Integrantes do MST ocupam fazenda do Grupo AraCruz
Cerca de 550 famílias do Movimento dos Sem Terra (MST) ocupam os 2,4 mil hectares da Fazenda Bela Manhã, pertencente ao Grupo Aracruz Celulose – próxima ao município de Teixeira de Freitas, – desde a madrugada de anteontem. Eles reivindicam a agilização dos processos de reforma agrária, ação que segundo suas lideranças foi prometida pelos governos estadual e federal.
De acordo com o diretor regional do MST, Uelton Pires, as ocupações fazem parte de uma programação que já dura sete meses. “Na primeira ação do nosso movimento, fizemos um acordo com o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) para assentar 1,5 mil famílias, mas esse processo não foi finalizado”, conta. Pires diz que o movimento conta atualmente com 800 famílias que precisam de terra para produzir e sobreviver. Ele conta que 250 delas estão instaladas na Escola Agrícola Estadual, em Teixeira de Freitas.
O diretor declara que o restante do grupo se reuniu para a ocupação da Bela Manhã. Ele afirma que a fazenda “é uma terra devoluta, de propriedade do Governo do Estado, explorada pelo Grupo Aracruz Celulose”. E acrescenta: soubemos também que há participação do Grupo Cafenorte LTDA. Indicamos nove fazendas da Aracruz para a desapropriação pelo Incra”.
Pires garante que a ocupação será mantida até que a fazenda seja desapropriada. “Os pais de família que estão aqui precisam desta terra para produzir e não desistirão de obter a sua posse.
Este será o abril vermelho. Faremos várias ocupações no Estado”, declarou. Um exemplo desta determinação é a integrante Ananile Silva, que ressalta as dificuldades causadas pela falta de um meio de subsistência.
“Tenho dez filhos, que precisam de uma terra para aprender a trabalhar”, argumenta. Ananile se queixa das condições de vida de um assentado, o que reforça a ansiedade em resolver a questão. “Debaixo desta lona é muito difícil. Espero ficar aqui.
O movimento é até divertido e nos dá uma expectativa de conseguir algo pelo qual sempre lutamos”, desabafa.
Funcionários da fazenda forneceram um telefone de contato com seus administradores, mas ao longo do dia de anteontem, a reportagem tentou falar com eles, sem sucesso.
