MST entrega carta a Dilma com cobrança de desapropriações e Reforma Agrária

4 de fevereiro de 2013 Da Página do MST

A Direção Nacional do MST entregou à presidenta Dilma Rousseff, que visita o assentamento do MST Dorcelina Folador, no município de Arapongas (a 30 km de Londrina), uma carta com cobrança de desapropriação de terras e da realização da Reforma Agrária, na tarde desta segunda-feira (4/2).


Dilma pousou no campo de futebol do assentamento e foi recebida pelos dirigentes do MST João Pedro Stedile e Roberto Baggio e pela presidente da Cooperativa de Comercialização e Reforma Agrária União Camponesa (Copran), Dirlete Dellazeri. A carta tem 10 pontos, com propostas e cobranças de medidas do governo federal (leia a carta abaixo). Na carta, o movimento diz que "o governo precisa retomar a política de criação de assentamentos e fazer a Reforma Agrária. Muito pouco tem sido feito para democratizar a terra".

O governo Dilma é o que menos desapropriou imóveis rurais para fazer reforma agrária nos últimos 20 anos. Na primeira metade do mandato, apenas 86 unidades foram destinadas a assentamentos. Dilma supera só Fernando Collor (1990-92), que desapropriou 28 imóveis em 30 meses.

O movimento cobra um programa emergencial para assentar todas as famílias que vivem acampadas, em situação de extrema pobreza, com a desapropriação imediata de latifúndios em todo o país.

No documento, o MST afirma que a visita de Dilma ao assentamento Dorcelina Folador como "um reconhecimento da necessidade, importância e potencial da Reforma Agrária".

Dilma fará o o lançamento do Programa Nacional de Agroindústrias na Reforma Agrária e a inauguração da agroindústria da Cooperativa de Comercialização e Reforma Agrária União Camponesa (Copran).

O programa é uma demanda antiga dos movimentos do campo, que pretendem avançar na organização dos assentamentos em cooperativas e industrializar a produção, para agregar valor e gerar renda aos trabalhadores rurais. Depois de mais de um ano de pressão, o governo lança o programa.

Dilma deve chegar às 13h e visita o espaço de melhoramento genético e criação dos novilhos a pasto, na unidade de produção do leite. Depois, ela visita a agroindústria de produção e empacotamento de leite, queijos e iogurtes. Por fim, ela passa pela feira de produtos da Reforma Agrária, produzidos no Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo.

Dilma deve almoçar com uma comitiva, que terá a presença de 10 dirigentes do MST, que acompanharão a presidenta por todo o percurso da visita.O ato político de lançamento do programa está previsto para começar às 15h. A expectativa é que aproximadamente 6 mil pessoas participem da atividade.No final do ato, o integrante da Coordenação Nacional do MST, João Pedro Stedile, concederá uma entrevista coletiva aos jornalistas, ao lado da sala da imprensa instalada pela organização do ato.

 

Abaixo, leia a carta:

CARTA DA DIREÇÃO NACIONAL DO MST À PRESIDENTA DILMA ROUSSEFF

Arapongas/Paraná, 4 de fevereiro de 2013

Excelentíssima presidenta Dilma Rousseff,

a sua visita ao assentamento Dorcelina Folador, no município de Arapongas, na região de Londrina (PR), para a inauguração da agroindústria da Cooperativa de Comercialização e Reforma Agrária União Camponesa (Copran), é um reconhecimento da necessidade, importância e potencial da Reforma Agrária.

Os trabalhadores rurais estão fazendo muito pelo nosso país e podem fazer muito mais. Estamos muito longe do nosso potencial, que demanda uma ação forte, ampla e eficiente do Estado.

Em primeiro lugar, o governo precisa retomar a política de criação de assentamentos e fazer a Reforma Agrária. Muito pouco tem sido feito para democratizar a terra.

Em segundo lugar, os programas do governo para as famílias assentadas são conquistas importantes, no entanto, são muito burocráticos, não têm recursos suficientes tanto para cumprir seus fins como para a universalização.

Abaixo, apresentamos alguns pontos fundamentais para desenvolver o meio rural e combater a pobreza, fazendo a Reforma Agrária, agregando valor à produção dos assentados e gerando renda para melhorar a qualidade de vida do trabalhador rural.

1-Um programa emergencial para assentar todas as famílias que vivem acampadas, em situação de extrema pobreza, com a desapropriação imediata de latifúndios em todo o país. Só o nosso movimento organiza 90 mil famílias acampadas.

2-Garantir assistência técnica pública, programas de pesquisa e tecnologia para agropecuária.. Precisamos de uma empresa estatal de máquinas para a agricultura camponesa.

3-Política de crédito específica para as famílias assentadas, associada à produção agrícola diversificada e em bases agroecológicas e sem agrotóxicos e transgênicos, para promover uma agricultura sustentável. O Pronaf não atende as necessidades dos trabalhadores assentados.

4-Desenvolver políticas públicas para a cooperação agrícola, como mutirões, formas tradicionais de organização comunitária, associações e cooperativas, para aumentar a escala da produção.

5-Garantir a implementação de agroindústrias na forma cooperativa, sob controle dos agricultores e dos trabalhadores, para beneficiar os alimentos, agregar valor à produção e gerar renda, garantindo a oportunidades de trabalho para a juventude no meio rural.

6-Universalizar as políticas públicas de compra da produção de alimentos, de qualidade e saudáveis para atender a demanda dos municípios próximos dos assentamentos e as compras governamentais, para escolas e hospitais, fortalecendo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e os programas PNAE e PAA.

7-Universalizar o acesso à educação escolar de qualidade em todos os níveis, da creche à universidade e ensino técnico, com a construção e manutenção de escolas públicas e gratuitas, para aumentar o nível educacional dos assentados. Promover mutirão para erradicar o analfabetismo da população adulta.

8-Garantir a implementação do programa Minha Casa Minha Vida Rural, conforme sua determinação em abril de 2001 e até hoje não normatizada, para viabilizar a construção de moradias adequadas à cultura do meio rural.

9-Assentar as famílias sem-terra nos perímetros irrigados na região Nordeste, que serão beneficiadas com terra e acesso a água. Garantir abastecimento permanente de água potável nas comunidades rurais.

10-Fortalecer e universalizar o programa nacional para o desenvolvimento de técnicas de produção com base na agroecologia. Implementar um amplo programa de reflorestamento, para todas as áreas de Reforma Agrária, sob coordenação das mulheres, para recuperar as áreas degradadas e fontes de água destruídas pelo latifúndio.

DIREÇÃO NACIONAL DO MST

 

VEJAM VIDEO, de propaganda da COPRAN, nova cooperativa que inaguruou seu laticinuo no assentamento  DORCELINA FOLADOR

 

http://www.youtube.com/watch?feature=endscreen&NR=1&v=vqnx3EmYRws

 

 

DICURSO  DA PRESIDENTA DILMA  na inauguração do Lacticinio da COPRAN-  assentamento dorcelina Folador- arapongas- PR

 

Notem, que pelo discurso se compromete a que os assentados tenham acesso a construçao de casas (e faltam 150 mil) pelo programa minha casa minha vida,  acesso a outras politicas publicas.

E defende pelo menos que o ACESSO A TERRA É FUNDAMENTAL!.    

 

Vejam o vídeo na íntegra: http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=kp7niE4ZdVM#at=580

 

 

REPERCUSSOES NA IMPRENSA NACIONAL

 

1.PAGINA DA POLITICA NACIONAL  BRASIL 247      entrevista  Joao pedro stedile

 

http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/92605/Stedile-ao-247-%E2%80%9CReforma-agr%C3%A1ria-est%C3%A1-travada.htm

 

Publicado em 04/02/2013 – pargina do Paulo henrique amorim

2.Dilma vai a um assentamento.
Até que enfim !

O governo Dilma é o que menos desapropriou imóveis rurais para fazer reforma agrária nos últimos 20 anos.


A Presidenta Dilma Rousseff vai nesta segunda-feira a um assentamento no Paraná.

O Conversa Afiada recebeu o seguinte press-realease do MST:

A Direção Nacional do MST vai aproveitar a visita da presidenta Dilma Rousseff ao assentamento do MST Dorcelina Folador, no município de Arapongas (a 30 km de Londrina), para cobrar a desapropriação de terras e a realização da Reforma Agrária.

O MST entregará à presidenta uma carta de 10 pontos, com propostas e cobranças de medidas do governo federal. Na carta, o movimento diz que “o governo precisa retomar a política de criação de assentamentos e fazer a Reforma Agrária. Muito pouco tem sido feito para democratizar a terra”.

O governo Dilma é o que menos desapropriou imóveis rurais para fazer reforma agrária nos últimos 20 anos. Na primeira metade do mandato, apenas 86 unidades foram destinadas a assentamentos. Dilma supera só Fernando Collor (1990-92), que desapropriou 28 imóveis em 30 meses.

O movimento cobra um programa emergencial para assentar todas as famílias que vivem acampadas, em situação de extrema pobreza, com a desapropriação imediata de latifúndios em todo o país.

http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2013/02/04/dilma-vai-a-um-assentamento-ate-que-enfim/


 

 

 

A Folha de São Paulo

Folha, 05.02.2013  

MST critica política de assentamento da atual presidente

 

DO ENVIADO A ARAPONGAS (PR)

Antes do evento que lançou um programa do governo federal direcionado a assentados, o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra) distribuiu carta endereçada à presidente Dilma Rousseff com críticas a sua política de reforma agrária.

No texto, o grupo diz que "muito pouco tem sido feito para democratizar" a propriedade da terra no Brasil e que, apesar de os programas do governo para assentados representarem "conquistas importantes", são "muito burocráticos e não têm recursos suficientes para cumprir seus fins".

A carta, assinada pela Direção Nacional do MST, elenca ainda outras dez reivindicações, como um "programa emergencial para assentar as famílias acampadas". Dilma é a presidente que menos desapropriou imóveis para esse fim desde Fernando Collor (1990-1992).

No palco, durante a cerimônia, o representante que falou em nome do MST, Roberto Baggio, amenizou as críticas e elogiou a presidente, mas repassou algumas das reivindicações à Dilma.

"Nós gostaríamos que o Estado brasileiro conseguisse assentar todas as famílias que estão acampadas, nós gostaríamos que isso estivesse no horizonte do próximo período".

A presidente, contudo, foi aplaudida pelos assentados durante a cerimônia. Ao fim de seu discurso, parte deles cantou em coro "Dilma novamente", em referência à disputa de 2014, quando ela deve tentar se reeleger.

Fila de miseráveis vai ser zerada até março, diz Dilma

Dados oficiais do governo apontam que 600 mil famílias ainda vivem com menos de R$ 70 por mês

Presidente admitiu que cadastros do governo sobre pobreza estão defasados e que número de famílias é maior

 

PAULO GAMA

ENVIADO ESPECIAL A ARAPONGAS (PR)

A presidente Dilma Rousseff afirmou ontem que até março o governo terá retirado da extrema miséria todas as pessoas que vivem nessa situação no país e que estejam cadastradas pelo governo. Ela, porém, disse ter ciência de que há mais famílias nessa situação que não fazem parte das contas da União.

"Tiramos, entre 2011 e 2012, mais de 19,5 milhões de pessoas da pobreza extrema. Faltam, pelas nossas contas, muito pouco, mas as nossas contas estão incompletas."

E emendou: "Até o mês de março nós vamos zerar o cadastro, não vai ter mais ninguém abaixo da pobreza extrema, mas aí (…) temos de ir atrás dos que faltam, porque sabemos que faltam."

Dilma visitou assentamento do MST em Arapongas (330 km de Curitiba).

O governo considera extremamente pobres famílias com renda mensal per capita de até R$ 70 -cerca de 600 mil famílias, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social.

Reportagem da Folha de domingo mostrou que 13 mil famílias deixaram o cadastro em que constavam como extremamente pobres depois que passaram a receber R$ 2 do programa Brasil Carinhoso. Somados ao que já recebiam do Bolsa Família, esses recursos são suficientes para elevar a renda per capita a mais de R$ 70.

O cadastro ao qual se refere a presidente é o Cadastro Único. Atualmente, conta com informações de cerca de 21 milhões de famílias.

Para receber o Bolsa Família, por exemplo, a família deve fazer parte desse cadastro, que é consolidado pelo governo federal, mas abastecido pelas prefeituras. Ou seja, se o município não se mexe para localizar e cadastrar famílias pobres, o governo, em Brasília, nem fica sabendo se elas existem.

No mês passado, Dilma disse que acabaria com a pobreza extrema até o "início de 2014". De acordo com o Desenvolvimento Social, em 2003, antes do lançamento do Bolsa Família, havia 36 milhões de miseráveis.

O programa do governo Lula (2003-2010) tirou 17 milhões dessa condição, segundo dados do governo. Com o programa Brasil Carinhoso, que complementa a renda até que cada pessoa tenha mais de R$ 70 por mês, 16,4 milhões de brasileiros deixaram a extrema pobreza.

Ontem, durante o lançamento de um programa de estímulo à industrialização da produção agrícola de assentamentos, Dilma disse que seu governo está "acelerando os passos" para reduzir a desigualdade social no país. Ela visitou o assentamento Dorcelina Folador para lançar programa que vai investir R$ 300 milhões em projetos de industrialização da produção agrícola em assentamentos. Ela disse que um de seus objetivos é "criar uma classe média no campo".

Dilma vai usar BNDES na reforma agrária

 

FERNANDA ODILLA

DE BRASÍLIA

O governo quer intensificar o uso de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social em projetos de áreas desapropriadas para reforma agrária.

A iniciativa ocorre num momento em que Dilma Rousseff é criticada por movimentos sociais por ser um dos presidentes após o fim da ditadura militar que menos desapropriou terras, perdendo só para Fernando Collor.

No BNDES estão em fase de análise, aprovação ou contratação cinco projetos -no valor total de R$ 96,5 milhões- para os assentamentos.

Entre os projetos há duas propostas de R$ 30 milhões: uma de qualificação da estrutura produtiva de assentamentos gaúchos e outra de estruturação de empreendimentos produtivos coletivos.

Nos últimos quatro anos, o banco apoiou diretamente cinco projetos com R$ 16,2 milhões e indiretamente outras 50 propostas com R$ 6 milhões, em 19 Estados.

Em 2011, por exemplo, uma cooperativa ganhou cerca de R$ 800 mil para promover a inclusão de famílias assentadas na cadeia produtiva do café com insumos, máquinas e equipamentos, veículos e a construção de uma unidade de beneficiamento do café.

O BNDES diz que apoia projetos dos assentados em razão do grande número de beneficiados e de sua experiência na agropecuária.

Inaugurada ontem por Dilma, a usina de laticínios (iogurte, queijo, doce de leite) de uma cooperativa de mulheres do assentamento do MST em Arapongas (PR) é vista como um modelo. Ela obteve R$ 8 milhões do BNDES.

 

O Globo

Globo, 05.02.2013

 

Criticada, Dilma propõe parceria ao MST

Presidente pede que movimento ajude a cadastrar famílias pobres

 

Rogerio Fischer e Luciano Barros

ARAPONGAS E CASCAVEL (PR) Ao lançar ontem em Arapongas, no Norte do Paraná, o programa terra Forte, de apoio à agroindustrialização de assentamentos da reforma agrária, com investimento oficial de R$ 342 milhões, a presidente Dilma Rousseff propôs ao Movimento dos sem terra (MST) uma parceria para o cadastramento de famílias que vivem em extrema pobreza e que não têm acesso a programas como o Bolsa Família. Segundo o governo, são pelo menos 2,5 milhões de pessoas.

Em discurso para cerca de seis mil pessoas no assentamento Dorcelina Folador, em Arapongas, Dilma disse que nos dois últimos anos 19,5 milhões de pessoas saíram da extrema pobreza e que as demais famílias já cadastradas vão deixar essa situação até março.

– Peço aqui uma parceria com o MST no sentido de assegurar que nós cadastremos, no Bolsa Família e no Brasil Carinhoso, todas as famílias que ainda vivem na pobreza extrema no Brasil. Até o mês de março, nós vamos zerar o cadastro. No nosso cadastro não vai ter mais ninguém abaixo da pobreza extrema. Mas não podemos ficar satisfeitos apenas em zerar o cadastro. Temos de ir atrás dos que faltam. Ainda há famílias abaixo da linha de pobreza não cadastradas e muitos deles estão em assentamentos – disse Dilma.

Um pouco antes do discurso, a direção do MST entregou à presidente uma carta criticando a política de reforma agrária de seu governo. O documento diz que é necessário retomar a criação de assentamentos, e propõe a desapropriação de latifúndios e uma política de crédito específica para famílias assentadas. Em sua resposta, Dilma afirmou que, em seu governo, "a reforma agrária vai avançar".

Ela afirmou que pretende criar "uma classe média no campo" com investimentos em infraestrutura de produção e serviços básicos para os moradores:

– Vamos criar uma classe média do campo, uma classe média formada por pequenos proprietários, agricultores familiares e integrantes de assentamentos. Não há motivos para esse país, com a quantidade de riqueza que tem, ainda ter pessoas na pobreza.

Mais cedo, em visita ao Show Rural Coopavel, em Cascavel-PR, Dilma disse que, para funcionar, a reforma agrária depende do aporte de tecnologia.