"Em nome do governo do meu país, eu quero pedir desculpas". Foi com essas palavras que o embaixador da Suíça, Rudolf Bärfuss, terminou a reunião com uma comissão de mulheres da Via Campesina ocorrida na manhã desta sexta-feira (07/04), em Brasília. O pedido foi direcionado a Íris Oliveira, esposa de Valmir Mota de Oliveira – conhecido como Keno, morto em outubro de 2007, durante um ataque armado à area de experimento transgênico da transnacional suíça Syngenta no Paraná, ocupada pacificamente pela Via Campesina como forma de denúncia.
Emocionada, Íris entregou uma carta (anexa) ao embaixador, exigindo que o governo Suíço ajude a punir a Syngenta pelo ato de violência e pelos crimes ambientais dos quais é acusada. "Peço que a embaixada se mobilize para ajudar a retirar a Syngenta do país e impedir que outros crimes como o que vitimou Keno voltem a acontecer. Ele foi morto de uma maneira covarde por jagunços que chegaram atirando violentamente", disse. Em resposta, Bärfuss afirmou querer que a Justiça brasileira investigue o caso "o mais rapidamente possível. "Irei acompanhar o caso para exigir uma resposta para tal crime, pois nada justifica uma execução como essa, da forma violenta como ocorreu".
Para Maria da Costa, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), o pedido de desculpas do embaixador não foi suficiente. "Queremos a responsabilização da Syngenta pelos crimes que ela comete no Brasil descritos na pauta de reivindicações. Em muitos lugares do país, as mulheres estão mobilizadas contra as transnacionais que massacram, violentam e assassinam homens e mulheres em todo o mundo. Queremos garantir que isto não acontecerá novamente".
Após o ato na embaixada suíça, as trabalhadoras seguiram para a frente da embaixada da Colômbia, onde fizeram uma vigília e entregaram ao embaixador daquele país uma carta de apoio ao povo colombiano, exigindo soberania e liberdade – principalmente "das inúmeras mulheres lutadoras mantidas como prisioneiras políticas pelo Estado ou por organismos por ele aparatados".
Por todo o país, as mulheres da Via Campesina seguem realizando ações durante a Jornada de Lutas para mostrar à sociedade a existência de um projeto alternativo de agricultura, baseado na produção familiar para o mercado interno, que respeite a biodiversidade.
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