Mulheres da Via Campesina são alvo de ação policial no Rio Grande do Sul
Com um mandado de busca e apreensão, policiais entraram na sede daAssociação de Mulheres Trabalhadoras Rurais, intimaram mulheres a depore levaram o que chamaram de "objetos utilizados em atos de vandalismo",o que incluiu documentos, passagens, talões de cheque e dinheiro. ViaCampesina denuncia arbitrariedades e irregularidades na ação.
Neste momento as mulheres da Via Campesina do Rio Grande do Sul estão
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destas mulheres contra o agronegócio e o deserto verde.
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PORTO ALEGRE – Oito mulheres integrantes da Via Campesina foram alvode uma ação policial, terça-feira (21), em Passo Fundo. Com um mandadode busca e apreensão, policiais entraram em uma casa onde funciona asede da Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais e apreenderam o quedenominaram de “objetos utilizados em atos de vandalismo”, o queincluiu computadores, documentos, passagens, talões de cheque edinheiro. As mulheres foram acusadas de participar da ação da ViaCampesina na empresa Aracruz Celulose, no dia 8 de março, em Barra doRibeiro.
Quatro delas prestaram depoimento à Polícia Civil. As demais assinaramum termo se comprometendo a depor nesta quarta. A polícia disse que sebaseou em imagens gravadas por emissoras de televisão durante a ação naAracruz para identificar as mulheres.
A Via Campesina divulgou nota nesta quarta denunciando a ação policialcontra as integrantes da organização. O texto diz que “está ocorrendono Rio Grande do Sul uma situação absurda em que o Estado, ao invés dedefender os interesses da sociedade, coloca todas as suas instituições,especialmente as forças de segurança pública, a serviço dos interessesdo grande capital”. “Querem transformar uma questão social num crimecomum”, acrescenta.
Para a Via Campesina, a manifestação das mulheres, no dia 8 de março,“teve como objetivo denunciar ao mundo os crimes ambientais e sociaisdas empresas que promovem o deserto verde, como a Aracruz”. “Elasagiram em defesa da vida, de uma forma de desenvolvimento rural, que sebaseia na agricultura camponesa, na reforma agrária, na preservação dabiodiversidade e na construção da soberania alimentar”, afirma ainda odocumento.
DENÚNCIA DE IRREGULARIDADES
A nota também denuncia irregularidades e arbitrariedades que teriamsido cometidas na ação policial, comandada pelo delegado Rudimar deFreitas Rosales. Isso demonstra, diz a Via Campesina, “que o objetivodas investigações policiais não é esclarecer fatos, e sim incriminarlideranças, e dessa forma negar a legitimidade da luta coletivarealizada por mais de 2 mil mulheres contra o deserto verde”.
Ainda segundo a nota, os policiais “chegaram por volta das 14h,arrombaram o portão, invadiram o espaço da Associação com armas de fogona mão e renderam sete mulheres e uma criança que ali se encontrava,encurralando-as para o espaço da cozinha”. “Sendo questionadas de formaveemente as mulheres não estavam entendendo o que estava acontecendo,pois os policiais não haviam se identificado e apresentado nenhummandado até aquele momento; somente após um tempo é que mostraram omandado de ingresso expedido pelo juiz Sebastião Francisco da RosaMarinho”, acrescenta.
Segundo a Via Campesina, as mulheres só tiveram permissão para contatarcom o advogado 1 hora e 20 minutos após o ingresso dos policiais nacasa. “A busca não se deteve à secretaria da associação, revirando todoespaço (cozinha, área de serviço, quartos, as sacolas das mulheres,espalhando tudo no chão)”, protesta a organização.
Os policiais levaram os CPUs dos computadores, CDs, disquetes,passagens urbanas e interurbanas, dinheiro, talões de cheque, todos osdocumentos da Associação, pastas com projetos e prestações de contas,cadernos e anotações. Além disso, afirma a nota, “a polícia invadiu,sem mandado judicial a sede da Associação Nacional de MulheresCamponesas, que funciona no andar inferior da Associação estadual e tementrada por outra rua”.
Na sede nacional, “os policiais humilharam a funcionária e uma mulherque estava no local, arrombaram gavetas, levaram dinheiro, passagensurbanas e interurbanas, CPUs, disquetes e CDs. E esse material foiapropriado pela polícia sem nenhuma ordem judicial”, protesta.
