Carta a sociedade

CARTA A SOCIEDADE
MST
Brasília – DF, 14 de outubro de 2002
"Povo que luta por terra onde há fartura,
Por paz sem fingimento, por vida partilhada…
Povo que espera colheitas mais serenas,
Verdades mais profundas, caminhos mais fraternos…"
 
 

Estimados Amigos e Estimadas Amigas,

É chegado o momento de fazermos algumas reflexões, que abrirão para o povo que luta, caminhos para chegar a vitória. Vitória essa, que deve ser compartilhada por todos e todas que acreditam num mundo de Justiça, Igualdade e Liberdade.

Busquemos fazer a reflexão, cuja realidade hoje, em nosso país passa por extremas dificuldades de compreensão de nossos governantes, em todos os setores de política social, principalmente na questão agrária.

Acreditamos que para a efetivação da Reforma Agrária brasileira, necessita-se de vontade política e de trabalhadores sem terra. Hoje temos no Brasil aproximadamente de cinco milhões de famílias sem terra, o governo federal propagandeia um elevado índice de famílias que já foram beneficiadas pelo programa de reforma agrária, porém estes índices são contestáveis.

O governo não tem efetivado a Reforma Agrária, o que tem sido feito são medidas paliativas para os casos de famílias de trabalhadores que se organizam em movimentos sociais de luta pela terra e que exigem terras agricultáveis para garantir a subsistência das famílias.

Nesses últimos anos, pouco se tem feito por parte do governo, mesmo através dessas medidas, pois há acampamentos de sem terra em todo o país, onde as famílias permanecem embaixo de barracas de lonas pretas, há vários anos.

Dentre esses movimentos sociais, está o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra -MST, que vem organizando as famílias há 18 anos, sendo uma das formas de luta, a ocupação de latifúndios que não cumprem com a sua função social.

No processo histórico da luta pela terra no Brasil, muitos conflitos entre trabalhadores e polícia aconteceram, em muitos casos deixando marcas de sangue na terra, sangue de pessoas que lutavam por uma vida digna.

Com estas palavras tentamos esclarecer a opinião pública e aos amigos da causa em geral que uma nova tática está se formando, a direita temerosa com as eleições, começa a fazer um jogo sujo, mostrando qual o seu verdadeiro projeto, a tática do governo neoliberal junto ao seu candidato do PSDB à Presidência da República, é incentivar uma associação da imagem de seu adversário, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, ele está afirmando também que o PT usa diferentes discursos para diferentes situações. "Tem o PT da televisão, o de quando está no governo e o do MST", disse ele.

Nos últimos dias, uma onda de despejos começou a acontecer do nada, acampamentos com mais de cinco anos de ocupação estão sendo despejados, o curioso é que estas áreas já estavam em negociação com o governo federal, segundo dados levantados pelo MST, os estados do PR, SP, RJ, ES, SE, PA e GO já sofreram despejos, uns como é o caso do Estado de Sergipe tem previsto 12 reintegrações de posse já anunciadas, sabemos que estes serão só o começo entre vários que estão marcados. Com estes despejos a tática é levar o MST ao enfrentamento e expor para a sociedade uma associação entre o MST e o candidato Lula. Esquecendo que por trás destes despejos existe u'ma história de luta, como no caso do Pará, acampamentos com mais de 5 nos, escolas e casas construídas, com o suor do próprio rosto, vêem em poucos minutos tudo acabar, isto nos mostra o caráter de quem pretende assumir a presidência da república.

Com isso o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra vem conclamar a todos que se indignem com esses atos de barbárie e divulguem a todos o plano sórdido do candidato da direita, para tentar submeter o povo brasileiro a mais 4 anos de escravidão, terminar de vender o Brasil e por fim transformar-nos no quintal ai.

MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA