palestinian people.

 

To expedite the provision of financial support and in-kind for the benefit of the Gaza Strip.

 

It is essential that right will win at the end and injustice will vanish.  

your brothers and friends in the Palestinian Farmers Union

 

                                                 

O MST e as reformas agrárias do Brasil – Bernardo Mançano Fernandes

Octubre de 2008

Resumo
O trabalho estuda a evolução do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra (MST) e da reforma agrária no Brasil. Argumenta também que o governo
não quer uma reforma agrária que limite o agronegócio e por isso
privilegia a legalização da colonização de terras na Amazónia. Expõe finalmente
que o agronegócio e as ocupações camponesas avançam simultâneamente
nessa região o que isso deixa prever uma dura disputa territorial
no momento em que a fronteira agricola chegue ao seu limite.

Introdução
Nosso objetivo neste artigo é uma breve reflexão a respeito do Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e das mudanças recentes que
ocorreram nas políticas da reforma agrária brasileira. A reforma agrária é uma
política territorial que serve para minimizar a questão agrária. Para este estudo,
tomamos como referência a definição de questão agrária compreendida
como um problema estrutural do capitalismo (Fernandes, 2001), sendo parte
de sua própria lógica de desenvolvimento, gerando processos de diferenciações
e desigualdades, expulsões e expropriações, excluindo ou subalternizando,
destruindo e recriando o campesinato. Por essa razão, as relações entre
campesinato e capital são de conflitualidades permanentes e explicitadas, de
um lado, pela subalternidade do campesinato ao capital e pelo poder que o
capital tem, de acordo com os seus interesses, de destruir e recriar o campesinato
e, de outro lado, pela resistência do campesinato em determinar sua
própria recriação por meio das ocupações de terra (Fernandes, 2008a).
No centro dessas conflitualidades há a disputa territorial
que se manifesta no controle do processo de criação e destruição do
campesinato. A questão agrária é então uma questão territorial e a reforma
agrária é a face dessa dimensão. As conflitualidades expressam os embates
dos processos estruturais e suas características conjunturais. Nas últimas
quatro décadas, a questão agrária teve diferentes conjunturas. Na década
de 1970, a intensificação da expansão das monoculturas e a ampliação da
agroindústria, acompanhada da quase extinção dos movimentos camponeses
pela repressão da ditadura militar, marcou uma das maiores crises da
resistência do campesinato. Com a redemocratização do país na década de
1980, ocorreu a consolidação do modelo agroexportador e agroindustrial
simultaneamente ao processo de territorialização da luta pela terra, com o
aumento das ocupações de terras e da luta pela reforma agrária.

Na década de 1990, ocorreu a multiplicação dos movimentos
camponeses em luta pela terra, ampliando a conflitualidade ea criação de assentamentos rurais, tendo o MST à frente desse processo,
como demonstraremos neste artigo. Nesta década, corporações nacionais
e transnacionais ampliam o modelo agroexportador em um amplo conjunto
de sistemas que passou a ser denominado de agronegócio. Esse conjunto
reúne, de formas diferenciadas, os sistemas agrícolas, pecuário, industrial,
mercantil, financeiro, tecnológico, científico e ideológico.
Na primeira década do século XXI, essas mudanças
conjunturais da questão agrária geraram diferentes conflitualidades. Os
movimentos camponeses passaram a se confrontar cada vez mais com
corporações transnacionais e cada vez menos com latifúndios. Esta confrontação
está associada ao processo de globalização da questão agrária
com a territorialização das corporações transnacionais para vários países e
da criação de uma organização mundial de movimentos camponeses, a
Via Campesina. A crise alimentar demonstrou o mito de que o agronegócio
seria o grande produtor de alimentos, destacando a participação do campesinato
e a necessidade de políticas de soberania alimentar. O aumento
do preço do petróleo e a ampliação da produção de agrocombustíveis
transformaram o campo em território para a produção de agroenergia e
de alimentos. O MST e mais de noventa outros movimentos camponeses
brasileiros estão no centro destas conflitualidades da atual questão agrária.
Nesta conjuntura, as políticas de reforma agrária também se modificaram.
Analisamos essas mudanças a partir desta nova conjuntura agrária que dá
atualidade à questão agrária e ao MST.
O MST e as mudanças na conjuntura da questão agrária
Oficialmente, o MST tem 24 anos porque o Movimento definiu o seu primeiro
encontro realizado em janeiro de 1984, na cidade de Cascaval, estado
do Paraná, como a data de sua fundação. Todavia, ao considerarmos
o seu período de gestação (a “pré-história” do MST) a partir das primeiras
lutas e das primeiras reuniões que aconteceram nos anos 1978 a 1983,
o MST está completando 30 anos em 2008 (Fernandes, 2000). Nestas
três décadas de existência o MST conviveu com diferentes conjunturas da
questão agrária. Essas mudanças trouxeram novos desafios e um deles
está no próprio nome. Quando foi fundado, o MST se denominou Movimento
de Trabalhadores Rurais Sem Terra (Stédile e Fernandes, 1999).
Todavia, a expressão “trabalhadores rurais” não sobreviveu na própria sigla,
que desde o final da década de 1980 passou a ser MST. Desde meados
da década de 1990 (especialmente por causa da fundação da Via Campesina),
a expressão “camponês” aparece cada vez mais nas falas e nos
documentos do MST. Se a expressão camponês era estranha na época de
sua fundação, hoje é comum em acampamentos e assentamentos, emreuniões e outros espaços e territórios onde o Movimento
se manifesta. Exemplos podem ser encontrados
nas matérias publicadas no Jornal do MST ou em seu
sítio <www.mst.org.br>.

Esta definição fortaleceu a identidade
do MST como movimento camponês. E esse fortalecimento
acentuou a questão territorial da luta. Um
movimento camponês não existe sem os territórios do
campesinato. Por essa razão, um movimento camponês
também é um movimento socioterritorial
(Fernandes, 2005). É da terra
e de todos os bens produzidos desde
a terra que o campesinato promove
a sua existência. Portanto, o
território é elemento fundante neste
artigo para compreender o MST e a
reforma agrária hoje. Evidente que o
território é condição essencial para
todos os tipos de organização. Por
essa razão, o MST vai disputar territórios
com seu principal oponente: o agronegócio. Essa
disputa é uma das principais marcas da questão agrária
desde o passado até a atualidade e foi ampliada e intensificada
pela modernização e mundialização da produção
agrícola. Contraditoriamente, esta nova realidade
liberta a reforma agrária da simples compreensão distribucionista
e amplia seu conteúdo para uma luta ampla,
multidimensional e complexa. Lutar pela reforma agrária
significa lutar por todas as dimensões do território,
entre elas a tecnologia, o mercado, a educação, saúde
e, principalmente, contra o capital que procura tomar o
controle dos territórios do campesinato.

Esta compreensão de reforma agrária
como território o MST traz desde sua fundação. Por
essa razão, o MST é um movimento camponês moderno
(Oliveira, 2005). Uma das características dos modernos
movimentos camponeses é o rompimento com
as relações de dependências com partidos, governos e
outras instituições, como já foi muito bem argumentado
pelos sociólogos que estudaram os “novos movimentos
sociais”. O MST desde sua fundação manteve autonomia nas relações com as instituições que contribuíram para a sua formação,
como a Comissão Pastoral da Terra (CPT), a Central Única dos Trabalhadores
(CUT) e o Partido dos Trabalhadores (PT), para citar somente as
três mais expressivas. Todavia, é fundamental lembrar que o MST também
contribuiu com a formação dessas instituições. Essa relação de contrapartida
nas formações dessas instituições pode ser melhor compreendida na
construção de políticas para a transformação das realidades do país, cujos
avanços são limitados pela correlação desproporcional de forças.
Outra característica da modernidade do MST é saber
acompanhar as mudanças das conjunturas políticas. Aliás, esta é uma prática
de destaque nos principais espaços políticos do MST, que tem grande
relevância para a defesa de sua resistência contra o capital. A participação
do MST na Via Campesina muito contribuiu com essa compreensão. A
maior e melhor compreensão das realidades é possível quando se acompanha
as lutas de movimentos camponeses de vários países do mundo. O
inimigo comum dos movimentos camponeses em todo o mundo chamase
agronegócio. Ser um movimento camponês na América Latina significa
lutar pela reforma agrária e contra o agronegócio. Os países da América
Latina possuem as concentrações fundiárias mais altas do mundo e seus
territórios são intensamente controlados pelas corporações multinacionais
(Fernandes, 2006). As políticas de reforma agrária no Brasil, na Bolívia e
no Paraguai, por exemplo, têm um forte obstáculo: o agronegócio. Este
complexo de sistemas das corporações multinacionais está desafiando os
movimentos camponeses no impedimento da reforma agrária, ora pressionando
os governos, ora fazendo parte do arco de alianças de apoio aos
governos de direita, centro e esquerda na América Latina.

O MST, os governos FHC e Lula e as políticas de reforma agrária
A eleição da primeira gestão do governo Lula (2003-2006) teve o apoio
do MST. Havia a perspectiva de um governo ofensivo na implantação
da reforma agrária, considerando que esta era uma promessa de Lula.
Em 2003, membros do MST participaram, junto com um grupo de especialistas
coordenado por Plinio de Arruda Sampaio, da elaboração do
segundo Plano Nacional de Reforma Agrária (II PNRA). O primeiro PNRA
foi elaborado em 1985 (governo Sarney) sob a coordenação de José
Gomes da Silva (1987; 1989). Os projetos coordenados por estes dois
históricos defensores da reforma agrária nunca foram implantados. Na
década de 1980, a principal oposição à realização do I PNRA partiu dos
ruralistas, principalmente com a criação da União Democrática Ruralista
(UDR). Neste princípio do século XXI, a reforma agrária encontra como
principal opositor o agronegócio, que defende o acesso à terra sob o seu
controle, ou seja, “sem luta de classe e sem conflitos” (Bruno, 2008). A
reforma agrária de mercado, em todas as denominações que esta política
recebeu, representa uma forma de controle territorial por meio da comoditização
(Pereira, 2004), ou seja, a mercantilização da terra, retirando a
reforma agrária do território da política e transferindo-a para o território da
economia capitalista (Ramos Filho, 2008).
As diferenças e semelhanças entre ruralistas e agronegócio
podem ser melhor compreendidas pelas relações que estes mantêm.
Os ruralistas da década de 1980, em parte, integraram-se ao agronegócio
por meio da produção ou pelo arrendamento da terra para as
corporações. Os ruralistas, em grande parte, são formados por pecuaristas,
produtores de soja e de cana de açúcar. Grandes latifundiários encontraram
no modelo do agronegócio uma forma de utilizar suas terras para
a expansão da soja e da cana, arrendando ou produzindo. O latifúndio
controla grande parte das terras agricultáveis e por sua própria natureza as
mantêm improdutivas. O agronegócio avança sobre essas terras, por meio
de sua lógica de produtividade de monoculturas em grande escala. As
mudanças no uso do solo de pecuária para soja ou cana tornaram-se uma
marca do processo em que improdutividade e produtividade se unem
como barreiras às políticas de reforma agrária.

Essa nova conjuntura redefine as correlações de forças
e impede a realização de uma reforma agrária que atinja o território do
agronegócio. A reforma agrária será feita, principalmente pela incorporação
de terras públicas na Amazônia. Essa conjuntura traz um novo desafio para
os movimentos camponeses, como analisaremos a seguir.
Os governos Fernando Henrique Cardoso (FHC) e Lula
foram os que mais criaram assentamentos ao consideramos os governos
do processo de redemocratização do Brasil. Em torno de 80 por cento
das realizações em números de assentamentos, famílias e área ocorreram
nos períodos destes governos, como pode ser observado nas tabelas 1
e 2. Estas duas tabelas são esclarecedoras para a compreensão de que
a reforma agrária só acontece com a organização dos movimentos camponeses,
por meio da ocupação de terras. Observe-se a relação entre o
número de ocupações e de assentamentos. A política de reforma agrária
não é somente uma ação do Estado. É antes uma ação dos movimentos
camponeses. Sem luta pela terra não há reforma agrária.

A luta pela terra, por meio das ocupações, cresceu mais
intensamente a partir da primeira gestão do governo FHC. As duas gestões
deste governo são marcadas por diferentes políticas de reforma agrária. Na
primeria gestão, o governo FHC apostou que eliminaria a questão agrária
com a realização de uma ampla política de assentamentos. Foi o períodoem que mais se assentou famílias. Todavia, a questão agrária se manteve,
exatamente por causa de seu caráter estrutural, como afirmamos na introdução
deste artigo. Fracassada a teoria do governo FHC, ele iniciou uma estratégia
completamente oposta. Investiu na criminalização das ocupações
de terra, criando medidas provisórias para não assentar famílias ocupantes
de terra e não desapropriar terras ocupadas. Estas medidas políticas atingiram
parcialmente as ações dos movimentos camponeses, como pode ser
observado na diminuição do número de famílias ocupantes na segunda
gestão do governo FHC. Como as ocupações determinam a criação de assentamentos,
a diminuição do número de famílias ocupantes representou
a diminuição do número de famílias assentadas.

Tabela 1
Brasil. Ocupações de terra 1985-2006
Governo Ocupações % Famílias %
Sarney (1985-1989) 229 3 34.333 3
Collor/Itamar (1990-1994) 507 7 82.600 8
FHC (1995-1998) 1.987 28 301.908 29
FHC (1999-2002) 1.991 28 290.578 28
Lula (2003-2006) 2.387 34 343.958 33
Total 7.101 100 1.053.377 100
Fonte: DATALUTA (2008).

Tabela 2
Brasil. Reforma agrária 1985-2006
Governo Assentamentos % Famílias % Hectares %
Sarney (1985-1989) 800 11 122.598 16 8.248.899 17
Collor/Itamar (1990-1994) 461 7 61.825 8 4.485.953 9
FHC (1995-1998) 2.211 31 240.819 31 10.706.365 22
FHC (1999-2002) 1.712 24 149.140 19 7.296.429 15
Lula (2003-2006) 1.879 27 192.257 25 17.092.624 36
Total 7.063 100 766.639 100 47.830.270 100
Fonte: DATALUTA (2008).

O período do governo Sarney é o único em que o número de famílias em
ocupações é menor que os números de famílias assentadas. Na época,
acreditava-se que o governo faria a reforma agrária. A decepção do governo
Sarney, que realizou menos de 10 por cento das metas do I PNRA, fez
com que os movimentos camponeses se tornassem protagonistas principais das políticas de reforma agrária nos governos
seguintes. A primeira gestão do governo Lula começou
com uma grande esperança pela realização da reforma
agrária. Os movimentos camponeses realizaram
o maior número de ocupações de terras e de família
da história da luta pela terra no Brasil. Ao contrário da
segunda gestão do governo FHC, que criminalizou as
ocupações, o governo Lula sempre dialogou com os
movimentos camponeses. Esta tem sido uma característica
marcante deste governo.
Contudo, também criou uma nova
política agrária que, paradoxalmente,
fez avançar e refluir a luta pela
terra e a reforma agrária.
O agronegócio é uma das forças do
arco de alianças que apóia o governo
Lula. O presidente Lula tem feito
claras declarações de admiração
pelo agronegócio. Como afirmamos
na primeira parte deste artigo, o
agronegócio está se apropriando das terras dos latifúndios
e quer manter um estoque de terras para o futuro
próximo, principalmente para a expansão da cana de
açúcar para produção de agroenergia.
De forma velada, o governo Lula
não desapropria terras nas regiões de interesses das
corporações para garantir o apoio político do agronegócio.
Mesmo em regiões de terras declaradamente
griladas, ou seja terras públicas sob o domínio dos latifundiários
e do agronegócio, o governo não tem atuado
intensamente no sentido de desapropriar as terras.

Somente as ocupações e o acirramento dos conflitos
é que podem pressionar o governo a negociar com
o agronegócio para cessão da fração do território em
conflito. Mas, ao mesmo tempo em que ocorre esta
lentidão, o presidente precisa dar uma reposta objetiva
aos camponeses sem-terra. Esta postura resultou
numa reforma agrária paradoxal. Aproveitando-se do
acúmulo das experiências de implantação de assentamentos,
o governo Lula investiu muito mais na regularização
fundiária de terras de camponeses na Ama-zônia do que na desapropriação de novas terras para a criação de novos
assentamentos de reforma agrária.
A opção política do governo Lula de não fazer a reforma
agrária por meio da desapropriação, e sim, principalmente, por meio
da regularização fundiária, gerou um problema para os movimentos camponeses
que mais atuam nas ocupações de terra –no caso, para o MST,
responsável por 63 por cento das famílias em ocupações no período de
2000 a 2007. Neste período, 583 mil famílias ocuparam terras no Brasil.
Destas, 373 mil estavam organizadas no MST. Em 2007, em torno de 70
mil famílias ocuparam terras, sendo que 45 mil estavam organizadas no
MST (DATALUTA, 2008). A junção de políticas do governo Lula atingiu o
MST. A predominância da criação de assentamentos por meio da regularização
fundiária fez com que o tempo de acampamento das famílias
aumentasse consideravelmente. Sem conquistas, muitas famílias abandonam
os acampamentos, o que diminui a pressão contra o governo. A
política compensatória do Bolsa Família –um auxílio financeiro mensal
irrisório– também tem diminuído o poder de pressão dos movimentos
organizados. Embora haja pesquisas em desenvolvimento sobre esta
questão, ainda não temos resultados numéricos. Fazemos esta afirmação
a partir do trabalho de campo em conversas com lideranças camponesas.
Outras leituras desse processo podem ser vistas no artigo de Osvaldo
Russo –ex-presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária (INCRA) <www.correiocidadania.com.br/content/view/1136/47>.
Ou em matéria publicada pelo jornal O Estado de São Paulo em 27 de
abril de 2008, na página A10. Ou ainda em matéria publicada pelo jornal
Folha de São Paulo em 4 de novembro de 2007, página 4.

O refinanciamento de dívidas do agronegócio e o aumento
de novos créditos de investimentos e custeio têm possibilitado ao
agronegócio a territorialização sobre as terras da Amazônia, desmatando
áreas recordes nos estados de Mato Grosso, Rondônia e Pará. No Centro-
Sul, as corporações compram extensas áreas para expansão da cana e do
eucalipto. Estas políticas diminuíram o poder de pressão dos movimentos
camponeses e intensificaram a dinâmica do agronegócio. Este também
atua em Roraima, na fronteira com a Venezuela, colocando em risco a manutenção
dos territórios indígenas. Esta conjuntura nos desafia a repensar
o conceito de território. A simplificação desse conceito como apenas o
espaço geográfico de uma nação não é suficiente para compreender as
conflitualidades entre os movimentos camponeses e indígenas da América
Latina. É preciso compreender os diferentes tipos de territórios em disputa
que compõem o território nacional (Fernandes, 2008b).

O MST e a diversidade de movimentos e de assentamentos

Para melhor compreender o paradoxo da reforma agrária no Brasil hoje é
preciso analisar a diversidade de movimentos camponeses e de territórios
camponeses que se formaram nos últimos anos. Mesmo que o MST esteja
enfraquecido pelas políticas do governo Lula, há avanços importantes e desafios
a superar. O MST e os movimentos que compõem a Via Campesina
Brasil estão enfraquecidos, porque na correlação de forças não conseguiram
ocupar espaços políticos importantes e fazer com que o governo Lula
aplicasse uma política agrária que atendesse os interesses do campesinato.
Um exemplo é a não execução de uma política de reforma agrária ofensiva
que intensificasse o processo de territorialização dos movimentos camponeses,
com a criação de mais assentamentos por desapropriação do que
por regularização fundiária. Os avanços estão na expansão do território
camponês e nas experiências dos setores de educação e produção. Mas
ainda precisam superar muitos desafios para aumentar a participação do
campesinato nessas políticas. O MST é o movimento camponês mais atuante
na luta pela terra no Brasil. Nessas três décadas de existência do Movimento,
dezenas de outros movimentos surgiram. Em 2008, o número de
movimentos camponeses na luta pela terra era noventa e três (Massaretto,
2008). O crescimento do número de movimentos intensifica a disputa
territorial que tem à frente o MST, que é reponsável por 63 por cento das
famílias que lutaram por terra nos últimos sete anos.
No Brasil, a fronteira agrícola ainda está aberta, de modo
que agronegócio e camponeses se territorializam sobre o espaço geográfico
da Amazônia. Essa condição possibilita o aumento dos territórios do
campesinato e do agronegócio. Este é um elemento paradoxal da reforma
agrária no Brasil. A reforma agrária é compreendida pelas mudanças na
estrutura fundiária de um país. No caso do Brasil, essa mudança está ocorrendo,
mas a desconcentração fundiária não. O Brasil amplia o território
agrícola e a concentração de terras. É fácil compreender essa contradição
quando analisamos os dados da estrutura fundiária brasileira e percebemos
que tanto o agronegócio quanto o campesinato ampliaram seus territórios
nos últimos quinze anos (Fernandes, 2008a).
No governo Lula, a ampliação do território camponês
ocorreu pela apropriação das terras públicas por meio da regularização fundiária,
bem como pela compra de terras por meio de políticas de créditos
fundiários. Por ampliação do território camponês estamos nos referindo
ao aumento do número de unidades camponesas e pelo reconhecimento
oficial de posses, quando o INCRA incorpora em seu cadastro os números
de famílias e as respectivas áreas ocupadas, registrando-os como resultados
da reforma agrária. Esta nova política aumentou os tipos de assenta mentos. Segundo os estudos de Coca (2008) e Rocha (2008), entre os
assentamentos criados predominam os agroflorestais em detrimento dos
agropecuários como tendência crescente desde a primeira gestão do atual
governo. Nos estudos desses dois pesquisadores estão registrados dezoito
tipos de assentamentos de reforma agrária e sete tipos de assentamentos
de reforma agrária de mercado. Esta diversidade é resultado da criação de
novos tipos de assentamentos, que ultrapassam o clássico modelo agropecuário
e também respondem a diferenças regionais. Os movimentos
camponeses e, especialmente, o MST, têm se utilizado dessa diversidade
para avançar na luta pela reforma agrária em áreas próximas às regiões
metropolitanas. Modelos de assentamentos agroflorestais criados para a
Amazônia são implantados próximos à região metropolitana de São Paulo
(Golfbartt, 2007). Ao mesmo tempo, também aumentam os números de
assentamentos de reforma agrária de mercado, principamente nas regiões
Nordeste e Centro-Sul (Coca, 2008; Rocha, 2008).
Conclusão
O aumento dos territórios do campesinato e do agronegócio aponta para
uma acirrada disputa territorial no futuro próximo com o começo do fechamento
da fronteira agrícola brasileira. Esta condição vai acabar com o atual
paradoxo da reforma agrária e intensificar os conflitos. Outro elemento da
disputa territorial que já está se formando é o uso das terras para a produção
de agroenergia. As atuais políticas que buscam resolver o problema
do petróleo estão acirrando a disputa territorial pelo tipo de uso da terra.
De um lado, o agronegócio intensifica a produção de agroenergia e de
commotidies para indústrias de alimentos. De outro lado, a Via Campesina
defende o aumento do uso das terras para a produção de alimentos. O paradoxo
volta ser contradição como elemento estrutural da questão agrária.

Bibliografia

Bruno, Regina 2008 “Agronegócio e novos modos de conflituosidade” em
Fernandes, Bernardo Mançano (coord.) Campesinato e
agronegócio na América Latina: a questão agraria atual
(Buenos Aires: CLACSO) no prelo.
Coca, Estevan Leopoldo de Freitas 2008 Análise e mapeamento dos tipos de
assentamentos no Brasil: compreender a diversidade e
a atualidade da reforma agrária brasileira. Estudo dos
assentamentos das regiões Norte e Nordeste (Presidente
Prudente: NERA).DATALUTA-Banco de Dados da Luta pela Terra 2008 “Núcleo de estudos,
pesquisas e projetos de reforma agrária”
em <www.fct.unesp.br/nera>.
Fernandes, Bernardo Mançano 2000 A formação do MST no Brasil (Petrópolis:
Vozes).
Fernandes, Bernardo Mançano 2001 Questão agrária, pesquisa e MST
(São Paulo: Cortez).
Fernandes, Bernardo Mançano 2005 “Movimentos socioterritoriais e movimentos
socioespaciais” em OSAL (Buenos Aires: CLACSO) Vol. 16,
enero-abril.
Fernandes, Bernardo Mançano 2006 “Questão agrária” em Sader, Emir e Jinkings,
Ivana (coords.) Enciclopédia Contemporânea da América
Latina e do Caribe (São Paulo: Boitempo) Vol. 1.
Fernandes, Bernardo Mançano 2008a “Entrando nos territórios do Território” em
Paulino, Eliane Tomiasi e Fabrini, João Edmilson (coords.)
Campesinato e territórios em disputa (São Paulo:
Expressão Popular).
Fernandes, Bernardo Mançano 2008b “Questão agrária: conflitualidade e
desenvolvimento territorial” em Buainain, Antonio (coord.)
Luta pela terra, reforma agrária e gestão de conflitos no
Brasil (Campinas: UNICAMP).
Golfbartt, Yamila 2007 “A luta pela terra entre o campo e a cidade: as Comunas
da Terra do MST, sua gestação, principais atores de
desafios”, Dissertação de mestrado, São Paulo.
Massaretto, Nívea 2008 DATALUTA-Banco de Dados da Luta pela Terra:
organização do cadastro de movimentos socioterritoriais
(Presidente Prudente: NERA).
Oliveira, Ariovaldo Umbelino 2005 “O MST como movimento socioterritorial
moderno” em Revista USP (São Paulo: USP) Nº 64.
Pereira, João Márcio Mendes 2004 “O modelo de reforma agrária de mercado
do Banco Mundial em questão: o debate internacional e o
caso brasileiro. Teoria, luta política e balanço de resultados”,
Dissertação de mestrado, CPDA-UFRRJ, Rio de Janeiro.
Ramos Filho, Eraldo da Silva 2008 “De pobre e sem-terra a pobre com-terra e
sem-sossego: territorialização e territorialidades da reformaagrária de mercado (1998-2006)” em Fernandes, Bernardo
Mançano; Medeiros, Leonilde e Paulilo, Maria (coords.)
Lutas camponesas contemporâneas: condições dilemas e
conquistas (São Paulo: UNESP) no prelo.
Rocha, Herivelto Fernandes 2008 Análise e mapeamento dos tipos de
assentamentos no Brasil: compreender a diversidade e
a atualidade da reforma agrária brasileira. Estudo dos
assentamentos da região Centro-Sul (Presidente Prudente:
NERA).
Silva, José Gomes da 1987 Caindo por terra: crises da reforma agrária na Nova
República (São Paulo: Busca Vida).
Silva, José Gomes da 1989 Buraco negro: a reforma agrária na constituinte
(Rio de Janeiro: Paz e Terra).
Stédile, João Pedro e Fernandes, Bernardo Mançano 1999 Brava gente
(São Paulo: Fundação Perseu Abramo). 

 

 

 

 

MSTInforma – nº 158 viernes, 19 de diciembre de 2008

Sólo la lucha puede mejorar la vida del pueblo

 

Durante el año 2008, escribimos un capítulo más en la lucha entre los dos proyectos que disputan la agricultura brasileña. Por un lado, la pequeña y mediana agricultura, que produce alimentos para la mesa de las familias brasileñas. Por el otro, las grandes empresas, nacionales y transnacionales, y el capital financiero, que produce soja, eucaliptos, caña de azúcar y pecuaria extensiva para la exportación.

El gobierno Lula, infelizmente, sigue dando prioridad al modelo del agro negocio. Concedió créditos, perdonó deudas y flexibilizó la legislación ambiental, mientras los trabajadores rurales continúan en la lucha por la Reforma Agraria y los asentados pasan por grandes dificultades para garantizar la producción y obtener renta. De esta forma, gana fuerza el modelo agro exportador, basado en grandes extensiones de tierra, uso de agro tóxicos, impactos negativos en el medio ambiente y explotación del trabajo.

 

Este año, también se avanzó en la política de potenciar los agro combustibles, que contribuyen a aumentar los precios de los alimentos, tanto porque se plantan más que otros cultivos como porque eleva la media del valor de los productos agrícolas. El modelo del agro negocio, especialmente la producción de materia prima para combustible, aumenta el hambre en el mundo, de la misma manera que amplia el lucro de las empresas transnacionales, como la Bunge, Cargill, Monsanto, Bayer, Syngenta, entre otras.

 

Mientras tanto, ¡la Reforma Agraria no avanzó y la concentración de tierras aumentó! Entendemos que sin presión social no son posibles transformaciones significativas en nuestro país, marcado por profundas desigualdades sociales y pobreza.

 

Por todo esto, nos lanzamos a la calle, ocupamos latifundios, presionamos los gobiernos para conseguir la Reforma Agraria, escuelas, crédito, agro industrias cooperativas, casas, es decir, para conseguir mejores condiciones de vida y trabajo. Denunciamos el modelo del agro negocio, los crímenes cometidos por las compañías transnacionales, el avance de la cultura de los transgénicos, la usurpación de nuestro territorio y nuestra biodiversidad por empresas extranjeras. 

 

La lucha por la Reforma Agraria no es simple. Enfrentamos los sectores más conservadores de nuestro país, que intentaron criminalizar y hasta situar en la ilegalidad una lucha digna y justa para mejorar las condiciones de vida. Enfrentamos empresas poderosas y el capital financiero, que quieren controlar la producción, la industrialización, la distribución y la comercialización de la comida.

 

Y aún de esta manera, con tantos obstáculos y represión, ¡obtuvimos conquistas! Los nuevos asentamientos, como en San Gabriel (RS), en el corazón del latifundio endeudado, Chico Mendes (PE), en la antigua Votorantim, y, expropiando con fines sociales una hacienda de trabajo esclavo, en Pará, son ejemplos de que con lucha y resistencia, las conquistas son posibles.

 

Además de estas conquistas, la crisis del sistema financiero internacional – el mismo sistema financiero que gestiona el agro negocio- reveló la fragilidad del modelo concentrador. La especulación y el lucro por encima de cualquier interés de las empresas del agro negocio fueron revelados a la sociedad. Los grandes proyectos de celulosa, por ejemplo, que amenazaban transformar estados en “desiertos verdes” cayeron en la ruina con la especulación, consumiendo recursos públicos y expulsando millares de trabajadores engañados con las promesas de empleos. La crisis de los alimentos también reveló las prioridades del agro negocio: buscando la salvación de las bolsas de valores, especularon con un derecho básico de los seres humanos, la alimentación.

 

Ahora es evidente que sólo la Reforma Agraria puede producir alimentos y generar empleos permanentes en el campo, además de millares de empleos indirectos en las ciudades donde se instalan los asentamientos, moviendo la economía local y alimentando la ciudad.

 

Nuestra lucha es la misma de tantas brasileñas y brasileños: lucha por dignidad y por un país justo y fraterno. En el campo, luchamos al lado de los afectados por la construcción de presas, pequeños agricultores, indígenas, habitantes de quilombos y pescadores. En la ciudad nos unimos a los sin techo, los petroleros, los desempleados, los profesores, es decir, a todos los trabajadores y trabajadoras que defienden un Proyecto Popular para Brasil.

 

La crisis económica mundial abre oportunidades para nuestro país y para la clase trabajadora. No podemos dejar pasar la oportunidad de cambiar este modelo económico, que impide nuestro desarrollo con justicia social. Sólo la lucha podrá evitar que la crisis recaiga sobre los trabajadores, con aumento de desempleo y disminución del salario.

 

En este contexto, entramos en el 2009, año en el que celebramos 25 años de lucha y organización, animados y con la esperanza de que el pueblo brasileño se va a levantar para luchar por sus derechos. Buen 2009 y buenas luchas para todos nosotros!

 

Coordinación Nacional del MST

 

De la Sociolog?a Rural a la Agroecología: la revalorizaci?n del conocimiento local como constante

Conversando con Eduardo Sevilla Guzmán

Miguel DOÑATE i SASTRE; Raúl MÁRQUEZ PORRAS; Pablo ROMERO i NOGUERA

Universitat de Barcelona


Eduardo Sevilla Guzmán ilustra la especificidad de varias disciplinas centradas en el medio rural a partir de su propia experiencia. Tal y como explica en la entrevista, su deriva hacia las Ciencias Sociales se debió a la necesidad de sustraerse al dominio que los intereses de latifundistas y multinacionales ejercían sobre la investigación en la escuela de ingenieros donde trabajaba. Más recientemente, la necesidad de buscar una alternativa a lo que se conoce como agricultura “convencional” le llevó a focalizar su atención en el estudio de otras maneras históricas y contemporáneas de manejar los recursos naturales, confluyendo –con la incorporación de los saberes locales y científicos en Ciencias Naturales- en la Agroecología. En todo este camino ha seguido de cerca y colaborado con el SOC (Sindicato de Obreros del Campo), histórica y combativa asociación de jornaleros andaluces, y establecido una red internacional de alianzas académicas y activistas en el campo de los estudios y las luchas campesinas. Su apuesta –como veremos a continuación- es a favor de un tipo de investigación militante y pluriepistemológica.

 

Eduardo Sevilla Guzmán es doctor ingeniero agrónomo y doctor en Sociología Rural, área en la que ocupa una cátedra en la Universidad de Córdoba desde 1991. En esta institución dirige el programa de doctorado en Agroecología, Sociología y Desarrollo Rural Sostenible y el Instituto de Sociología y Estudios Campesinos (ISEC). Su labor investigadora se ha centrado en el campesinado, el sector jornalero andaluz y los movimientos sociales en España y América Latina en general, siendo también un referente del activismo agroecológico. Entre su copiosa obra publicada destaca: La evolución del campesinado en España: elementos para una sociología política del campesinado (1979), Sobre agricultores y campesinos: estudios de sociología rural de España (1984), Ecología, campesinado e historia (1993) o De la sociología rural a la agroecología (2006).

 

Actualmente centras tu labor investigadora en la Agroecología, ¿podrías explicarnos brevemente en qué consiste?

La Agroecología es una alternativa al manejo degradante y de naturaleza industrial de los recursos naturales que se da en la agricultura convencional. Una alternativa que ha surgido de la gente que ha visto por ejemplo la utilización de agroquímicos, de insumos externos provenientes de usos bélicos, etc. para la erradicación de animales y plantas llamadas malas hierbas (cuando realmente no lo son). Y todo porque el conocimiento agronómico convencional de la ciencia es limitado y además va acompañado de un desprecio al conocimiento histórico que han tenido todos los pueblos en el manejo de los recursos naturales y a la sustentabilidad que han conseguido en el planeta. Pero esta gente no sólo se ha rebelado al manejo industrial por la degradación que suponía de la naturaleza sino también por la consiguiente degradación a la que la sociedad era sometida a través del mercado, la explotación de unos países sobre otros, el expolio de los recursos naturales… Los que empezamos analizando todo esto desde la agronomía deseábamos introducir en la universidad y en la ciencia el pensamiento de otra gente, de aquellos que hacen planteamientos que enriquecen el pensamiento científico, pero que también lo critican con razón al mostrar sus fallos. Es decir, la Agroecología plantea cambiar el pensamiento científico, quitándole aquello que contribuye a la degradación de los recursos naturales y de las sociedades e incorporando otras formas de conocimiento que lo enriquecen, creando así una ciencia nueva en beneficio de la naturaleza y de las personas.

 

¿Podrías hablarnos de tu paso de los Estudios Campesinos a la Agroecología? ¿Qué aportaría ésta de nuevo a los Estudios Campesinos1?

Veréis, yo empecé estudiando el campesinado, la gente que vive en el campo y tiene un manejo convencional de los recursos naturales, sean forestales, agrarios o ganaderos. Una gente que tenía unos planteamientos y sobre todo una cultura muy rica e importante que la modernidad despreciaba e incluso combatía. Entonces, cuando empecé con el trabajo de campo, contacté con personas que tenían una dimensión militante de oponerse a lo que la modernidad estaba y está haciendo con las culturas tradicionales en el campo, con el manejo de los recursos naturales que planteaba y plantea globalmente y la consecuente degradación que suponía y supone del planeta. Así es como decidí estudiar este enfrentamiento por parte de gente desde las sociedades rurales, primero aquí en España, en Andalucía, pero después, a raíz de mis estudios en Inglaterra, fui contactando con otros investigadores, sobre todo latinoamericanos, que estaban haciendo las mismas cosas. Mi tesis doctoral se tituló Campesinos sin tierra, es decir, gente que luchaba porque no tenia tierra, una cosa muy parecida a lo que hace ahora mismo el MST2; y es que por ejemplo durante mi estancia conocí a algunos brasileños que venían a discutir con esta gente y que años más tarde participaron en la creación del MST en Brasil. Desde entonces empecé a conocer gente que se opone a la modernidad actual tal como está planteada y que busca lo que luego se planteó en el movimiento antiglobalización: otro mundo distinto. Pues es con esta gente, que desde el manejo de los recursos naturales se posicionaba de esta manera (y posteriormente creó Vía Campesina), con los que yo empecé a trabajar desde la universidad. Porque además tuve la suerte de que en Córdoba pude organizar un grupo con el que trabajar estos temas3, y que además al ser funcionario no me podían echar -aunque lo intentaron-, pues hacía cosas que a gran parte de mis compañeros desagradaba, no sólo porque trabajaba con jornaleros y gente así sino también porque criticaba lo que ellos hacían. Aunque daba Sociología Rural, yo estaba trabajando en un escuela de ingenieros agrónomos, donde estaba al orden del día la química agrícola, el modificarlo todo, trabajar para los grandes propietarios y más tarde para las multinacionales, defendiendo en todo momento sus intereses. A día de hoy las multinacionales controlan prácticamente toda la investigación agronómica a nivel mundial, entre otras cosas financiando determinadas líneas de investigación en las universidades. Y yo y otra mucha gente lo denunciamos, pero nos silencian, intentan que no salga en la prensa, que no haya un debate público; son conscientes de la existencia de un fuerte movimiento contrario a todo esto a nivel mundial pero también de que los gobiernos hoy por hoy hacen caso omiso de estas reivindicaciones. Pero claro, con la crisis ecológica que padecemos, y ahora con la financiera que aclara aún más cosas, nos están dando la razón de una manera tan evidente que yo creo que van a tener que empezar a considerar la propuesta que nosotros tenemos desde hace mucho tiempo. Porque en cuanto no haya petróleo y no se pueda vivir de esta manera ni consumir como se consume… claro que nos escucharán; a lo mejor no lo vemos nosotros, pero aún así sirve plantearlo.

 

… es que tu trabajas, o trabajabas, un poco dentro de la bestia, ¿no?

Claro, yo estudie ingenieros agrónomos primero, pero muy pronto comprendí que para entender lo que pasa en el campo y en la agricultura lo más importante eran las ciencias sociales, la sociología. Fue por ello que fui a Inglaterra a realizar un doctorado en Sociología Rural. Allí, conocí a un antropólogo catalán que se había exiliado en México cuando la guerra civil…

 

¿te refieres a Àngel Palerm?

Sí. Me dijo que fuera con él a trabajar allí porque le parecía muy interesante lo que yo estaba haciendo, así que preparé todo y cuando terminé el doctorado me fui para allí, pero cuando llegué acababa de morir y al poco me volví a España, donde encontré trabajo en la Universidad de Córdoba. Pronto encontré a personas que estudiaban temas parecidos a los míos y nos pusimos a trabajar juntos; es el caso del catalán Joan Martínez Alier o del mexicano Víctor Manuel Toledo. Precisamente de Toledo acabo de presentar su libro La memoria biocultural dentro de nuestra colección "Perspectivas agroecológicas" en Icaria4.

 

Este mismo camino ha sido seguido por otros científicos sociales, ¿crees que sería una especie de proceso natural, inevitable?

Pienso que uno de los mayores defectos del pensamiento científico actual es la especialización, la parcelación de la realidad, el aislamiento del investigador en su pequeño reducto. Igual que la mayor parte de los médicos que hay en el mundo son medio analfabetos; es decir, el generalista sólo sabe curar un constipado, el oncólogo tratar un cáncer, pero no entienden la totalidad del hombre y lo que significa. Igual sucede con el resto de disciplinas, a todas corresponde una pequeña parcela del saber, pero para entender las cosas tienes que abrir el enfoque, tener una perspectiva más amplia. Entonces aparece no sólo la interdisciplinariedad, sino que llega un momento en que te das cuenta que la ciencia se equivoca en muchas cosas; es parte del método, equivocarse e ir modificando, pero hasta que se produce esa modificación a menudo el destrozo es ya enorme. Y esos destrozos hay que evitarlos, enfrentarse a eso y cambiarlo. Eso no sólo pasa en las ciencias sociales, que es donde os movéis vosotros y me he movido yo, sino también, y aún más, en las ciencias naturales, las puras. Por eso es muy importante la interdisciplinariedad y aceptar que hay otras formas de conocimiento que hay que incorporar a la propia. Ese es el motivo fundamental. En relación a vuestra pregunta, claro que la mayor parte de los científicos sociales o de la gente que trabaja desde cualquier disciplina científica ha de entender lo que pasa y adoptar una pluriepistemología; es decir no sólo trabajar la interdisciplinariedad, que es entrar en otras disciplinas, sino también penetrar en otras formas de conocimiento distintas a la científica y ver que eso vale, aceptarlo y articularlo con lo otro. Y eso sólo se consigue valorando el conocimiento local campesino indígena, no sólo en cuanto al manejo de recursos naturales sino de todo lo demás, y al revalorizar eso ver que tiene que haber un control comunitario de los problemas y no dejarlo todo en manos de los políticos, como hacemos ahora. Lo mismo con los científicos: tiene que haber un control de la gente implicada en los problemas, un control público que evite que se hagan las barbaridades que se hacen. Hay mucha gente que trabaja en lo que se llama "ciencia con la gente", como S. Funtowicz5, que plantea este tipo de alternativas. Y esto los que trabajamos desde la Agroecología lo tenemos muy claro, porque hemos tenido que unir ciencias naturales y ciencias sociales en el manejo de los recursos naturales. En la Agroecología confluyen en pie de igualdad la agronomía, la ganadería y la silvicultura con las ciencias sociales.

 

Entonces, ¿considerarías que esta propuesta de la pluriepistemología no sólo sirve para la Agroecología y el contexto del mundo agrario, sino para cualquier disciplina y contexto? Es decir, ¿todo investigador puede o debe trascender el conocimiento científico?

Claro, articular el conocimiento científico que no degrada a la gente con otras formas de conocimiento. Porque la perversión mayor del conocimiento científico es a través de la economía. La economía lo que ha hecho es pervertirlo todo utilizando el paradigma convencional del neoliberalismo, la implementación de la economía de los neoclásicos, no considerar que la tierra está viva, dando por sentado que la tierra es algo sustituible por dinero como si se tratase de cualquier otra mercancía. Aceptar este funcionamiento de la economía y la implementación de esta manera de pensar es lo que ha determinado que estemos cargándonos el mundo. Hay gente que lleva muchos años denunciándolo, también desde la ciencia autores como Naredo o Martínez Alier. En este sentido lo que la Agroecología ha hecho es tomar la crítica que se hacía a la economía: uniéndola a otras críticas ha elaborado un discurso para enfrentarse a esta situación.

 

Hablas del diálogo entre conocimiento científico y otras formas de conocimiento, de la incorporación del discurso local al propio discurso científico. Pero nos preguntábamos -nosotros que provenimos de la Antropología social- cómo construirlo, cómo diferenciarlo de otros discursos cuyo primer y último objetivo es la aplicación, un proceso que con demasiada frecuencia acaba sometiendo la investigación antropológica a los resultados que se quieren obtener, a unos objetivos concretos, muy prácticos…

En todo, en todo pasa esto. Pasa en todas las disciplinas, en todas las áreas de conocimiento. Porque se plantean pseudo-problemas vinculados con el mercado, que en el fondo son eso, y al resolverlos lo que se hace es contribuir a la lógica del trabajo dejando de lado la vida misma: estar todo el día trabajando, ahorrar y no poder gastar el dinero. Se adiestra para el mercado y para explotar a otra gente. Eso es lo horrible. Y que no haya un sector crítico y no nos demos cuenta de todo esto. Es obvio, claro que es así.

 

Además, aquellos que defienden estas posturas tienden a integrar el conocimiento local aunque no en pie de igualdad, situándose el investigador por encima de las gentes depositarias de ese conocimiento. La pregunta sería ¿cómo tu propuesta de una ciencia en la que el conocimiento local deviene fundamental en el discurso que construye el científico sortea estos riesgos, estos peligros del ego del investigador?

Nosotros trabajamos a través de una metodología que a los antropólogos y a la gente convencional puede escandalizar: trabajamos desde una "investigación acción participativa". O sea, nosotros no pensamos que hay que distanciarse de la gente con la que trabajas sino al revés, hay que meterse dentro para entenderla desde dentro; y desde sus intereses funcionar. Hay que seguir una metodología muy dura, que consiste en vivir con la gente durante mucho tiempo pero no como ha hecho el antropólogo históricamente, para conocerla y tal, cómo son y todo eso, sino para identificarse con ellos y resolver sus problemas de acuerdo con lo que ellos plantean. No eres tú el que plantea las soluciones, son ellos quienes lo hacen y así te lo van mostrando. Tú llevas a cabo procesos de acompañamiento de gente que es quien toma las decisiones y se da cuenta de las cosas. Porque tú solo no te puedes enterar, ni tú ni la gente que desde la universidad lo intenta, por mucho trabajo de campo que hagas. Es la gente que ha vivido las cosas y que conoce desde dentro sus problemas la que los puede resolver. Tú tienes que estar ahí apoyando lo que hagan, ayudándoles, y sobre todo, como apuntabais anteriormente, articular en pie de igualdad el conocimiento local con el científico. Articularlo y ver cómo llegas a un diálogo de saberes. Donde hay mayores dificultades es cuando existen etnicidades históricas profundas que se mantienen, como en el caso de los quéchuas y los aymaras en los Andes o los nahua en México, en sitios donde todavía hay gente que mantiene su identidad y el conocimiento, una cosmovisión histórica no erosionada. La mayor parte de las cosmovisiones históricas ya son un intento de recrear algo que no funciona para nada. Pero hay gente que agarrada, por ejemplo, a que sigue haciendo el tipo de agricultura que hacía antes, mantiene cosas… Porque el contacto con el resto lo destroza todo, es muy difícil mantenerse.

 

Se trataría de que no sea sólo un discurso o una recuperación de un discurso, sino que vaya acompañado de una práctica que no se ha dejado nunca de hacer…

Claro, y que se hace a lo mejor recreando otras cosas. Por ejemplo, en Bolivia (nosotros damos cada año un curso en Agruco, Cochabamba) las instituciones históricas que tenían se han perdido, pero los nuevos sindicatos, cuando se crearon, las retomaron para que realizaran la función que históricamente hacían; especialmente respecto al manejo de los recursos naturales. Por ejemplo: las comunidades disponen de grandes territorios comunales que se dividen, sortean y reparten de manera rotatoria entre las familias según el número de personas que las puede trabajar. Son los responsables de todo este proceso quienes han heredado el conocimiento de estos mecanismos, los que conocen e interpretan los signos de la naturaleza, la luna, las estrellas -los cuales, ellos dicen, nosotros no sabemos leer-.Y lo que hacen funciona, hacen una agricultura a cuatro mil metros que la ciencia convencional dice que no puede haber. Esto no significa que las montañas hablen, como ellos piensan, sino que tienen una manera de comprobar empíricamente cosas que nosotros no entendemos pero que funcionan. Se rigen por su cosmovisión y nosotros no lo entendemos. Hay que aceptar que eso es así y que funciona. Y la ciencia no resuelve sus problemas porque no sabe. Es importante, claro, pero, de todas formas esto que os cuento son pequeñas cosas que existen en muy pocos sitios. La mayor parte del conocimiento histórico está absolutamente perdido; lo que no significa que no se resuelvan los problemas de igual manera, porque la gente que trabaja en un ecosistema se da cuenta de cómo funciona. El conocimiento local se recrea y aparece solo. Sidney Mintz, que trabajaba en el grupo de Eric Wolf, Àngel Palerm y otros, tiene unos trabajos sobre el Caribe donde muestra cómo, tras varias generaciones, cuando el sistema político que había en determinadas islas se relajaba, la gente volvía a practicar el mismo tipo de agricultura que dos o tres generaciones anteriores. ¿Y ese conocimiento de dónde sale? ¿Cómo se sabe? ¿Por qué quienes habían sido esclavos y no habían podido trabajar, de pronto, dos generaciones más tarde, sus nietos hacían lo mismo que ellos hacían? Mintz es uno de los primeros que empieza a señalar que existe un conocimiento histórico, que la gente mantiene y que determina que resuelva los problemas de mantenimiento de las bases bióticas, de manejo de los recursos naturales…

 

Pervivencias, resistencias, reapariciones como éstas ¿se encontrarían aún en el campo andaluz tras el proceso de modernización agraria? ¿qué papel jugó el Estado, el Derecho en el intento de eliminación de estás prácticas consuetudinarias?

También aquí aún pueden observarse prácticas que son los rescoldos que perviven de un tipo de manejo comunal de los recursos naturales o sea, de los bienes comunales. Por ejemplo que todo el mundo en un pueblo tuviera derecho a la leña. Porque en el siglo XIX si no tenías eso te morías; la única energía que tenía la gente para protegerse del frío en invierno era la leña del bosque. Esto era comunitario y si no lo tenías te morías. Lo mismo pasaba con la leche, porque la cabra que te daba de comer también comía y para la gran mayoria que no poseían tierras, los pastos del ayuntamiento eran fundamentales. Pero también sucede con otras prácticas no necesariamente vinculadas a los bienes comunales pero con la misma lógica de aprovechamiento de los recursos como la rebusca6, y ésta es una práctica que yo he vivido. Porque todavía hay rebusca en muchos sitios en Andalucía.. Y eso es algo que todavía está. La lógica de eso hay mucha gente que trata de reivindicarla todavía. Pero hay que tener en cuenta que en Andalucía ya hay por lo menos dos generaciones que no han trabajado nunca en el campo, que han vivido del seguro de desempleo, del PAR. Y eso es brutal. La gente no necesita de la rebusca, aunque hay mucha gente que todavía la reivindica y les permiten practicarla. Yo he visto a la gente del SOC7, por ejemplo, estar durante quince días enfrentados con uno de los latifundistas que se negaba a permitirla hasta conseguir que lo hiciera; era algo importante. Hoy está prohibido en todos sitios pero como práctica social se mantiene.

 

El ISEC ha tenido desde sus inicios, allá por el 1978, un claro componente de compromiso, ¿cómo se ha desarrollado, cómo has desarrollado esta investigación-militante que has apuntado en diferentes ocasiones? ¿Y la denominada investigación acción participativa? ¿En qué se diferenciarían una y otra?

La investigación militante es un nombre que hemos puesto a la investigación-acción participativa que se hace pensando en los intereses de la gente, sobre todo. Si trabajas en una investigación-acción participativa tienes que aceptar que existen intereses distintos en el grupo con el que trabajas; tus intereses, hacer una tesis doctoral o lo que sea; los intereses de los otros agentes sociales que están en el escenario… Te mueves dentro de esta interrelación de intereses. Si realizas una investigación militante te pones prácticamente al servicio de los intereses del grupo con el que estás, corriendo riesgos en la universidad. Lo mejor es efectuar dinámicas que permitan llegar a consensos entre la gente, intentar resolver los problemas de una forma participativa. Lo cual no quiere decir que abandones la investigación militante, sino que la haces buscando eludir enfrentamientos. Hay que analizar la lógica situacional en cada momento, interpretando lo que pasa y tomando decisiones colectivamente, y eso debe hacerlo la gente, tu sólo no puedes. Tenemos que aprender a movernos buscando la dimensión participativa en el control de los conflictos, que es lo que antes apuntaba, que el mundo corriente no hace y la ciencia tampoco. La investigación militante pretende buscar elementos de resolución de los conflictos con la gente, ir resolviendo sus problemas, por eso es una investigación- acción participativa. Pero la acción no está guiada por tus intereses sino que está guiada por los intereses de los que inicialmente eran tu objeto de estudio y que ahora se han transformado y, junto a ti, son el sujeto que dirige la cosa. De eso se trata. Ese paso de objeto a sujeto es un paso con la gente, un tipo de relación que cuesta mucho tiempo. Yo trabajo desde la Agroecología pero valdría para cualquier área de estudio. La militancia es el compromiso, el compromiso con lo se hace; la militancia tienes que tenerle en la universidad también, en donde estás y en lo que haces. Este tipo de investigación militante es no separar tu militancia de tu vida, en ningún ámbito, porque sino lo que estás haciendo es engañarte a ti y a los demás. Pero es difícil.

 

Antes has citado al SOC, ¿cuál es la relación entre la evolución del ISEC y las dinámicas del movimiento jornalero andaluz?

Durante muchos años, durante el tiempo en que estuvimos intentando construir una Agroecología en Andalucía, comprobamos que lo local tiene una dimensión enorme en la cuestión del manejo de los recursos naturales, sumándose la propia identidad de cada lugar. En nuestro caso era la identidad andaluza, la de la gente con la que trabajábamos. Me acuerdo que conseguimos un proyecto de la Comunidad Económica Europea para introducir en el mercado variedades de calabaza, de cucurbitáceas antiguas, y a través de ellas generar posteriormente una serie de mercados alternativos. Pero los jornaleros dijeron: "¡Pero bueno, si estas semillas vienen de Alemania!". Claro se trataba de un estudio comparado entre diversos países con semillas provenientes de diferentes puntos del norte de Europa, con objetivos científicos pero que a ellos les reportaría un dinero con el que poder hacer muchas cosas. Pero decían: "¡Qué coño! Nosotros queremos las semillas nuestras, de aquí, porque eso es una falsa, eso no es nuestro!". Y tenían razón, porque adaptar una semilla de fuera es un proceso larguísimo y ellos ya tenían las suyas, históricas, que se habían amaestrado allí, unas semillas que sin agroquímicos funcionaban perfectamente. Las otras, vete tú a saber lo que tardan y cómo van. Ellos tenían razón y se enfrentaban al proyecto. Este tipo de relación que tuvimos con ellos era de vivir, de trabajar codo con codo, hasta el punto que varios del ISEC que trabajaban con ellos llegaron a dejar la universidad y a ponerse a trabajar en las cooperativas, aunque luego han vuelto a la universidad porque se han dado cuenta de que ellos no eran jornaleros… Pero es fundamental sentir que estás trabajando en una misma dinámica. Determinó que durante unos 15 o 20 años la gente del ISEC y la gente del movimiento jornalero, no solo del SOC, gente que se enfrentaba incluso a sus organizaciones, formáramos parte de un mismo proyecto vital. La gente del SOC que ha trabajado con nosotros es aquélla que se enfrentaba a la dirección porque querían una dirección más participativa, querían que no estuviera dentro de un marxismo con orejeras sino que tuviera flexibilidad para hacer cosas. Muchos de ellos eran los disidentes de varias organizaciones. Con ellos trabajamos y con ellos llegamos, tras muchos años, a elaborar una propuesta de manejo de los recursos naturales agroecológica. En ese período de tiempo nos hicimos amigos de un montón de gente, íntimos amigos; pero ahora esa relación tan fluida ya no existe. Ahora están empezando otras relaciones. Por ejemplo en Brasil, donde hay generaciones nuevas que han estado conociendo a la gente que trabaja temas de certificación participativa. Ahora el problema más importante que tiene la Agroecología es el sello que quieren implantar, la certificación dada por expertos. La gente de las comunidades se niega a ello porque ellos inventaron la certificación ética, ellos le ponen su sello. Además, no quieren exportar sino vender en mercados locales y de determinada forma, etc. Su sello recoge la diversidad de cada lugar, a diferencia del propuesto, que muy probablemente sería uniformizador. En Brasil la Agroecología es fuerte a nivel de movimientos sociales, hay mucha gente trabajando en estos proyectos y es con esta gente con la que actualmente tenemos relaciones más estrechas; más que con la gente del SOC. Aunque con ellos mantenemos buenas relaciones. Ellos siguen trabajando, haciendo cooperativas, van a Brasil y dan conferencias en las universidades… E incluso cuando nosotros tenemos un proyecto con Argentina o Brasil, en que nos obligan a que hayan expertos españoles que vayan, en lugar de llevar a gente de la universidad les pedimos a gente del SOC que lo hagan. Enseñar el conocimiento que vale, ponerlo en práctica, ellos lo van a hacer mejor que nosotros.

 

De tus explicaciones parece extraerse que estáis más próximos a las dinámicas del movimiento jornalero internacional…

Realmente trabajamos mucho más en Latinoamérica que aquí, en Argentina por ejemplo. Vale que da la casualidad que vivimos [él y su compañera] parte del año allí; pero también en Brasil, México… hay gente. No en vano llevamos desde inicios de los 90 haciendo maestrías y doctorados, quedándonos en estos países y haciendo cosas. Incluso hay algunas personas de la universidad que trabajan en el gobierno, en Brasil por ejemplo, en el Ministério de Desenvolvimento Agrário; gente con cargos importantes y que está intentando aplicar políticas públicas de Agroecología para los pequeños productores. Pero lo que ocurre es que, al mismo tiempo que existe este ministerio existe el de Agricultura, que impulsa decididamente los transgénicos. Uno se pregunta de qué sirve eso, pero son las contradicciones. Hay mucha gente haciendo eso y enfrentándose. Yo creo que la relación más importante ahora, más que con el SOC, que fue importante históricamente, es con Vía Campesina; porque Vía Campesina está jugando un papel destacado, está trabajando en sitios clave: en Bolivia con Morales o en Venezuela con Hugo Chávez, que, independientemente de contradicciones igual de salvajes, está dando mucho dinero para estos proyectos. Hay grupos en Brasil, con los que hemos trabajado en proyectos de Agroecología, que ahora están en Venezuela promoviendo proyectos. Nosotros apoyamos este tipo de cosas. ¿Van salir bien? Pues no se sabe, pero son dinámicas interesantes que miran de reproducir el manejo agroecológico en otros lugares.

 

Es curioso que a nivel internacional trabajaseis con el Portugal de la revolución de los claveles, con el Chile de Allende, con la Nicaragua de los sandinistas y ahora con Morales o Chávez…

Yo estuve trabajando en Nicaragua con el movimiento sandinista, fue un fracaso enorme, pero bueno fue una experiencia… Fijaros casualidades de la vida: hubo alumnos míos que se quedaron allí, se casaron, y han vuelto a Córdoba con sus parejas. Un trasvase de gente muy interesante. Fíjate que en Misiones, al norte de Argentina, en la selva donde están los guaraníes, hay un chico que ha creado una tecnicatura, una carrera de grado medio, de Agroecología; yo a él lo conocí en los 80 en Nicaragua, después me lo encontré en Argentina y le di un libro, un manualito que habíamos hecho de Agroecología. Empezó a leerlo; él tenía las metodologías pedagógicas de la teología de la liberación muy trabajadas, y con lo del libro creó este curso. Hay otras experiencias muy interesantes, militantes: por ejemplo, lo que han llamado "turismo militante"; gente que va a hacer turismo por Iguazú y son llevados con los guaraníes para que vean cómo las multinacionales están destrozando su territorio, su etnicidad, para crear dinámicas de apoyo y solidaridad. Luego quizás no se consigue nada, pero son propuestas que si tuvieran un mínimo de ayuda pública funcionarían; ahora cuando hay ayuda es con todas las contradicciones que decía antes. Es lo que mismo que pasa con el gobierno Lula: cuando llegó hubo muchas esperanzas pero luego nada; más bien todo lo contrario (aunque su política internacional haya sido positiva para Latinoamérica).

 

Empezásteis con el SOC, saltando a un nivel más internacional, quedando el SOC un poco apartado…

Creo que la dimensión internacional estaba en el SOC. Cuando yo empecé a trabajar en Nicaragua con el movimiento sandinista fue gracias a un cura del SOC que había allí, Diamantino García. Yo fui a Managua porque nos habían llamado para dar una conferencia académica sobre reforma agraria continental, pero dentro de una reunión política, así que allí nadie nos hacía ni caso. Estábamos solos, todo estaba vacío y, de pronto, cuando iba a haber una reunión plenaria, llegaba todo el mundo: miembros de los sindicatos revolucionarios de toda Latinoamérica. Entonces, en una reunión de ésas estaba Diamantino. Cuando me vio exclamó: "¡Eduardo!", y me abrazó. A partir de ese momento me empezaron a hacer caso… Fijaros, era la gente de Andalucía, del SOC, la que estaba en contacto con ellos. O sea que la dimensión internacional existía en ellos. Luego nosotros intentamos reciclar a gente de universidades que trabajaba en esto, intentamos acompañar estos procesos, pero han sido ellos los que han contactado y llevado a cabo esa dimensión internacional. Y Vía Campesina es el resultado. Son los movimientos sociales desde el manejo de los recursos naturales los que lo han hecho. Sin embargo, los sindicatos aquí en Catalunya… Aquí había una Unió de Pagesos genial, pero ahora… Sí hay un grupo de jovencitos disidentes, que reivindican la Agroecología, pero los demás hasta se han salido de la COAG8… ¡son empresarios!

 

De alguna manera todos estos conflictos de los que estamos hablando, ¿podrían interpretarse dentro de la lucha entre lo local y los poderes supralocales -en nuestro caso autonómico, estatal y europeo-, es decir, cómo una lucha entre poderes? ¿cómo una manifestación más del binomio local/global?

Creo que sí, conviene introducir aquí claramente una dimensión conflictiva para entender lo que pasa. Pero yo creo que el enfrentamiento más importante es el enfrentamiento entre los valores de la identidad europea, la modernidad, la ciencia, etc., y lo que surge del pueblo, las identidades locales y su diversidad. Porque ocurre que la modernidad trata de reducir las identidades a una sola, la nuestra. Sin embargo hay una biodiversidad, una diversidad cultural enorme que se enfrenta a eso, que no lo acepta. Yo diría que esa dimensión conflictiva existe en esos términos, entre una identidad europea -aunque hablar en estos términos tal vez sea excesivo- que se intenta reproducir en todo el mundo arrollando todo lo demás, desplegándose como la única cosa posible, y esas resistencias que se le enfrentan. Es un enfrentamiento que sigue vigente, y en un momento dado se articula con el capitalismo, con su manera de analizar las cosas y de ver las cosas, el punto de vista de la lógica económica. En este momento es el neoliberalismo, antes como lo queramos llamar, pero es el desarrollo del capitalismo, la lógica del lucro vinculada a eso y el proceso de mercantilización. Primero de privatización de las cosas, después de mercantilización, y finalmente de utilizar la ciencia para legitimar y justificar todo eso. O sea, diría que es la modernidad lo que nos ha agredido. Suena muy fuerte decir eso pero es así.

 

Se carga las propias identidades, las formas de hacer, de organizarse, de vivir locales lejanas, al mismo tiempo que surge todo este modelo neoliberal. Pero es lo mismo en todo el mundo, ¿no? Quizás a pocos kilómetros de Bruselas había unos campesinos que han sufrido esa misma homogeneización, esa destrucción de unas formas de vida locales como lo han hecho con los campesinos de la India…

Claro, claro, y todavía hay gente que sufre eso, mucha gente. Incluso en Holanda y en los sitios de Europa más modernos. Desde el punto de vista del manejo de los recursos y desde el punto de vista de la lógica del funcionamiento de las cosas, pues pasa todavía, claro que pasa.

 

Continuando con la dimensión más local, en concreto la andaluza: a pesar de la visión que has dado un poco pesimista -aunque tal vez deberíamos hablar de realismo- sobre la Agroecología en Andalucía, queríamos que nos hablases de un concepto muy interesante que conocemos por Martínez Alier, el de "ecologismo popular" o "ecologismo de los pobres"9. De alguna manera parecéis afirmar un origen del ecologismo entre los jornaleros andaluces… ¿se puede afirmar este origen popular del ecologismo en Andalucía?

Bueno, creo que el planteamiento no debería ser ése. La gente percibe los cambios que se han ido produciendo en el manejo de los recursos naturales y el deterioro de la naturaleza que ello ha significado; en las zonas rurales lo perciben de una manera muy clara. Y lo perciben no sólo desde el punto de vista ecológico, de que ya no hay biodiversidad en la fauna, la flora y todo eso, que el monocultivo lo ha arrasado todo, etc., sino también desde el punto de vista social. O sea que la gente se va, se tiene que ir, se vacía el campo, y bueno ¿dónde van? La gente vive en el desorden de las ciudades. ¿Y cómo está quedando el campo en todos sitios? Ante esto hay una respuesta de jóvenes neorrurales que tratan de enfrentarse a eso y que buscan la Agroecología. En Andalucía hay asociaciones de productores y consumidores de productos agroecológicos creadas por jovencitos, mujeres en su mayoría, para trabajar en huertos, vender a gente que ideológicamente les apoya, que quiere que se haga otro tipo de agricultura y cambiar las cosas. Y no sólo piensan en comer sano. Piensan en que ésa es una alternativa, buscan una alternativa de vida. Eso se está dando, claro que se está dando. O sea, yo no soy pesimista respecto a la Agroecología, pero sí lo soy respecto a que surja de la gente de los pueblos, de los pequeños agricultores. A ésos se los cargan. La gente joven que sale pues tiene que empezar a aprenderlo, pero no soy pesimista.

 

Nos gustaría que hablases de la conexión entre lo que son los movimientos sociales de ámbito agrario y los movimientos sociales urbanos, sobre la necesidad de pensar juntos el campo y la ciudad, sobre todo en la situación actual de crisis ecológica global. No es nueva la idea de ruralizar la ciudad, al tiempo que se urbaniza el campo, para entendernos: los anarquistas ibéricos, sobre todo los catalanes, desde una perspectiva proto-ecologista, ya hace más de cien años que pensaban el territorio de otra manera, con una mayor conexión campo-ciudad y con unos núcleos urbanos de tamaño limitado y autosuficiente a nivel energético y alimentario, rodeados de cinturones agrícolas y forestales10. Hoy en día, mucho tiempo después, tenemos curiosas continuidades, expresiones de esa vocación en ejemplos contemporáneos como el de Can Masdeu y lo que ellos llaman "rurbanismo"11: están en la ciudad pero a la vez son rurales. Bueno, cómo es en Andalucía, si existe, esa confluencia de luchas entre la ciudad y el campo, por ejemplo a través de la defensa del territorio, contra el urbanismo agresivo, la desecación, la desertización, los problemas del agua…

Creo que la crisis tan brutal que estamos viviendo -no la crisis financiera actual, que es un resultado también de las barbaridades que hacen, sino la crisis desde el punto de vista ecológico, la crisis ecológica global- ha determinado que la gente del campo, como os he dicho antes, perciba de manera clara todo esto, se sienta impotente para hacer cosas pero quiera hacerlas. Sobre todo determina que mucha gente, al vivir en las ciudades, en la explosión de desorden que existe por todos lados, intente generar alternativas. Hay un intento de hacer una agricultura periurbana o una agricultura incluso urbana a través de huertos… Y yo diría que la alianza más que entre rural y urbano es entre consumidores y productores. Claro, los consumidores fundamentalmente están en las ciudades y los productores en el campo, pero entonces ahí se produce una convergencia. Hay mucha gente de la ciudad que quiere ir al campo y que quiere actuar allí también, eso se está dando. Hay esta movilidad y este intercambio que está determinando que se genere un tejido social reivindicativo, con esa doble naturaleza de rural y urbano. Ahora mismo hay propuestas que utilizan la Agroecología, a un nivel de consciencia política, más allá de los movimientos éstos que aparecen en el libro del que hemos hablado antes12. Hay mucha gente que está practicando experiencias alternativas, pero, como os decía hace un momento, también más acá de este tipo de experiencias alternativas más atípicas, pues hay otras muchas que son meras asociaciones de productores-consumidores, que tienen esa dimensión militante también y que hacen planteamientos muy cañeros en muchos aspectos. Hay muchas. En Andalucía existe una Federación de asociaciones de productores-consumidores de productos agroecológicos, que no tiene casi apoyo oficial aunque tenga un cierto respaldo, y que ha surgido de la gente que trabajaba en el campo, del SOC y estos grupos. Ellos empezaron a hacer en todas las ciudades puntos de venta, articulándose con consumidores y demostrando que funcionan. Se está dando eso. Que eso tenga una dimensión, como propuesta, más cultural también, más amplia, pues es más complicado. Si se buscan propuestas que enriquezcan eso en experiencias que ya ha habido en el movimiento anarquista…, pues no lo sé. En todo caso existe eso, pequeño, incipiente. Pero como la crisis que se está dando cada vez va a ser mayor y más evidente, y va a obligar a la gente a vivir de otra manera -dentro de muy poco no va a haber los follones de coches que tenemos porque no va a haber gasolina, aunque todavía sigan actuando como si eso no fuera a pasar. Tienen que empezar a pasar cosas nuevas, que van a suponer cambios muy drásticos en los cuales va a haber que echar mano de propuestas. Entonces, bueno, nosotros tenemos propuestas claras, que están funcionando. Va a llegar un momento en que haya oportunidades de introducirlas; espacios que generen cambios. Sí se va a dar, pero la cosa va lenta, a pesar de la virulencia y lo fuerte de la crisis, que va a ser cada vez mayor, que se está dando ya… Fijaos: creo que lo que más va a convulsionar todo va a ser el movimiento de los emigrantes, porque va a seguir y a ver qué va a pasar. Y fijaos en estos planteamientos de ruptura de la propiedad de la tierra, que ya no existe el poder que existía antes vinculado a ella en el campo. ¡Si la gente tiene la tierra abandonada por todos lados! ¿Por qué no se dan oportunidades? Ya hay muchos alcaldes de pueblo que están empezando a decir, ‘oye, esto hay que dejar que la gente venga aquí, vamos a dar cosas'. Creo que eso va a pasar y esas son soluciones que tendrán que poder crearse muy pronto. Vamos a ver si somos capaces de llevarlas a cabo entre todos. No sé si te contesto la pregunta… Lo decís es muy interesante, y hay atisbos de que eso se produzca, claro que hay atisbos.

 

Sí, esa la visión, que las cosas están ocurriendo. A menudo se dice que no hay alternativas, que no existe una alternativa, pero lo cierto es que ya se están llevando a cabo en muchos sitios hace tiempo… Cerramos un poco con la Antropología, barriendo para casa. Si la disciplina -o transdisciplina- es la Agroecología, en algunos lugares indicas que el ‘agroecosistema' es su unidad de análisis. Parece ser una aproximación micro-macro, donde se podría hablar de lo macro a través de lo micro, de los casos concretos. Esto remite directamente al método antropológico. La idea es trabajar no en la pura abstracción o en el campo de las ideas, o no sólo, sino a través de la investigación concreta, de casos, de investigaciones etnográficas y trabajo de campo. Ir al modelo general a través de lo particular. Nos parece muy interesante porque ahí parece ser que la Agroecología hace una aproximación análoga a la de la Antropología social.

Claro, el concepto de ‘ecosistema', que se transforma en el de ‘agroecosistema' cuando introduces la artificialización para generar alimento, y luego en ‘etnoagroecosistema' cuando te das cuenta que esa artificialización no funciona sin una cultura potente localizada que le dé su identidad, es algo que la Agroecología ha tomado de las ciencias naturales, de la ecología. Hay un cuerpo mínimo conceptual que la Agroecología utiliza. La Agroecología funciona a un primer nivel o una primera dimensión, que es la ecológico y técnico-productiva; pero una segunda dimensión que es la que podríamos llamar el ‘desarrollo local', la búsqueda de soluciones, de tener el acceso a los recursos, a los medios de vida, propiamente económica. Y luego ya la cultural y política, donde te mueves a través de los movimientos sociales intentando buscar alternativas a un sistema de realidad que impide que podamos funcionar y que podamos vivir mínimamente, por como se han desarrollo mecanismos de coacción a través del mercado y todo el deterioro que se ha provocado. Esto es algo que implica una resistencia y unas alternativas que, a través de políticas públicas puntuales, se puedan ir introduciendo; se trata de que llegado el momento, cuando el cambio sea evidente porque la crisis suponga un callejón sin salida, tengamos acceso a esas alternativas. Pero sí, esta estructura conceptual que aparece tiene una naturaleza muy interdisciplinaria y la confluencia con los planteamientos de la Antropología militante es obvia. Porque, efectivamente, el trabajar y pensar localmente es algo que aparece en el movimiento ecologista cuando se articula con los movimientos sociales en la defensa de la naturaleza.

 

NOTAS

1 Para más información sobre esta cuestión ver: SEVILLA GUZMÁN, E. (2006) De la Sociologia Rural a la Agroecología. Barcelona: Icaria Editorial.

2 El Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra es un movimiento de campesinos surgido en Brasil en los años 80 que reivindica, a través de la ocupación de tierras y otras formas de lucha, una reforma agraria en sentido amplio. Se ha convertido en uno de los movimientos sociales más importantes de América Latina. Para más información consultar http://www.mst.org.br.

3 Se trata del ISEC (Instituto de Sociología y Estudios Campesinos), al que se refiere más adelante.

4 TOLEDO, V. M. & BARRERA-BASSOLS, N. (2008) La memoria biocultural. La importancia ecológica de las sabidurías tradicionales. Barcelona: Icaria.

5 FUNTOWICZ, S. & RAVETZ, J. R. (2000) La ciencia posnormal. Ciencia con la gente. Barcelona: Icaria.

6 Práctica consuetudinaria por la que se permitía la entrada a campos de propiedad ajena para recoger los frutos que restaban después de la cosecha. Recomendamos el excelente documento fílmico de la directora francesa Agnès Varda sobre dicha práctica y su extensión al ámbito urbano y contemporáneo: Les glaneurs et la glaneuse (2000). Existe una versión subtitulada al español ("Los espigadores y la espigadora") de acceso libre en la red: http://video.google.es/videoplay?docid=1757319964974802576.

7 Sindicato de Obreros del Campo. Ver http://www.soc-andalucia.com.

8 Coordinadora de Organizaciones de Agricultores y Ganaderos.

9 MARTÍNEZ ALIER, J. (2005) El ecologismo de los pobres. Conflictos ambientales y lenguajes de valoración. Barcelona: Icaria.

10 Ver MASJUAN, E. (2000) La ecología humana en el anarquismo ibérico. Urbanismo "orgánico" o ecológico, neomalthusianismo y naturismo social. Barcelona: Icaria. Este libro es reseñado por Pablo Romero i Noguera en este mismo número de (con)textos.

11 Can Masdeu es una antigua masía okupada en la sierra de Collserola dentro del límite del término municipal de Barcelona. En ella viven comunitariamente y -como ellos dicen- "rurbanamente" unas 30 personas y se desarrollan cada fin de semana multitud de actividades abiertas al barrio y la ciudad, relacionadas en su mayoría con la agroecología, el naturismo social y la autogestión colectiva de la vida. Se trata además de un proyecto muy vinculado con el barrio y que participa y sirve de nodo de muchas luchas sociales y de defensa del territorio. Ver http://www.canmasdeu.net/.

12 Se trata de un libro sobre distintas experiencias contemporáneas en el campo del activismo político agroecológico del que hablamos en algún momento off the record: LÓPEZ GARCÍA, D. & BADAL PIJOAN, M. (coords.) (2006) Los pies en la tierra. Experiencias y reflexiones hacia un movimiento agroecológico. Barcelona: Virus.

Boicot a Israel

LISTA DE PRODUCTOS A BOICOTEAR:
 

-FRUTAS:

Mangos y melones CARMEL.

Aguacate ecológico Ecofresh-Carmel.

 

-TECNOTRON: Fotomatones y otras instalaciones recreativas callejeras.

 

-NANAS: Estropajos jabonosos.

 

-PATATAS: Variedad Mondial, LZR (En Mercadona) variedad Vivaldi y Desiree.

 

-VINO: Carmel Mizrachi Wines, vinos de Israel.

 

-ESHET-EYLON: Clasificación automática de frutas.

 

-NETAFIM: Equipos de riego.

 

-MILONOT: Piensos para el ganado, Planta textil algodonera, Central de

mecanización del algodón, Matadero de aves, Envasado de frutas,

Procesado de frutas y hortalizas, Maduración y envasado de bananas,

Centro de proceso de datos…

 

-DÁTILES CARMEL: Jordan Plains.

 

-AGUA MINERAL EDEN: Garrafas para surtidores públicos.

 

-MENNEN: Sistemas de monitorización de pacientes en cuidados intensivos.

 

-COSMÉTICOS REVLON: En casi todas las droguerías y perfumerías.

 

-AHAVA: Cremas, sales, lociones.

 

-BAÑADORES GIDEON OBERSON y GOTTEX.

 

-ROPA INTERIOR VICTORIAS SECRET, WARNACO, THE GAP, NIKE.

 

-APARATOS DE AIRE ACONDICIONADO JOHNSON, WHITE WESTINGHOUSE, AIRWELL y ELECTRA.

 

-EPILADY: Máquinas de depilación y masaje.

 

-VEET: Cera de depilación.

 

-INTEL: El mayor fabricante de microprocesadores del mundo.Fue la primera empresa extranjera que abrió una sucursal en Haifa en 1974.

 

-EMBLAZE: Esta compañía israelí por primera vez estará en la prestigiosa lista de compañías como Nokia y otras que desarrollan teléfonos móviles. Emblaze actuará en conjunción con la israelí Partner Communications, que opera bajo el nombre de firma de Orange.

 

-RAFAEL: Sistemas de seguridad para el hogar.

 

-EMPRESAS EXTRANJERAS QUE APOYAN A ISRAEL: McDonald's, Timberland, Revlon, Garnier, Hugo Boss, Tommy Hilfiger, Calvin Klein, L'Oreal, Garnier…..

 

-JOHNSON & JOHNSON: En el 50º Aniversario de la Independencia de Israel, a Johnson & Johnson le fue concedido el mayor galardón, el Jubilee Award, en reconociemnto a su apoyo a la economía israelí.

 

-TELEFÓNICA: Adquiere gran parte de sus productos en Israel entre ellos, los multiplicadores de líneas, componentes para redes y sistemas de facturación de llamadas.

 

__________

SOMOS lo que hacemos para cambiar lo que SOMOS

Suicidios campesinos: No ver el año nuevo

Entre otras muchas personas que no han celebrado el año nuevo figuran todas las personas, principalmente hombres, del sector agrario que se suman a la vía rápida para solucionar sus problemas: cada año son miles los y las agricultoras que se suicidan. Así, directamente.

http://www.gara.net/paperezkoa/20090107/115114/es/No/ver/el/ano/nuevo/

 

El caso más conocido, y que tristemente aparece repetidamente en internet -aunque no en medios de comunicación más tradicionales-, es el de la India, donde desde 1997 se estiman en casi 200.000 las personas del campesinado que se han quitado sus vidas. ¿Qué les empujan a un acto tan decisivo y final? En la India hablan de endeudamiento crónico del campesinado, debido a rendimientos menores que los prometidos con semillas híbridas y transgénicas vendidas por empresas occidentales, mayores gastos por compras de agrotóxicos y fertilizantes minerales, precios irrisorios de las cosechas, etcétera, etcétera.

El suicidio agrario no afecta únicamente a la India, aunque allí destaca el alto número de personas muertas, sino que también caracteriza a las poblaciones agrarias de los otros continentes. Malas experiencias entre el campesinado dedicado a la producción de tomate generaron una oleada de suicidios en Ghana, no hace tanto tiempo. En el Norte, en países con una agricultura definida como «moderna» (léase tecnificada y controlada por empresas y bancos) como son Inglaterra y Gales, más de 700 agricultores (hombres) se quitaron la vida entre 1981 y 1993. En solamente 3 estados de los EEUU (Kentucky y las Carolinas), 645 agricultores se suicidaron entre 1990 y 1998. Uno cada 6 y 5 días, respectivamente.

En todos estos países la incidencia del suicidio en la población agraria es mayor que en la población en general. En China, el suicidio es tres veces más alto en las zonas rurales que en las metrópolis, en Grecia y Australia dos veces más. En Inglaterra las llamadas descritas como «desesperadas» a los servicios sociales de personas que habitan zonas rurales subieron en un 400% en el 2001. Algo pasa para que la población rural claudique ante el mundo en que vive.

A veces motivos «naturales» influyen en el suicidio: así en Australia se llegó a conocer el suicidio de un agricultor cada 4 días en 2006, arruinados por una larga sequía. En Gales e Inglaterra la debacle económica resultado de la fiebre aftosa generó suicidios. Pero, en general, las causas de los suicidios tienen mucho que ver con la codicia y la avaricia de un sistema económico que valora por encima de todo los beneficios económicos de unas pocas personas, implique lo que implique eso para el resto de la población, en este caso la agraria y rural. Obligar a las personas (por mil caminos mezquinos) a endeudarse en modelos agrarios controlados por tecnócratas, empresas o bancos, manipular el mercado fijando precios agrarios por debajo de sus costes de producción, echar violentamente el campesinado de sus fincas para subsistir únicamente en tierras marginales… hay personas sometidas a estos procesos que simplemente prefieren no ver el año nuevo.

Artigo da Revista caros amigos, Janeiro de 2009

MST: 25 ANOS DE TEIMOSIA

 

Em janeiro de 1984,   havia uma processo de reascenso do movimento de massas no Brasil.  A classe trabalhadora se reorganizando, acumulando forças orgânicas.  Os partidos clandestinos agora já estavam na rua, como o PCB, PcdoB, etc. Tínhamos conquistado uma anistia parcial, mas a maioria dos exilados tinham voltado.   Já havia se formado o PT e a CUT e a CONCLAT.  Amplos setores das igrejas cristãs ampliavam seu trabalho de formiguinha, de ir formando consciência e núcleos de base em defesa dos pobres, inspirados pela teologia da libertação.  Havia um entusiasmo em todo lugar, porque a ditadura estava sendo derrotada, e a classe trabalhadora brasileira está na ofensiva.  Lutando e se organizando. 

 

Os camponeses no meio rural viviam o mesmo clima e a mesma ofensiva.   Entre 1979 e 1984 se realizaram dezenas de ocupações de terra em todo o país.  Os posseiros, os sem terra, os assalariados rurais, perderam o medo.  E foram à luta.  Não queriam mais migrar para a cidade como bois marcham para o matadouro (na expressão de nosso saudoso poeta uruguaio Zitarroza).

 

Fruto de tudo isso  nos reunimos em Cascavel, em janeiro de 1984, estimulados pelo trabalho pastoral da CPT,  lideranças de lutas pela terra de dezesseis estados brasileiros.  E lá, depois de 5 dias de debates, discussões, reflexões coletivas,  fundamos o MST.  Movimento dos trabalhadores rurais sem terra.

Nossos objetivos eram claros.   Organizar um movimento de massas a nível nacional, que pudesse conscientizar os camponeses para lutarem por terra, por reforma agrária (significando mudanças mais amplas na agricultura) e por uma sociedade mais justa e igualitária.    Queríamos enfim combater a pobreza e a desigualdade social.  E a causa principal dessa situação no campo, era a concentração da propriedade da terra, apelidada de latifúndio. Não tínhamos a menor idéia se isso era possível.  E nem quanto tempo levaríamos na busca de nossos objetivos.Passaram-se 25 anos.   Muito tempo.  Foram anos de muitas mobilizações, muitas lutas, e de uma teimosia constante, de sempre lutarmos e nos mobilizarmos contra o latifúndio.

 

Pagamos caro por essa teimosia.  Durante o governo Collor,  fomos duramente reprimidos, com a instalação inclusive de um departamento especializado em sem terra na Policia Federal.    Depois com a vitória do neoliberalismo do governo FHC, foi o sinal verde para os latifundiários e suas policias estaduais atacarem o movimento.  E tivemos em pouco tempo dois massacres: Corumbiara e Carajás.   Ao longo desses anos, centenas de trabalhadores rurais pagaram com sua própria vida, o sonho da terra livre.

Mas seguimos a luta. 

 

Brecamos o neoliberalismo elegendo o governo Lula.   Tínhamos esperança de que a vitória eleitoral pudesse desencadear um novo reascenso do movimento de massas, e com isso a reforma agrária tivesse mais força de ser implementada.    Não houve reforma agrária durante o governo Lula.  Ao contrário, as forças do capital internacional e financeiro, através de suas empresas transnacionais ampliaram seu controle sobre a agricultura brasileira.  Hoje a maior parte de nossas riquezas, produção e distribuição de mercadorias agrícolas está sob controle das empresas transnacionais.   Elas se aliaram com os fazendeiros capitalistas e produziram o modelo de exploração do agro-negócio.    Muitos de seus porta-vozes se apressaram a prenunciar nas colunas de jornalões burgueses que o MST se acabaria.   Lêdo  engano.

 

A Hegemonia do capital financeiro e das transnacionais sobre a agricultura, não conseguiu, felizmente acabar com o MST.   Por um único motivo.  O agro-negócio não representa solução para os problemas dos milhões de pobres que vivem no meio rural.  E o MST é a expressão da vontade de libertação desses pobres.

 

A luta pela reforma agrária que antes se baseava apenas na ocupação de terras do latifúndio, agora ficou mais complexa.   Temos que lutar contra o capital.  Contra a dominação das empresas transnacionais.   E a reforma agrária, deixou de ser aquela medida clássica: desapropriar grandes latifúndios e distribuir em lotes para os pobres camponeses.   Agora,  as mudanças no campo, para combater a pobreza, a desigualdade e a concentração de riquezas, depende de mudança não só da propriedade da terra, mas também do modelo de produção.      E se agora, os inimigos são também as empresas internacionalizadas, que dominam os mercados mundiais.  Significa também que os camponeses dependerão cada vez mais das alianças com os trabalhadores da cidade para poder avançar nas suas conquistas.

Felizmente, o MST adquiriu experiência nesses 25 anos.  Sabedoria necessária para  desenvolver novos métodos, novas formas de luta de massa, que possam resolver os problemas do povo.

 

Joao pedro Stedile, membro da coord. nacional do MST e da via campesina Brasil


La konkista de la tierra

Gustavo Duch Guillot. Director de Veterinarios Sin Fronteras

¿Quieren un consejo? Compren un pedacito de tierra cultivable, como media hectárea al menos. A su alrededor construyan un muro enorme o bien una valla electrificada. Y tomen las medidas que la tecnología armamentista –siempre tan puntera– nos ofrece para defenderla. Porque llegarán para conquistarla desde todos los puntos cardinales. Terratenientes de la soya ávidos de ampliar sus pertenencias y sus negocios de alimentación de la ganadería intensiva, representantes gubernamentales de otros países que les ofrecerán oro y plata para asegurarse tierras productivas, empresas semilleras que buscan integrar todo el poder en la cadena agroalimentaria y, cómo no, petroleras reconvertidas al business de los agrocombustibles. Todos ellos contra su milpa, sus tomates o sus calabacines. La globalización capitalista contra el derecho a la alimentación.

 

Al menos ésta es mi conclusión después de devorarme (de todo nos tendremos que acostumbrar a comer) el informe ¡Se adueñan de la tierra!, que acaba de publicar la organización internacional GRAIN y que explica con detalle cómo en los años recientes la avidez por las tierras fértiles –un bien finito y agotable– se ha acelerado con consecuencias muy peligrosas para la soberanía alimentaria de los pueblos. Dos son los actores principales en el acaparamiento de tierras. El primero: un grupo de países (Arabia Saudita, Japón, China, India, Corea del Sur, Libia, etcétera) dependientes de la importación de alimentos hasta ahora, que analizando las crisis alimentarias y financieras saben que ya no se puede confiar en el comercio internacional de comestibles. El reciente ejemplo ha sido Corea del Sur, que de la mano de la compañía Daewoo Logistics ha comprado el derecho para los próximos 99 años de 1.3 millones de hectáreas de Madagascar, casi la mitad del tamaño de Bélgica. Y así tenemos que estos países (con acuerdos con multinacionales) controlan ya territorios en lugares como Uganda, Brasil, Camboya o Sudán, donde, por cierto, la alimentación de sus habitantes está realmente comprometida. El segundo grupo que acecha y adquiere tierras son los capitales financieros, las casas de inversión, los fondos de cobertura y el resto de la familia Monster. Para ellos el desplome de los fondos ligados a las hipotecas los obliga a buscar nuevos nichos de inversión. Y como ya conocen el sector agrario, donde su presencia comprando futuros en cereales disparó los precios de los alimentos, ven en la tierra cultivable un valor rentable y seguro. Las familias campesinas cuando miran la tierra ven un sustrato productor de alimentos, los especuladores ven cosechas que en la bolsa generarán rápidas ganancias y huelen los agrodólares de los nuevos combustibles. Unos datos publicitarios: la empresa BlackRock Inc, con sede en Nueva York, una de las mayores administradoras de dinero del mundo, con casi 1.5 billones de dólares en sus libros, acaba de crear un fondo de cobertura agrícola de 200 millones de dólares, 30 de los cuales se utilizarán para adquirir tierras en todo el orbe. Morgan Stanley (¿la rescatará el Departamento de Hacienda de Estados Unidos?) compró 40 mil hectáreas de tierras agrícolas en Ucrania. Una casa de inversiones rusa, Renaissance Capital, adquirió derechos sobre 300 mil hectáreas de tierras ucranianas, donde también Landkom, grupo de inversiones británico, compró 100 mil hectáreas y aspira a expandirlas a 350 mil para 2011.

 

Finalmente lo que tenemos es un conflicto entre la seguridad y la soberanía alimentarias. Los defensores del modelo de poner a producir las tierras desde los gobiernos, inversionistas o grandes corporaciones argumentan que se generan puestos de trabajo, que se hace rendir tierras ociosas y que se producen alimentos. Pero en ese análisis falta el principal elemento. La pobreza en el mundo reside en el campo, precisamente por modelos como éste, donde se agota a la tierra con exigencias atroces y se imposibilita a los campesinos y las campesinas el acceso y control de los recursos productivos, vivir de su trabajo agrícola y crear un tejido rural rico y vivo. Como explica el obispo Casaldáliga en Brasil (defensor de la teología de la liberación, les digo para que se sitúen, por si no conocen su trayectoria, que lo de ser obispo no es garantía de nada), cuando Colón llegó a América y el vigía gritó ¡tierra!, las carabelas ya iban cargaditas de latifundistas, corporaciones, especuladores, buscando exactamente eso: la konkista de la tierra, de la tierra cultivable.