10/04/2007
MST faz ocupações em todo o país para cobrar a realização da reforma agrária. Ahi va un reportaje de Brasil de Fato sobre el inicio de la semana de lucha del MST que culminará el Dia Internacional de la Lucha Campesina, el 17 de abril.
Seguindo as tradições do mês de abril, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) deu início às mobilizações em diversos pontos do país. Em Nova Santa Rita, na região metropolitana de Porto Alegre, cerca de 300 agricultores assentados ocuparam, na manhã desta quarta-feira (10), a Secretaria de Obras do município. Os trabalhadores cobram promessas da prefeitura em relação aos quatro assentamentos existentes na cidade.
"A pauta principal foi a questão da construção e melhoria das estradas dos assentamentos, o transporte escolar e a educação, a coleta do lixo, além de alguns convênios junto ao Governo Federal", esclarece Emerson Giacomelli, integrante do MST.
A Secretaria de Obras foi desocupada ainda pela manhã. Os agricultores conseguiram fazer com que a prefeitura liberasse as máquinas para a melhoria de estradas no assentamento Santa Rita de Cássia II, o mais recente.
A a prefeitura também se comprometeu a disponibilizar transporte escolar e fazer um roteiro para a coleta do lixo no assentamento. As demais comunidades também receberão melhorias nas estradas. O MST promete novas mobilizações caso a prefeitura não cumpra com o acordo.
Celulose
Na região de Sorocaba, no Estado de São Paulo, o alvo dos protestos é a transnacional Suzano Papel e Celulose. Cerca de 150 famílias acampadas do MST permanecem na área da empresa no município de Itapetininga, ocupada na manhã de domingo (8). O objetivo é denunciar a expansão da monocultura de eucalipto e reivindicar a aceleração do processo de Reforma Agrária no interior do Estado. O MST tem cerca de 4 mil famílias acampadas no Estado de São Paulo.
De acordo com a assessoria de imprensa do movimento, a criação de assentamentos está parada na região, enquanto as empresas avançam cada vez mais sobre as terras para ampliar a produção de eucalipto e cana-de-açúcar para exportação por meio da monocultura.
O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) já vistoriou quatro áreas na região, que foram consideradas improdutivas, mas até agora nenhuma foi destinada à reforma agrária. Das quatro fazendas, duas estão com processo parado em Brasília; uma na Justiça por causa de recurso do latifundiário depois da assinatura do decreto e outra depende apenas da assinatura do decreto de desapropriação pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No dia 13, as famílias farão uma marcha pela cidade e, às 14 horas, serão recebidos na Câmara Municipal de Itapetininga.
Demarcação de terras
No Piauí, a Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas, Comissão Pastoral da Terra (CPT) e Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf) ocuparam ontem, dia 9, o palácio do governo em Teresina. Os trabalhadores reivindicavam maior agilidade nos processos de desapropriação e demarcação de terras.
Os trabalhadores chegaram ao Palácio Karnak por volta das 11 horas e permaceram durante duas horas no jardim interno e na sala de reuniões. Os movimentos deixaram o Palácio Karnak depois que o secretário de Governo assumiu o compromisso de que seriam recebidos dia 10 pelo governador Wellington Dias (PT).
A Via Campesina Pará, coletivo camponês que o MST integra, dedicará quatro dias ao debate no mês de abril. A ação será desenvolvida em acampamentos em Belém e Eldorado. Entre os objetivos do acampamento, estão chamar atenção da sociedade para a violência e impunidade na luta pela terra, organizar camponeses, indígenas, quilombolas, ribeirinhos, pescadores, contra a implantação de grandes projetos na Amazônia.
A organização afirma que estão ameaçando o modo de vida da população na Amazônia a ampliação de monoculturas exóticas à região, como a soja, projetos de hidrelétricas e exploração mineral. Ao contrário do discurso de gerar emprego, renda e desenvolvimento, como dizem em suas propagandas, o saldo desses grandes projetos tem sido a destruição da floresta, a poluição de igarapés e rios, a prostituição e o inchaço das cidades, diz a Via Campesina.
Leonardo Boff, Rosa Acevedo Marin, Lourdes Furtado, Dom Erwin klautel, o procurador da República Felício Pontes e os dirigentes João Pedro Stedile Marco Antônio estão entre os conferencistas que debaterão sobre a biodiversidade e reforma agrária, a dinâmica do capital na Amazônia e projeto popular para o Brasil. A agenda da Via Campesina Pará inclui ainda conversa com representantes de órgãos públicos na esfera federal estadual, dos setores agrário, agrícola, pesquisa, meio ambiente, financeiro e extensão rural.
http://www.brasildefato.com.br/v01/agencia/nacional/sem-terra-iniciam-jornada-de-lutas
